Marcelo lança Moedas para voos mais altos com Cavaco a ver

Presidente da Câmara de Lisboa apresentou livro sobre os primeiros dois anos na autarquia alfacinha. Membros do Governo e caras conhecias da AD apareceram em força.

Foto
Marcelo Rebelo de Sousa e Cavaco Silva com Carlos Moedas, no lançamento do livro do autarca TIAGO PETINGA / LUSA
Ouça este artigo
00:00
03:52

Carlos Moedas conseguiu nesta quinta-feira algo raro: juntar o ex-Presidente da República, Cavaco Silva, e o actual, Marcelo Rebelo de Sousa, na apresentação de um livro. E, no final, o actual até vaticinou, ainda que de forma muito indirecta, o presidente da Câmara de Lisboa a chefiar um Governo ou a residir em Belém.

Fazendo a comparação com apresentação do livro de Manuel Alegre, onde se percebia que a meta do “poeta” era o “firmamento”, o Presidente da República assumiu não saber ainda qual é a verdadeira meta de Moedas. Disse, porém, ter encontrado uma pista na obra do autarca: o facto de o prefácio ser assinado por Emmanuel Macron, Presidente de França. “[Carlos Moedas] ainda está longe do firmamento, mas está relativamente próxima uma meta, ainda que longínqua. E isso está na escolha do prefaciador. Ficamos a saber.”

Marcelo pareceu lançar Moedas para Presidente da República ou, tendo em conta que França tem um sistema presidencialista, para chefe de Governo.

Já Cavaco Silva não quis comentar as afirmações de Marcelo, mas saiu em defesa do Governo: “Deixem-no governar, deixem-no governar. Depois analisem e julguem. Depois vejam aquilo que ele fez em comparação com as promessas feitas na campanha eleitoral e em relação ao comportamento da oposição. O Governo tem apenas seis dias.”

Ao mesmo tempo, Cavaco Silva falou ainda sobre a entrevista de Pedro Passos Coelho ao Observador, em que assumiu que as divergências com o então Presidente da República nem sempre ajudaram. “Eu escrevi em detalhe, nas minhas memórias, o contributo decisivo que ele deu como primeiro-ministro para retirar Portugal da bancarrota, que tinha sido colocado nessa posição por um governo socialista. Em relação a tudo o resto, eu não li livros, eu não ouvi o que foi dito, e não é o meu hábito fazer comentários apenas com base nos títulos da comunicação social", respondeu.

Durante a apresentação do livro Liderar com as pessoas, em que Carlos Moedas faz o balanço dos dois primeiros anos à frente da Câmara Municipal de Lisboa, numa conversa com o jornalista e comentador Sebastião Bugalho, o social-democrata tinha recusado revelar se se recandidata à presidência da autarquia alfacinha em 2025. O autarca garantiu que “trabalha a pensar no presente” e que o seu futuro será seguramente a trabalhar para as pessoas.

Interrogado sobre se defende que a forma de impedir extremos políticos é integrá-los nas instituições, Moedas rejeitou esta hipótese. “Penso que historicamente isso nunca funcionou muito bem. Ao incluirmos os extremos os extremos comem-nos”, afirmou.

Moedas afirmou que tem medo “da extrema-esquerda e da extrema-direita” e considerou que “hoje o mais difícil é ser um político moderado”.

Quando Emmanuel Macron foi eleito Presidente francês pela primeira vez, em 2017, o agora autarca disse que era “uma lufada de ar fresco” na política. O chefe de Estado de França devolve agora os elogios em abundância nas palavras que escreveu na introdução da obra.

“O testemunho de Carlos Moedas, estou certo, servirá para encorajar e até formar as próximas gerações de cidadãos que queiram fazer viver os seus ideais. Que retenham o sentido do compromisso e a união entre liberdade e dedicação, que marcam toda a trama desta obra. Lisboa, as nossas duas nações e toda a nossa Europa precisam mais do que nunca dessa audácia e dessa coragem”, escreveu Emmanuel Macron.

O Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian contou no final da tarde desta quinta-feira com muitas caras conhecidas do PSD e do CDS, mas também de outros sectores da sociedade. Ministros foram cinco, incluindo Nuno Melo, também presidente do CDS. Dois antigos presidentes do PSD, Francisco Balsemão e Manuela Ferreira Leite, e a antiga presidente do CDS, Assunção Cristas, também marcaram presença.

De fora da política apareceram Manuel Luís Goucha, Tony Carreira ou Luís Represas. O livro Liderar com as Pessoas é editado pela Casa das Letras e custa 19,90 euros.

Sugerir correcção
Ler 22 comentários