Cor do sangue, da liberdade e do Benfica

Adjectivo e substantivo masculino, “vermelho” quer dizer “que tem a cor do sangue vivo”, “da papoila” e “do rubi”. Também se diz de “cantiga ou anedota picante”. Noutro âmbito, a palavra remete para “comunista”, “marxista” ou “socialista”, por extensão de “pertencente ou relativo à ex-URSS”. 
Há 40 anos, no dia 25 de Abril, Celeste Caeiro distribuiu cravos vermelhos pelas pessoas nas ruas. A flor e a cor tornaram-se símbolos da revolução que derrubou a ditadura e instaurou a democracia. Por isso também se associa “vermelho” à liberdade. 
Falando de bola, o “vermelho” (do Benfica) foi campeão nacional pela 33.ª vez. Se o Estádio da Luz já estava “rubro” durante o desafio, depois foi a vez de a cor “escarlate” invadir muitas ruas do país. Em Lisboa, até o Marquês de Pombal foi vestido de “encarnado”. E os títulos dos jornais também se coloriram: “Onda encarnada invadiu Marquês”, “Festa do 33.º título pintou o Marquês e o país de vermelho” e “Festa vermelha”.
Para sexta-feira, 25, estava prevista uma festa da mesma cor e no mesmo cenário, já não pelo esférico, mas pela democracia. No dia de fecho da Revista 2, não se podia saber se a multidão iria ser comparável à de domingo. Embora se desconfiasse que não. Perguntava José Vítor Malheiros no PÚBLICO de terça-feira: “Quantos adeptos deste ou de outro clube, loucos de alegria pelo resultado de um jogo que em nada modificaria a sua vida, estariam dispostos a sair à rua para defender o aumento do salário mínimo, o aumento das pensões, o fim das propinas ou o pleno emprego. Quantas destas pessoas virão para a rua no 25 de Abril gritar que não esquecemos a liberdade? (…)” 
Hoje já se sabe a resposta.
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