"Faço o que faço, quando quero e como me apetece. Não há outra maneira de ser Pedro Cabrita Reis". Deu-nos uma grande exposição retrospectiva, um "balanço interior", uma "enxurrada": juntou em Atelier 1500 obras de 50 anos de criação. São oito pavilhões, 3000 metros quadrados, da Mitra, em Lisboa, por conta de Cabrita.

Excessivo, ele? Sempre. Foram necessários três camiões TIR carregados, que fizeram duas ou três viagens entre o depósito e o lugar de exposição, para transportar todas as obras que ali poderemos ver até Julho.

 
           
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"Esta exposição é todos os quadros, todas as esculturas e todos os desenhos, e ainda tudo aquilo que eu não sei que vou fazer", diz ele a Luísa Soares de Oliveira numa entrevista sobre arte, mas também sobre vida. Em Cabrita, ambas confundem-se, misturam-se, roçam-se: a arte (ou a vida) pressupõe a festa, o convívio. "A construção da festa é o sentido, é uma ascensão a um estado perfeito de vida, que é a combinação de todos, dos outros e eu."

Atelier é "uma vasta exposição que é um auto-retrato polimorfo, múltiplo, excessivo, abrangente", escreve a Luísa na sua crítica, muito elogiosa (cinco estrelas). São 50 anos de produção artística de alguém com 67 e que pensa no seu legado – talvez um museu. "Quando eu tinha 16 anos, andava a pintar em telas esticadas pela minha mãe! Tive o privilégio de ter um atelier em casa. Tinha vontade de vir a ser artista, e nunca tive oposição por parte da família", lemos nesta entrevista.

Outra conversa imperdível: a de Vasco Câmara com Ken Loach, voz da consciência do cinema britânico que faz das imagens uma forma de luta. É assim desde que Loach faz cinema. Esse percurso, dos filmes para a BBC nos anos 1960 até aos nossos dias (a carreira acabou com O Pub The Old Oak, de 2023, garante ele nesta entrevista), estará em retrospectiva no Batalha Centro de Cinema, no Porto, a partir de sábado.

Em O Romântico, o novo livro de William Boyd, o herói vive em pleno o século XIX como um caçador de tempestades, participando nos seus momentos mais marcantes. O romancista reivindica "a liberdade que é negada ao biógrafo", como nos conta em entrevista.

Uma caixa de cartão ajudou a vocalista dos Portishead a desbloquear as suas canções sobre perda, luta, amor e a passagem do tempo. Daniel Dias deliciou-se com Lives Outgrown e conta a história desta notável estreia a solo de Beth Gibbons.

Também neste Ípsilon:

➢ Música: novos discos de Carlos Martins (que entrevistámos) e Kamasi Washington;

➢ Filmes: Daaaaaalí!, A Natureza do Amor, No Canto Rosa, e Graça;

➢ Livros: Faca, de Salman Rushdie, e entrevista com Wladimir Kaminer, um óptimo cronista russo em Berlim;

➢ Arte: 1975-1983, Júlia Ventura na Culturgest Lisboa;

➢ Teatro: Irmã Palestina, a segunda visita de O Bando às 1001 Noites, que junta João Brites e Olga Roriz.

Boas leituras!


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