Monárquicos defendem mutualização da dívida e querem Alemanha e França fora do euro

Nuno Correia da Silva é o cabeça de lista do Partido Popular Monárquico às eleições europeias, Gonçalo da Câmara Pereira o número dois.

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Nuno Correia da Silva e Gonçalo da Câmara Pereira juntos esta quinta-feira na apresentação da candidatura às europeias Rui Gaudêncio

Nem eurofanáticos nem eurocépticos, não defendem a saída de Portugal do euro e admitem a mutualização da dívida. Estas são algumas das propostas com que o Partido Popular Monárquico (PPM) vai a votos nas eleições europeias de Maio.

Nuno Correia da Silva, que foi candidato à presidência da Câmara de Lisboa nas últimas autárquicas, foi apresentado esta quinta-feira como cabeça de lista às eleições, seguido do histórico do partido Gonçalo da Câmara Pereira. Numa sala de um hotel em Lisboa, Câmara Pereira apresentou a candidatura de um partido “aberto à sociedade civil, da direita à esquerda” porque “a grande força do poder monárquico é representar maiorias e minorias igualmente.”

"Não somos eurofanáticos nem eurocépticos", disse Nuno Correia da Silva, perante uma plateia de cerca de duas dezenas de monárquicos. Embalados nas críticas à hegemonia da Alemanha, questionaram juntos como é que Portugal, “um país com 800 anos de história” e que ofereceu “novos mundos ao mundo”, está agora sujeito a restrições económicas e financeiras. “Que a nossa candidatura sirva para mostrar que é possível uma Europa das Nações”, disse Câmara Pereira. “Uma Europa justa e solidária”, acrescentaria Correia da Silva.

O cabeça de lista, que foi deputado pelo CDS durante o primeiro governo de António Guterres (1995/1999) e abriu caminho para o Partido Nova Democracia de Manuel Monteiro, admitiu “mecanismos de conversão das dívidas soberanas” e uma eventual mutualização da dívida numa lógica de “responsabilidade partilhada ” entre os Estados da União que permitiria aliviar os juros. Questionado pelo PÚBLICO sobre o manifesto dos 74 pela reestruturação da dívida, considerou que a sua “grande virtude” é mostrar que Portugal não consegue pagar a dívida e que na Europa “o problema de um é o problema de todos”.  

“A mutualização significa o aval de todos, mas não a desresponsabilização de quem a tem. Um país que não consegue pagar juros da dívida, não está a resolver, está a acrescentar dívida à dívida”, explicou o candidato.

A permanência de Portugal no euro não suscita dúvidas ao PPM. Se a adesão foi “leviana”, a saída de Portugal da moeda única acrescentaria apenas incerteza às famílias, que veriam os créditos duplicados. Em alternativa, propõem a desvalorização da moeda, empurrando as economias periféricas para o tabuleiro da competitividade e expulsando os “chamados donos da Europa”.

“Quem tem de sair do euro é a Alemanha e a França, não somos nós. É ao contrário”, afirmou Nuno Correia da Silva. Como prioridades, defendeu a criação de uma “pensão social europeia” financiada por impostos indirectos sobre o consumo para aliviar a tributação sobre os salários e um fundo de resgate para as famílias sobre endividadas.

Com uma votação de 0,4% nas últimas europeias, estabeleceu o combate à abstenção como uma "missão" e não deixou de antecipar a resposta aos críticos: “Vão dizer que somos conservadores, de direita, populistas (…) Não nos identificamos com a esquerda mas também nada temos a ver com a direita que se agiganta perante os fracos e se encolhe perante os fortes”.
 

   

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