Blindado conduzido por rapazes

Diz o dicionário que um “tanque” é “um carro militar de combate, blindado, com motor de explosão e que caminha sobre lagartas”; “capaz de fazer disparos a longa distância”. Não se explica quem os manobra ou conduz, mas podem ser jovens militares. Como os que Adelino Gomes e Alfredo Cunha quiseram homenagear no livro Os Rapazes dos Tanques, lançado na quinta-feira em Lisboa. Rapazes que souberam desobedecer e evitar que a história do 25 de Abril de 1974 fosse outra. “Foi a sapiência de evitar o primeiro tiro”, disse o coronel Matos Gomes na apresentação da obra. “A coragem foi maior que o medo”, sintetizou Amílcar Coelho, na altura cadete da Escola Prática de Cavalaria de Santarém. “Em vez de nos concentrarmos sempre nos capitães, fomos também aos furriéis e aos soldados que nunca ninguém tinha ouvido. Talvez isso não dê mais rigor à história, mas dá vozes mais próximas das pessoas. Não é a visão do militar profissional, há muitos milicianos, é um pouco o povo que está aqui, são pessoas humildes, o cabo, o condutor. Não tem representatividade. São os que estavam ali e os que nós encontrámos. [Os dos quatro carros de combate] eram 20 a 25. Desses, ouvimos nove. Não encontrámos mais nenhum”, disseram os autores do livro sobre “os rapazes dos tanques”. Então, também eles dois rapazes. O rapaz das imagens: Alfredo Cunha, 20 anos. O rapaz das palavras: Adelino Gomes, 29. Em sentido figurado, “tanque” também quer dizer “pessoa forte e robusta”. Nem sempre a vencedora.

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