Alimentação do gado é a grande dor de cabeça na agricultura

Apoios de 540 milhões já foram distribuídos aos produtores mais afectados pela seca.

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O Governo ainda não estimou os eventuais prejuízos que a seca possa ter causado LUSA/JOÃO COELHO

A alimentação dos animais é a maior dor de cabeça do Ministério da Agricultura face à seca extrema declarada na maior parte do continente. Um problema que levou já o Governo, com o apoio da União Europeia, a distribuir cerca de 540 milhões de euros em ajudas aos produtores mais afectados.

Segundo revelou ao PÚBLICO o gabinete do ministro Capoulas Santos, esta verba foi conseguida graças à autorização concedida por Bruxelas para proceder ao adiantamento do pagamento até 75% das medidas agro-ambientais e das medidas de apoio às regiões desfavorecidas e de 70% dos apoios comunitários directos.

Relativamente à campanha agrícola que se está a iniciar, em que antevê uma disponibilidade “muito reduzida” de alimentação para o gado, foi criada uma linha de crédito garantida, no valor de cinco milhões de euros, que foi colocada à disposição dos produtores pecuários.

O Ministério da Agricultura colocou também de forma gratuita cinco mil toneladas de ração à disposição dos produtores pecuários das regiões mais afectadas pelos incêndios e seca. Foram igualmente distribuídas aos apicultores 102 toneladas de açúcar para alimentar as abelhas destas regiões.

De acordo com o gabinete de Capoulas Santos, está em curso desde o ano passado, mas foi acelerada este Verão, a realização de diversos concursos para investimentos específicos em captação, distribuição e armazenamento de água nas explorações agrícolas onde a sua escassez compromete a alimentação animal. Foram já aplicados 14 milhões de euros de apoios públicos nesta medida.

“O Governo dispõe de um Plano de Prevenção, Monitorização e Contingência para Situações de Seca, aprovado pela Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, além de ter criado uma comissão específica para o sector agrícola, envolvendo os representantes dos agricultores, por forma a antecipar soluções para os problemas à medida que a situação evolui”, diz o Ministério da Agricultura, num texto de resposta a perguntas feitas pelo PÚBLICO.

O ministério ainda não avançou para o cálculo de uma previsão dos prejuízos que a seca poderá ter causado na produção agrícola, até porque os boletins do Instituto Nacional de Estatística (INE) não revelam “nenhuma situação de especial gravidade”.

Segundo o último relatório do INE relativo a Outubro, divulgado no dia 20 deste mês, as “culturas de regadio apresentam bons níveis de produtividade”. A maior parte das culturas está em linha com as médias de anos anteriores e, em alguns casos, até a aumentar. Em contraciclo encontram-se os soutos, “claramente afectados pela falta de precipitação, prevendo-se uma redução de 15% face à campanha anterior, com castanhas de menor calibre”.

No arroz, a falta de água disponível na bacia hidrográfica do Sado “conduziu a uma diminuição da área semeada, com implicações na produção alcançada, 10% inferior à média 2012-2016”. Quanto aos olivais, e apesar da seca, “a produção deverá ser próxima do normal, com os olivais intensivos a compensarem a menor produtividade dos tradicionais”.

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