Supressões, ferimentos e parlamentos

Plural de “corte”, que significa, para o que nos interessa aqui lembrar primeiro, “diminuição da quantidade, restrição de despesas ou consumos, geralmente por razões económicas”. O dicionário repete uma frase que já todos escutámos demasiadas vezes. “Tiveram de fazer cortes nas despesas com pessoal.” Não dá exemplos de expressões com cortes em salários e pensões, mas certamente o fará em edições futuras.

Nesta semana, ficou a saber-se que as próximas “supressões” rumo ao valor do défice desejado (2,5% do PIB em 2015) incidirão “nos custos nos diversos ministérios, através de fusões e reestruturações de serviços e organismos”, “custos intermédios com comunicações, consultorias, pareceres e pelo efeito do programa Aproximar”, “diminuição do número de funcionários públicos através das aposentações e dos programas de rescisões amigáveis” e também “fusões e redução das indemnizações compensatórias no sector empresarial do Estado”. Informações de Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, para os “cortes” futuros. Sobre os do passado, feitos nos salários dos funcionários públicos e nas pensões, só se saberá se serão definitivos no final do mês.

“Corte” também quer dizer “incisão, golpe ou ferimento, mais ou menos profundo”. Sente-se na pele. O de rendimento, também.

Sinónimos de “cortes” (pronunciando-se com a primeira vogal fechada, “ô”): “Conjunto de pessoas que residem na corte e rodeiam habitualmente um rei”, mas também “Parlamento” e, ninguém diria, “curral”.

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