Pela primeira vez em quase uma década, há um caso de poliomielite detectado nos Estados Unidos

Caso terá sido importado e deriva de uma vacina oral dada em países com menores condições de água potável ou higiene.

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Em Portugal, não há registo do vírus desde 1987 JOSEPH J. ESPOSITO, F. A. MURPHY/CDC

As autoridades de saúde de Nova Iorque, nos Estados Unidos, confirmaram a detecção de um caso de poliomielite. É o primeiro caso da infecção, que afecta sobretudo crianças, em quase uma década. A última vez que tinha sido diagnosticado poliomielite no país tinha sido em 2013.

De acordo com os Centros de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, os primeiros exames sugerem que o caso diagnosticado tenha origem fora dos Estados Unidos. Em comunicado, o CDC aponta que a pessoa estava infectada com um poliovírus de tipo 2 derivado de vacina, que será proveniente de uma vacina oral contra a poliomielite usada em múltiplos países. Nos Estados Unidos, desde 2000 que não é utilizada esta vacina oral.

No comunicado não são dados detalhes sobre a idade do indivíduo ou o seu historial recente de viagens para fora do país.

“Estamos a monitorizar a situação de perto e a trabalhar com o Departamento de Saúde do Estado de Nova Iorque e os CDC para responder a este problema de saúde pública”, referiu Patricia Schnabel, comissária de saúde do condado de Rockland, onde foi identificado este caso.

A poliomielite é uma doença altamente infecciosa e que afecta sobretudo crianças com menos de cinco anos. Geralmente, a infecção é contraída através da ingestão de água contaminada, sendo que o vírus da poliomielite ataca o sistema nervoso e paralisa as crianças infectadas. Embora não haja cura, a poliomielite pode ser prevenida pela vacina.

Uma das vacinas utilizadas é oral. Esta vacina oral contém poliovírus vivos, mas enfraquecidos. Em locais onde os cuidados de higiene são mais limitados, estes vírus podem propagar-se de criança para criança, imunizando-as. No entanto, à medida que se propagam, os vírus da vacina podem recuperar a capacidade de paralisar. Estes casos são apelidados de poliomielite derivada da vacina – como o CDC assume que acontece nesta situação.

O CDC, que confirmou o caso, afirma que nenhum caso de poliomielite teve origem nos EUA desde 1979. No entanto, já houve situações em que o vírus foi trazido para o país por viajantes com poliomielite, como em 2013.

Os sintomas da pólio incluem sintomas semelhantes aos da gripe, como dor de garganta, febre, cansaço e náusea. Em relação a Portugal, não há registo de casos de poliomielite desde 1987, também devido às elevadas coberturas vacinais mantidas há décadas no país. Graça Freitas, directora-geral da saúde, alertava para a necessidade de estarmos atentos a novos focos de doenças, como a poliomielite.

No passado mês de Junho, já tinha sido detectado o vírus em amostras de esgoto em Londres (Reino Unido), mas nenhum caso foi encontrado no país. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde tinha anunciado a erradicação do tipo 2 do vírus de poliomielite e antes do tipo 3, mas ultimamente os casos de tipo 1 e derivados das vacinas têm aumentado.

No final da década de 1940, antes de as vacinas contra a poliomielite estarem disponíveis, os surtos deste vírus incapacitaram cerca de 35.000 norte-americanos por ano, especialmente crianças e habitantes de áreas onde o saneamento era precário.

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