Entre Monty Python e Nanni Moretti

“Desculpe, são da Frente do Povo da Judeia? Vai-te lixar, somos da Frente Popular da Judeia!” Quase 40 anos depois, A Vida de Brian dos Monty Python continua a ter a melhor metáfora para a eterna divisão das esquerdas.

A três dias das legislativas, o debate que se faz à esquerda nas redes sociais gira em torno do apelo ao voto útil. E de quem é de esquerda e de direita. Exemplar o que a socialista Isabel Moreira escreveu no Facebook: “Votar PCP ou votar BE, é votar na coligação de direita. Não é nem patriótico, nem de esquerda”. Respondia o comunista Miguel Tiago: “PS aprovou código do trabalho; lei que permite a privatização da água, privatização da ANA, CP Carga, EDP, REN, (…) o PEC, o PEC2, o PEC3 e o pacto da troika, entre outras. E votar CDU é que é votar na direita?”. E circulava o lamento de Catarina Martins: “Era mesmo bom era que PS dissesse qualquer coisa de esquerda”.

Mais tarde, Moreira já apelava à convergência. “As várias esquerdas sempre se atacaram. (…) Nesse ataque mútuo, no qual o PS está historicamente incluído, tem de haver limites éticos. Este é o momento mais evidente da urgência desses limites. Perante o que a direita fez ao país, cada partido de esquerda que defenda o seu programa legitimamente, mas que, em nome do povo, dirija o seu discurso contra a coligação”, escrevia no Facebook. E depois apagava o post (só que nada se apaga verdadeiramente na web).

Talvez “qualquer coisa de esquerda” signifique isto: uma louca oscilação entre o frentismo e o fratricídio.

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