Multas, centro histórico, contas e pobreza no centro do debate em Almada

Debate com todos os candidatos.

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Almada esteve em debate João Catarino ilustração

Todos os candidatos à Câmara de Almada parecem concordar que o município tem finanças saudáveis, mas ainda assim o actual executivo da CDU mereceu críticas durante o debate que juntou na noite de quarta-feira todos os rostos da corrida eleitoral.

Falta de transparência em processos burocráticos e na atribuição de subsídios, assimetrias sociais, pobreza, abandono do comércio tradicional e excesso de multas de estacionamento foram algumas dos temas quentes.

O candidato da CDU, Joaquim Judas, começou por deixar claro que, apesar de também sofrer os efeitos da crise, o município tem as “contas certas” e “paga aos fornecedores a tempo e horas”.

Sem negar a boa situação financeira do município, o candidato do PS, Joaquim Barbosa, colocou a tónica no apoio às famílias e defendeu a redução do IMI. “A primeira prioridade é o apoio às famílias. Há situações no concelho que envergonham, as famílias estão muito desprezadas, os idosos a viver sozinhos”, afirmou.

Também o candidato do PSD, António Neves, admitiu que “nunca” pôs em causa as contas da Câmara, mas relevou que tem “outro tipo de preocupações”: “Temos um concelho pobre, uma situação social muito complicada”, disse, frisando é necessário, por exemplo, apoiar mais os idosos e quem tem “problemas graves de habitação”.

As críticas à falta de transparência na atribuição de subsídios chegaram através do candidato do CDS-PP, Fernando Sousa da Pena, que acusa o actual executivo CDU de ter como critério “o mérito partidário”.

“Se a saúde financeira significa gastar mal o dinheiro das pessoas, não adianta de nada”, disse, acrescentando ainda que Almada tem “desperdiçado” fundos comunitários. Para este candidato, o concelho precisa de criar mais riqueza: “Temos de ter ideias inovadoras, atrair pessoas com capacidade empreendedora, e ter um sistema fiscal atractivo”, defendeu, frisando que tem de haver “mais transparência e agilidade nos processos burocráticos”.

A candidata do PAN, Sofia Silva, também entende que “é preciso levar empresas inovadoras para Almada”, mas diz que o programa do seu partido tem sobretudo preocupações com o “bem-estar das pessoas” e não com o lucro.

Ainda sobre as contas do município, o candidato do PCTP/MRPP, Domingos Bulhão, ironizou que “no tempo do Salazar as contas também eram muito certinhas e o povo estava com fome”: “Prefiro ter dívidas controladas e um concelho mais desenvolvido”, defendeu. E aproveitou o debate para pedir uma “derrota nas urnas” aos partidos do Governo: “Como podemos desenvolver a economia do nosso concelho com este governo criminoso?”, questionou.

O candidato da CDU não negou as críticas segundo as quais Almada tem “desigualdades profundas”: “Reconheço-o”, disse, frisando que uma das prioridades passa por “desenvolver uma política que possa criar emprego”.

A diminuição das desigualdades é também uma prioridade para o BE: “É preciso diminuir as assimetrias entre as freguesias urbanas e rurais”, disse Joana Mortágua. A candidata garante que há zonas do concelho em que “não há agua canalizada nem saneamento”: “Temos de dizer que vivemos num concelho onde toda a gente tem água canalizada”, disse.
“Dinamizar a economia local” e “criar emprego” são outras das prioridades e, para tal, defende que se aposte no apoio social, de forma a, por um lado, dar respostas a quem precisa e, por outro, criar trabalho.

Joana Mortágua também defende um projecto de reabilitação urbana, através do qual a câmara fique detentora de imóveis devolutos, que os proprietários não conseguem recuperar, reabilitando-os e arrendando-os até pagar o investimento. Posteriormente seriam devolvidos aos proprietários ou não, admitindo, em casos pontuais, a expropriação.
Comércio local e multas

Sobre o tema do comércio tradicional que está a sofrer, entre outros aspectos, com a concorrência da grande superfície que existe em Almada, António Neves, candidato do PSD, disse ser urgente um “plano de recuperação”, que passe pela revisão de horários e pela questão das acessibilidades e do estacionamento.
Fernando Sousa da Pena também acusou o actual executivo da CDU, “que se diz anticapitalista”, de ter em Almada um centro comercial que é um “antro de capitalismo que destruiu o comércio local”.

Domingos Bulhão levou ainda ao debate a questão do excesso de fiscalização da Ecalma – Empresa Municipal de Estacionamento e Circulação de Almada. Acusou a empresa de levar a cabo uma verdadeira “caça à multa” e não esteve sozinho nessa crítica. António Neves também assumiu a intenção de extinguir a empresa municipal.

Já Joaquim Barbosa considerou que a questão “não se resolve com extinção de serviços”, mas com procedimentos e regulação diferentes. Sofia Silva também considera que a empresa municipal não deve ser extinta. Assim como Joana Mortágua que, embora reconhecendo que existe uma “caça à multa”, defende que “é preciso que Almada se reconcilie com a Ecalma”.

Para a candidata do BE, a questão não passa tanto por quem faz a fiscalização mas como é feita, sendo necessário “rever esse funcionamento”.

Fernando Sousa da Pena recordou que o CDS “foi contra a criação da Ecalma” que considera “mais uma agência de emprego para os clientes do partidos” e defende que, “com os mesmos custos”, se pode “ter um corpo de polícia municipal com competências acrescidas” não só na questão do estacionamento, como também do ruído, do ambiente e da segurança.

Continuador do legado da CDU, Joaquim Judas garantiu que tem também como bandeiras a aposta no transporte público e a luta pela manutenção das onze freguesias no concelho, dinamizando os centros destas localidades.

 

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