A desculpa morre solteira?

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Ex-ministro da Administração Interna, ex-ministro da Obras Públicas, ex-figurão de Macau, ex-tipo rechonchudo, Jorge Coelho é um ex-ex-político com paragem em todas as estações e apeadeiros que levem um rapazinho da província até algum lado que se veja. Nascido em Santiago de Cassurães, Mangualde, a 17 de Julho de 1954, Jorge Paulo Sacadura Almeida Coelho (Olha, Paulo Sacadura não é só o Portas do relógio da troika, isto é muito pequenino…) nasceu com um dom: o de se dar bem com todo o género de amigos que se dão bem com ele desde que estejam de acordo no essencial que é, no fim, todos se darem muito bem na vida.

“Para a culpa não morrer solteira”, Jorge Coelho despediu-se do Governo de António Guterres no dia da tragédia de Entre-os-Rios (4 de Março de 2001, queda de ponte no Douro, morte de 59 pessoas) e foi construir pontes de negócios para a empresa Mota-Engil, antes do seu regresso para lançar no tabuleiro da política os pilares da estratégia eleitoral do PS e… chega de comparações fiadas, Jorge Coelho é o “homem do aparelho” e já está a escrever a estratégia eleitoral do PS para o século inteiro. 

A seguir, alguns extractos secretos que foram parar à agenda do ex-espião Silva Carvalho (o do escândalo da Ongoing, onde Coelho foi consultor) por influência facilitadora de Miguel Relvas, regressado do exílio no Brasil com imensas saudades de nortear a sua vida pela simplicidade da procura do conhecimento permanente:

“Caro Tó-Zé:
Antes de mais, obrigado pela confiança. Estou pronto a olear a máquina do PS e vou fazê-lo tão bem ou melhor, acredita, que o Miguel no PSD. Como disse ao Jornal de Negócios, “sou amigo há muitos anos de Miguel Relvas. E, quanto mais conheço a vida, mais acho que o sentimento mais profundo que pode unir as pessoas é a amizade e a solidariedade”. O mesmo serve para o Dias Loureiro, o Manel, amigo e sócio nesta existência terrena e a quem me unem, como dizer?, profundas profundidades solidárias. Quanto mais conheço a vida, mais me convenço de que é no conhecimento da história dos grandes homens que fizeram o Portugal de hoje (e o mundo!) que está a resposta contra a crise. 

Programa do Partido Socialista (Eleições Europeias, 2014)
Política monetária — A política de gestão do euro tem-se revelado desastrada e pouco realista pela União Europeia. Temos de ser mais ousados. Se o problema de Portugal, neste momento, como todos o admitem, é um problema de liquidez financeira (o dinheiro que circula não chega para nada), temos de recuperar o exemplo de Alves dos Reis, visionário do início do século XX que mandou imprimir muita moeda no estrangeiro, que lhe deu o suficiente para uma vida digna e solidária. O sentimento mais profundo que pode unir as pessoas é a amizade e a solidariedade.
Relações Internacionais e Investimentos nas Infra-estruturas Marítimas, Rodoviárias e Ferroviárias — É necessário aprofundar os laços com os nossos centenários parceiros, nomeadamente a Inglaterra, com quem Portugal assinou um dos mais antigos tratados comerciais, de amizade e cooperação do mundo. Um Governo PS deverá estudar e aprofundar o trabalho de Francis Drake, o corsário isabelino, e de Ronny Biggs, um dos divertidos (“assalto do século”…) empreendedores da tomada do comboio do Royal Mail, em 1958. Só com exemplos grandes conseguiremos fazer ainda melhor, em termos de negócio dos transportes, do que as velhas PPP, que já não são bem o que eram (mas ainda mantenho por elas sentimentos de amizade solidária).
Sustentabilidade dos Países do Sul — Os países do Sul da Europa em dificuldades devem dizer ao resto do continente que quem se mete com eles leva. O PS defende que, historicamente, nem sempre a mentalidade luterana, calvinista e pelintra do Norte triunfa e que muitas glórias e batalhas se desenvolveram, por exemplo, nos campos de França, Espanha e Portugal. Exemplo, realce-se o empreendedorismo de Napoleão Bonaparte e, em território de Portugal, de Junot e do general Louis Henri-Loison, mais conhecido por “O Maneta”, que sabia gerir a riqueza dos outros e multiplicá-la para si, e por quem tenho o sentimento mais profundo que pode unir as pessoas, que é a amizade e a solidariedade.
Relações bilaterais com os Estados Unidos da América — O PS deve explorar os seus laços históricos com a economia americana, com o seu sistema de checks and balances, mas sem deixar de apontar a dedo a tudo que ultrapasse uma visão equilibrada do que são negócios lucrativos e a relação com a Justiça. Para isso, deve envidar esforços para que fique de uma vez por todas esclarecida a culpa (ou inocência) de Alphonse Gabriel Capone (mais conhecido por Al), cidadão de Chicago que foi preso por fuga aos impostos e lá ficou na prisão. O mesmo se deverá pedir quanto ao caso recente de Bernard Madoff, que acabou condenado a 150 (!) anos de prisão, depois de imaginar o mais bem sucedido esquema financeiro em pirâmide dos últimos anos. É pessoa por quem sinto uma solidária amizade, e que mais levamos nós desta vida? 
Só assim a culpa não morrerá solteira. Depois mando mais ideias. Viva o PS. 
Jorge”

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