Jazigo de minérios e de mineiros

“Galeria subterrânea e estreita para trazer a água de uma nascente ou para a extracção de minérios.” Esta é uma das definições de “mina”. Outra é “jazigo de minerais”. Nesta semana, uma mina de carvão na Turquia, na cidade de Soma, tornou-se também jazigo de mineiros. Uma explosão, seguida de incêndio, matou 282 pessoas e deixou uma centena soterrada (números de quinta-feira). “Negligência”, acusaram os sindicatos, que disseram através de comunicado: “Centenas dos nossos irmãos trabalhadores em Soma foram deixados a morrer desde o início por serem forçados a trabalhar em processos de produção brutais, para a obtenção do máximo de lucros.” E apelaram à greve e ao luto.

Recep Tayyip Erdogan, primeiro-ministro turco, considerou que estes acidentes são “factos inerentes à profissão”. Foi investigar: “Estive a estudar a história dos acidentes. Houve 204 mortos num colapso de uma mina em 1838, e em 1866 outros 361 mineiros morreram na Grã-Bretanha. Numa explosão em 1894 foram 290 vítimas.” Tamanha sensibilidade estatística... enfureceu ainda mais os cidadãos. Chamaram-no “assassino”. Talvez Erdogan se sinta agora motivado para investigar os riscos e “factos inerentes” à sua própria profissão.

“Mina”, em sentido figurado, significa “o que dá riqueza”; “proporciona vantagens”. Se o dicionário misturasse o literal ao figurado, talvez criasse uma definição de “mina” semelhante a esta: “Lugar triste e perigoso de onde se extrai riqueza. Para outros.”

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