Casa da Música dedica 2021 a Itália com uma gala de ópera de Verdi e Puccini

Luca Francesconi será o compositor em residência ao longo deste ano italiano, cuja programação abre a 15 de Janeiro com uma gala dirigida por Martin André e interpretada pela Orquestra Sinfónica do Porto, com a participação da soprano Daniella Schillaci e do tenor Angelos Samartzis.

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Paulo Pimenta

A Casa da Música vai dedicar o próximo ano a Itália, com uma programação que inclui uma gala de ópera com a soprano italiana Daniella Schillaci e o tenor grego Angelos Samartzis a darem voz a Verdi e Puccini. O italiano Luca Francesconi será em 2021 o Compositor em Residência na Casa da Música, no Porto, cabendo o estatuto de Artista em Residência ao premiado violoncelista francês Marc Coppey.

A programação para 2021, agora anunciada, arranca com um concerto de Ano Novo, no dia 8 de Janeiro, no qual a Orquestra Sinfónica do Porto irá ser dirigida por Martin André. Já a abertura oficial do ano de Itália –​ que revisita um país que já fora tema em 2013 e se segue a um ano da França comprometido pela pandemia – acontece no dia 15 de Janeiro com uma gala de ópera italiana a cargo da Orquestra Sinfónica do Porto, com a direcção musical de Martin André, a versar obras dos compositores Giuseppe Verdi e Giacomo Puccini, interpretadas pela soprano Daniela Schillaci e pelo tenor Angelos Samartzis.

Entre as novidades da programação contam-se a apresentação, no dia 17, do violinista e maestro Fabio Biondi, que ilustra a música milanesa com a Orquestra Barroca; a meio-soprano Christina Daletska, no dia 22, a cantar Luigi Dallapiccola; a integral das Sinfonias de Sibelius, dirigida por “reconhecidos especialistas”; e ainda o o regresso aos palcos das formações corais sinfónicas, no último trimestre do ano.

Ainda no dia 22, a pianista sérvia Tamara Stefanovitch apresenta, em estreia nacional, o concerto para piano de Luca Francesconi, ao passo que a violinista moldava-austríaca-suíça Patricia Kopatchinskaja se apresenta pela primeira vez na Casa da Música, a 29 de Maio, para interpretar o novo Concerto para violino de Luca Francesconi, em estreia absoluta.

Os ciclos dedicados à Música e Cinema (Invicta. Música. Filmes), Música e Revolução, e Música à Volta do Barroco ganham em 2021 dois novos blocos programáticos: Música e Mito, em Março, num encontro com Prometeu, Apolo, Siegfried ou Pélleas e Mélisande, e Música e Vinho, em Setembro, com propostas que juntam música e provas de vinho, ou dão a ouvir A Canção da Terra, de Mahler.

A Casa da Música assinala o 15.º aniversário da Orquestra Barroca com a Paixão Segundo São Mateus, de Johann Sebastian Bach, no dia 30 de Maio. E ainda no âmbito do ciclo Música à Volta do Barroco”, apresentará a 13 de Novembro o Requiem de Mozart, e nos dias 17, 18, 22 e 23 de Dezembro a “Oratória de Natal”, também de Bach.

Na Orquestra Sinfónica, o suíço Stefan Blunier assume o cargo de maestro titular e o pianista alemão Christian Zacharias o de maestro convidado principal, enquanto os maestros italianos Donato Renzetti, Tito Ceccherini e Carlo Rizzi se apresentam pela primeira vez na Casa da Música.

O violoncelo será o instrumento em destaque num grande ciclo de concertos, mas o violino desempenhará também um papel fundamental em 2021 ao levar à Casa da Música os virtuosos Benjamin Schmid, Ilya Gringolts, Viviane Hagner e Leticia Moreno.

O Ciclo de Piano traz novidades no feminino, com a participação das premiadas pianistas sul-coreana Yeol Eum Son (a 18 de Maio, para tocar Schumann e Chopin), e norte-americana Claire Huangci, a 17 de Outubro, para interpretar obras de Bach, Mozart, Chopin e Schubert.

Num programa em que participam os “pianistas mais reconhecidos da actualidade”, os consagrados instrumentistas russos Arcadi Volodos, a 23 de Fevereiro, e Grigory Sokolov, a 13 de Abril, serão as figuras de cartaz.

No que respeita à música contemporânea, o ano vai trazer “grandes nomes da composição”, com particular destaque para os compositores italianos e portugueses Luca Francesconi, Ivan Fedele, Francesco Filidei, Oscar Bianchi, Carlos Lopes (Jovem Compositor em Residência), Pedro Amaral, Luís Tinoco, Vasco Mendonça ou Luís Antunes Pena. Este último terá uma obra estreada pelo Remix Ensemble em Colónia, na Alemanha.

Destaque ainda para a obra de Luigi Nono, que vai ser alvo de uma retrospectiva no Festival Música e Revolução, que decorre nos dias 23 e 24 de Abril.

A música vocal estará entregue a nomes como Andreas Scholl, Chen Reiss, Katharina Konradi ou Hanna-Elisabeth Müller, entre muitos outros cantores do circuito internacional, bem como aos da mais recente geração de cantores portugueses, tais como Eduarda Melo, Tiago Matos, Marina Pacheco ou Raquel Camarinha.

A programação da Casa da Música realça ainda outras “escolhas criteriosas em função do repertório”, como é o caso da presença do trompetista Marco Blaauw, para a interpretação do Requiem de Hans Werner Henze, a 6 de Março, e do clarinetista Horácio Ferreira ou do pianista Roger Muraro, a 07 de Maio, para quem os compositores portugueses Luís Tinoco e Vasco Mendomça escreveram concertos.

Surpresa desta edição é o regresso aos palcos de Leopold Hager, a 30 de Abril. A pandemia levou-o a cancelar aquela que seria a sua última digressão, mas o maestro austríaco regressa agora àquela que é a sua especialidade: o repertório vienense, interpretando sinfonias de Mozart e Schubert.

Também o jazz terá presença assegurada na programação da Casa da Música, com propostas que incluem a organização do Ciclo Jazz e do Outono em Jazz. No âmbito do Ciclo Jazz, a Orquestra Jazz de Matosinhos encontra-se com a música de Ornette Coleman no dia 5 de Junho, propondo um conjunto de novos arranjos, através dos saxofones de Perico Sambeat e Ricardo Toscano. A 10 de Outubro é a vez de se apresentarem em palco Mário Laginha com a Banda Sinfónica Portuguesa, a que se seguirão, no dia 27 de Novembro, a Orquestra Jazz de Matosinhos com Rui Reininho.

“Nas actuais circunstâncias a palavra de ordem será como sempre adaptar, adaptar, adaptar, e ir ajustando a programação à evolução da situação, o que, no limite, levará à criação de conteúdos digitais para que possamos, mesmo à distancia, continuar a cumprir a nossa missão de serviço público num momento em que este é ainda mais necessário”, pode ler-se na mensagem de abertura da programação, assinada pelo director artístico, António Jorge Pacheco.

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