Ora pagas tu, ora pagas tu

Plural de “conta”, que tem vários significados, quase todos conhecidos. O mais comum é “operação aritmética para cálculo de um valor numérico”. Muitos “cálculos” se fizeram por estes dias, “à conta” do Orçamento do Estado ?para 2015. Já agora, Orçamento do Estado vem explicado no dicionário: “A conta da receita e das despesas públicas prováveis durante um ano económico.”

Sobre este orçamento em concreto, escreveu-se no PÚBLICO: “Orçamento do Estado quase não muda austeridade e confia na ajuda da economia”; “o défice estrutural, usado por Bruxelas para avaliar o esforço de consolidação orçamental, cai apenas 0,1 pontos percentuais”. Informou-se ainda que a pasta da Educação perderá 700 milhões de euros, os combustíveis vão ficar dois cêntimos mais caros, IVA e IRS vão ter de crescer 4,4% para a sobretaxa descer um ponto e carga fiscal atingirá novo máximo histórico.

Há muitas expressões curiosas onde as “contas” entram. Um exemplo bem apropriado é o de “deitar contas a”, que significa fazer “o cálculo ou o controlo de alguma coisa”. A frase registada adequa-se a grande parte dos portugueses: “Tenho de deitar contas às despesas, que o dinheiro é pouco.” Também se pode falar em “saírem as contas furadas”, ou seja, “não acontecer o que se esperava”.

Há uma expressão muito democrática, “as contas do Porto” (“à moda do Porto”, diz o povo). São aquelas em que “cada um paga a sua parte numa despesa comum”. Não se aplica ao Orçamento do Estado, onde há sempre quem se livre de pagar. Ora pagas tu, ora pagas tu.     

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