Uma palavra que veio de França

Nome feminino que se traduz por “acto ou efeito de deter(-se)” e “prisão provisória”. O dicionário dá um exemplo: “A detenção de suspeitos.” Não especifica se o “aprisionamento” se faz para interrogatório ou depois deste; se é praticado em aeroportos ou noutros locais; se é agendado para vésperas de encontros partidários ou se implica pré-aviso à comunicação social.

A “detenção” do ex-primeiro-ministro José Sócrates na noite de sexta-feira, 21 de Novembro, dominou a semana política e mediática nacional (com eco na imprensa internacional). A “prisão provisória” aconteceu no âmbito de um processo de investigação “de crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção”.

A par do ex-líder socialista, foram “detidos” Carlos Santos Silva (empresário e amigo), João Perna (motorista e talvez amigo) e Gonçalo Trindade Ferreira (advogado e certamente não inimigo). Três noites mais tarde, ficou a saber-se que Sócrates, o empresário e o motorista ficariam em prisão preventiva e que o advogado não poderia sair do país.

“As imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundamentadas”, disse o ex-primeiro-ministro ao PÚBLICO, através de uma carta ditada de uma cabine telefónica da prisão de Évora ao seu advogado, João Araújo.

O dicionário adverte que o termo “detenção”, quando usado nos sentidos de “prisão”, “cárcere”, “cadeia”, é galicismo. Ou seja, “palavra imitada ou tomada da língua francesa”. Pode muito bem ter vindo de Paris.

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