O presidente cessante da Câmara de Vila Nova Poiares e mais antigo autarca do país, Jaime Marta Soares (PSD), acusou neste domingo o Governo de enveredar por um caminho liberal ao cortar no rendimento do trabalho e nas pensões.

“Isso são atitudes de um liberal e não de um social-democrata”, proferiu esta manhã no seu último acto público como presidente daquela autarquia, numa sessão em que participou o secretário de Estado do Desporto e Juventude, que inaugurou a primeira fase do Estádio Municipal de Poiares.

O mais antigo presidente de câmara de Portugal, no poder há 39 anos, disse não concordar “minimamente” com o caminho seguido pelo Executivo, frisando que “um Governo social-democrata não define uma estratégia de diminuição da despesa pública com cortes no rendimento dos trabalhadores nem nas pensões”. Para Jaime Marta Soares, “um partido social-democrata nunca envereda por este caminho”.

“Os trabalhadores, já de si, não têm salários correspondente à mais-valia do seu trabalho e, no corte das pensões, é inadmissível que um cidadão tenha andado ao longo dos anos a considerar que o Estado é pessoa de bem e tenha feito os seus descontos para ter uma velhice equilibrada e digna, e depois seja sujeito a isto”, enfatizou.

O decano dos autarcas portugueses salientou, no entanto, que algumas das decisões estão relacionadas com o “legado que o Governo recebeu dos que o antecederam, nomeadamente o último do PS”, mas também do que considera “uma má companhia para o PSD que é estar em coligação com o CDS”.

Jaime Soares presidiu hoje ao último acto oficial como presidente da autarquia, com a inauguração da primeira fase do Estádio Municipal, orçada em cerca de um milhão de euros, que inclui um campo de futebol de relva sintética, uma bancada com capacidade para cerca de 500 pessoas e balneários.

Nas eleições autárquicas de 29 de Setembro, João Miguel Henriques, do PS, foi eleito presidente da Câmara de Vila Nova de Poiares, obtendo três dos cinco lugares na vereação.

Jaime Soares foi um dos “dinossauros” que não se recandidatou nestas eleições devido à lei de limitação de mandatos. O autarca cessante foi presidente da comissão administrativa que liderou o concelho entre 1974 e 1976, tendo vencido todas as eleições com maioria absoluta desde 1976.