Aparecimento de epidemia e... progresso

“Aparecimento repentino e inesperado de uma coisa que atinge muitas pessoas ao mesmo tempo”, regista um dicionário sobre a palavra “surto”. Noutro, escreve-se: “Aparecimento de epidemia.” Exemplos: “Um surto de cólera” e “um surto de gripe”. Mas por agora é o da bactéria Legionella que preocupa os portugueses, sobretudo os cidadãos de Vila Franca de Xira.
Até quinta-feira, o número de doentes ia em 302 e já tinham morrido sete pessoas, segundo a Administração Regional de Saúde de Lisboa. Terá sido a de 18 Outubro que o primeiro infectado deste “surto” deu entrada no hospital.  A doença não é rara, mas o “surto” invulgar. Uma notícia do PÚBLICO dava conta de que, “entre 2004 e 2013, 1188 pessoas foram internadas — 86 delas morreram”. Desde 1977 que a maleita se designa “doença do legionário”, isto porque, no ano anterior, um grupo de legionários participou numa conferência, num hotel, em Filadélfia (EUA), e quase todos apanharam uma pneumonia severa. “Legionário” significa “soldado de legião”. 
A palavra “surto” (substantivo masculino) remetia inicialmente para “voo arrebatado de ave”, passando a ser usada como “arranco”, “ímpeto”, “irrupção”. Como adjectivo e no universo náutico quer dizer “fundeado”, “ancorado”.
Voltando ao substantivo, há outros sentidos, como “desenvolvimento rápido e fecundo”, “progresso”, “avanço”. O dicionário sugere uma frase: “A Finlândia viveu anos de um surto económico assinalável.” 
Não há notícia de que se corra esse risco em Portugal. 

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