Gatinhos a bombar

Euforia num lado, pânico no outro, arruadas reforçadas e o debate sobre as maiorias e o voto útil. Tudo assuntos repisados. And now for something completely diferent, uma polémica com gatinhos. Oh, e o que a Internet gosta de gatinhos!

Isabel do Carmo, cabeça-de-lista do Livre/Tempo de Avançar em Setúbal, explicava pela enésima vez, no sábado, à SIC, o seu passado de luta armada contra o Estado Novo enquanto fundadora das Brigadas Revolucionárias. Na peça, um excerto descontextualizado de um episódio: “Não tinha medo dos explosivos, mas tinha medo de gatos. E acontece que a garagem onde ia pôr explosivos tinha gatos. E então eu peguei naquilo e atirei lá para dentro para ver se me via livre dos gatos, fechei a porta, e tive muito mais medo dos gatos do que dos explosivos ou da PIDE”.

Não se percebia se Isabel do Carmo falava do armazenamento de explosivos ou de um alvo a atacar – a própria esclareceu depois que se tratava da primeira hipótese – mas um blogue de direitos dos animais decidiu que a candidata do Livre tinha confessado que matou gatos à bomba. Com um título incendiário, o artigo foi repartilhado às cegas nas redes sociais. Nascia um mito urbano.

Ironicamente, o líder do Livre, Rui Tavares, é um entusiástico amante de gatos que frequentemente partilha imagens dos seus animais. Tanto que, consciente de que o duelo entre donos de cães e de gatos é talvez a maior causa fracturante nas redes sociais, publicou no sábado uma fotografia de um cachorro. “Para não dizerem que só tuito fotos de gatos”, escreveu. Talvez seja melhor voltar agora aos gatinhos.

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