Mais de 100 mil arménios já abandonaram Nagorno-Karabakh

Êxodo já levou mais de 80% da população de etnia arménia do enclave ocupado militarmente há quase duas semanas pelo Azerbaijão.

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Deslocados de Nagorno-Karabakh à chegada à Arménia EPA/ANATOLY MALTSEV
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O Governo da Arménia confirmou este sábado que mais de 100 mil pessoas já deixaram Nagorno-Karabakh, ou seja, quase toda a população de etnia arménia do enclave que foi ocupado militarmente há uma semana e meia pelo Azerbaijão.

Um total de 100.417 pessoas chegou ao território arménio através dos pontos de passagem estabelecidos, onde estão a receber cuidados médicos, de acordo com o porta-voz do Ministério do Interior, Nazeli Baghdasarian.

O Governo arménio está a oferecer alojamento a todas as pessoas que chegam do Nagorno-Karabakh, embora algumas tenham optado por ficar com os seus familiares ou amigos na Arménia, afirmou o porta-voz em comunicado divulgado pela agência noticiosa Armenpress.

De acordo com as estimativas de Erevan, cerca de 32.200 deslocados já aceitaram a solução de alojamento oferecida pelas autoridades arménias, enquanto as restantes estão em casa de familiares ou à espera. Os números estão em consonância com os apresentados na sexta-feira à noite pelo alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi.

Mais de 21 mil veículos atravessaram a ponte Hakari, que liga a Arménia ao Nagorno-Karabakh, desde a semana passada, disse Baghdasaryan, congestionando a sinuosa estrada de montanha que é a única via de acesso ao país vizinho.

Na quinta-feira, as autoridades arménias informaram que vão dar 100 mil drams arménios (cerca de 240 euros) a cada um dos deslocados do Nagorno-Karabakh, independentemente da sua idade, segundo um comunicado publicado pelo governo no seu site.

A partida de mais de 80% da população de Nagorno-Karabakh levanta questões sobre os planos do Azerbaijão para o enclave reconhecido internacionalmente como parte do seu território. O governo separatista da região, de etnia arménia, declarou na quinta-feira que se dissolveria até ao final do ano, após três décadas de luta pela independência.

O primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, afirmou que o êxodo em curso equivale a “uma acção directa de limpeza étnica e de privação da pátria”. Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão rejeitou veementemente a caracterização, afirmando que a migração em massa dos residentes da região foi “uma decisão pessoal e individual e não tem nada a ver com uma deslocação forçada”.

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