Figueira da Foz quer virar-se para o mar mas ainda tem dívidas para pagar

Debate com todos os candidatos à câmara municipal que já foi gerida pelo social-democrata e ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.

Foto
João Guilherme

É consensual entre todos os candidatos à câmara municipal nestas eleições. A Figueira da Foz tem potencialidades na área da Economia do Mar que estão longe de serem aproveitadas.

Num debate com todos os candidatos à camara da Figueira da Foz, o actual presidente da câmara e candidato João Ataíde (PS) lembrou que é necessário “encarar a questão da aquacultura” criticando o actual governo por causa dos tempos das licenças. Para a Figueira, a aquacultura tem sido “um negócio que só gera complicações”.

A questão dos desportos de mar e a inclusão da Figueira nos circuitos de surf e bodyboard, foi sublinhada por Ataíde mas também pelo candidato da CDU, António Baião, que, diz, “é preciso reaproximar a praia da cidade”. Da coligação Somos Figueira, Miguel Almeida (PSD/CDS), completou: “Devolver o mar à cidade não é só um projecto para o surf, é muito maior do que isso.” Para tal é importante reavaliar “a questão da acessibilidade marítima”, ou seja, o assoreamento à entrada na barra do porto.

O candidato do BE, Jorge Monteiro , propôs até a criação do pelouro do Mar na câmara da Figueira, caso seja eleito, realçando “a importância que o mar tem para” a cidade. Mas João Paz , que entra na corrida pelo PCTP/MRPP, relembrou a “destruição da frota pesqueira” após a entrada de Portugal na União Europeia e o “controlo que esta exerce” sobre as quotas de pesca.

Talvez não caiba à autarquia resolver todas estas questões, mas o candidato da coligação social-democrata perguntou, por fim: “Temos duas fábricas conserveiras na Figueira. Temos de promover o nosso produto.” Por exemplo, em plena campanha eleitoral, “em vez de oferecermos bonés e t-shirts, devíamos oferecer uma lata de sardinha”.

Durante o debate, o actual presidente João Ataíde, que quer ser reeleito, sublinhou que a sua candidatura é uma “solução de continuidade” para concluir “uma série de projectos” do seu primeiro mandato. Por causa da actual crise é preciso “cautela”, diz, “sob pena de estarmos a prometer aquilo que não podemos”.

Falando da “dinâmica empresarial do concelho”, Ataíde afirma que se “sente agora disponível para se dedicar” a esse projecto, como o do estaleiro naval da Figueira. Diz ter estado “ocupado a resolver o que era difícil: desmantelar processos complexos que não tinham pés nem cabeça e que podiam ter hipotecado a autarquia”.

Ao contrário do que diz Ataíde, o candidato do PSD e do CDS afirmou que “a situação do concelho não é a que é pintada: em todas as freguesias temos a sensação de que há um desleixo e não é só falta de dinheiro.” O presidente de câmara tem de se preocupar “com o buraco na estrada” e “com o lixo que cheira mal”, defendeu Miguel Almeida. Há  um “descuido em relação ao concelho”, disse, acrescentando que o voto na autarquia não deve ser para “penalizar o governo”, mas para escolher o que é melhor para a Figueira.

A CDU não duvida que o facto determinante para qualquer candidatura vencedora na Figueira é a alteração da actual “situação nacional” de crise. O concelho, lembrou o candidato António Baião, tem a maior taxa de desemprego do distrito, sobretudo jovem e feminino: “São cerca de sete mil desempregados. Essa é a nossa maior preocupação.” O seu sonho para a Figueira, se for eleito, é ver “uma cidade com zero desemprego, zero dificuldade de acessibilidades e que o hospital tenha todas as valências de que necessita”, uma vez que a maternidade foi encerrada.

Do BE, Jorge Monteiro sublinhou que a sua candidatura não é “contra o investimento privado” em si. Este tem de “ter regras, estar dentro da legalidade, e trazer valor acrescentado”. Deve trazer “garantias de emprego” e não ser feito à custa de “precariedade”. O importante não é ser “privado ou público, a qualidade do investimento é que interessa”.

Sugerir correcção
Comentar