Jerónimo de Sousa teme mais abstenção provocada por maioria PSD/CDS e PS

Secretário-geral do PCP visitou a Lisnave, em Setúbal, e deixou críticas ao Governo mas também aos socialistas.

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Enric

O secretário-geral do PCP confessou esta quinta-feira temer uma elevada abstenção nas eleições autárquicas de 29 de Seetembro provocada por aquilo que considera ter sido uma traição aos votos protagonizada por PSD, CDS e PS.

"Esta particularidade, de muitos homens e mulheres sentirem-se quase traídos, de sentirem o seu voto enganado e esta pressão ideológica, de que eles não desistem e vão continuar a desferir esta política (...) pode levá-los à abstenção", admitiu Jerónimo de Sousa, salvaguardando a "participação sentida em todas as ações da CDU" (Coligação Democrática Unitária).

Aos portões dos estaleiros navais da Lisnave, em Setúbal, à saída do turno das 08:00-16:30, o líder comunista foi cumprimentando trabalhadores e ouvindo os seus lamentos relativamente aos baixos salários.

"Com a ideologia das inevitabilidades, os apelos à resignação, ao conformismo, houve muita gente que deixou de acreditar, particularmente aqueles que confiaram nos partidos que estão no Governo e no próprio PS", afirmou, lembrando que, "há quatro anos, a percentagem de abstenção foi de 50%, quase 60".

Jerónimo de Sousa teve ainda oportunidade de conviver com um jovem electricista e representante sindical, Vasco Olaio, militante comunista "há oito anos", como que passando o testemunho da sua experiência à frente do Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa, na década de 1970.

"Disse-me para continuar a luta porque é importante não deixar que o patronato nos passe a perna. Não podemos baixar os braços. Na minha empresa já fui alvo de um processo disciplinar, mas, felizmente, não me conseguiram calar porque ainda há leis a nosso favor. O problema é que os governantes estão, permanentemente, a tirar-nos direitos", contou o delegado sindical de 24 anos.

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