Menezes garante que o seu projecto é compatível com a classificação do Mercado do Bolhão

O monumento foi este sábado visitado por dois candidatos. O ex-presidente Nuno Cardoso lamentou não ter feito a obra em 2001.

Foto
O mercado foi classificado como monumento de interesse público, na sexta-feira Paulo Pimenta

O candidato da coligação PSD MPT/PPM à Câmara do Porto, Luís Filipe Menezes, reiterou este sábado a intenção de manter o Bolhão como “mercado público e tradicional”, garantindo que o projecto aprovado respeita as normas da classificação do monumento.

Na sexta-feira, o Governo classificou o Mercado do Bolhão como Monumento de Interesse Público, destacando-o como “um dos espaços colectivos mais emblemáticos da cidade” e encerrando um processo iniciado em 1999. “Não sei o que é que descobriram ontem de especial porque a classificação de interesse como património público existe desde 1997”, respondeu Menezes aos jornalistas à margem de uma visita ao Bolhão.

Questionado sobre as críticas feitas sexta-feira pelo opositor independente Rui Moreira - que disse que a classificação do Bolhão torna “impossível” a concretização do projecto de Menezes - o social-democrata reiterou a postura de, desde o primeiro minuto, não criticar os adversários.

“Vou assim até ao fim. Podem-me criticar, podem-me dar caneladas, inventar coisas (...) Para mim, é para os portuenses que eu falo, é projectos que eu tenho mostrado com clareza, com sentido de responsabilidade, sem arrogância, com humildade”, disse apenas.

O candidato à Câmara do Porto – que na visita esteve acompanhado pelo cabeça de lista à Assembleia Municipal e ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco -- enfatizou que o projecto aprovado (pela Câmara e pelo IGESPAR há 13 anos), feito com base na classificação, respeita todas as suas normas.

Menezes recordou que “havia muita gente que queria fazer shoppings” no espaço comercial inaugurado em 1914. “Comigo o Bolhão é mercado público e tradicional, exactamente como foi no passado. (...) Não com 70 vendedores ou 80, mas com 400. Temos de revitalizar o Bolhão”, disse.

O social-democrata explica assim que este é o seu modelo para aquele espaço icónico da cidade, adiantando que o “projecto aprovado pode levar uns toquezinhos, umas pequenas alterações”. Menezes, que não escondeu o “incómodo” ao ver passar os turistas naquele espaço tão degradado”, considerou que todos são “responsáveis por ter deixado o Bolhão chegar a esta situação”.

Uma hora antes da passagem de Luís filipe Menezes pelo Bolhão, o espaço foi precisamente visitado por um ex-presidente da Câmara do Porto. Nuno Cardoso, que se candidata agora como independente admitiu que a recuperação do Mercado do Bolhão é a obra que mais lamenta não ter feito quando foi presidente, mágoa que carrega há 12 anos.

O independente explicou que “tinha o projecto feito em 2001, mas não tinha recursos para lançar a obra”. “Penso que no próximo ano arrancarei com a obra. É fundamental manter a alma do Bolhão, ou seja, as características e as pessoas que habitam ao Bolhão”, disse. Cardoso defende que a “obra deve ser relativamente simples”, adiantando que “gostaria de ter cobertura amovível para a proteger da chuva” e que “o ambiente de rua deve perpetuar-se”.

“Há 12 anos tínhamos a cidade em grande pujança de obras, estávamos a fazer o Porto 2001, Capital Europeia da Cultura, obras em todo o lado, não tinha recursos”, justificou. O ex-presidente da autarquia eleito pelo PS garante que não fará “estacionamento no Bolhão, porque ficaria caríssimo”, além de ser uma obra perigosa.

“Farei o estacionamento para o Bolhão no quarteirão da Casa Forte, que tem de entrar de imediato em recuperação”, disse, explicando que será criado um túnel a atravessar a Rua Sá da Bandeira e permitir ligação directa ao parque.

Para Nuno Cardoso, o tradicional mercado de frescos deve “ser a âncora fundamental”, acrescentando a necessidade de ter a “parte da restauração mais desenvolvida para que haja outras vivências no mercado”.

“Oito a 10 milhões chegam e sobram numa obra muito respeitadora da arquitectura, sem estacionamento. A única inovação é cobertura muito aligeirada, que possa ser retráctil, compatível com a classificação”, enumerou.

Na opinião do candidato independente, a classificação como Monumento de Interesse Público “é bem-vinda”, já que garante que não se vai dar cabo da alma do Bolhão, como se deu no Bom Sucesso, que “mais parece uma gare de aeroporto”.

Sugerir correcção
Comentar