“Obstinado e orgulhoso”, Montenegro não é diferente de Costa, Pedro Nuno ou Sócrates, diz Ventura

Líder do Chega critica primeiro-ministro por recusar diálogo e depois pretender que os outros partidos aprovem os diplomas do Governo e do PSD.

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NUNO VEIGA / LUSA
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Sem meias palavras, André Ventura fez este domingo fortes críticas a Luís Montenegro, de quem disse ser "obstinado e orgulhoso" por não querer qualquer acordo com o Chega mas pretender que a bancada de 50 deputados aprovem os diplomas do Governo e do PSD. E acusou o presidente do PSD de querer governar "fugindo às promessas que fez na campanha aos portugueses de que ia baixar impostos, ser firme na imigração, duro na reforma da justiça contra a corrupção", mas depois "mandou Joaquim Miranda Sarmento dizer que afinal não há dinheiro". "Não é muito diferente de António Costa, nem de Pedro Nuno Santos, nem de José Sócrates."

Numa conferência de imprensa na sede do Chega convocada para falar sobre o ataque a imigrantes argelinos do Porto - e em que anunciou que vai pedir a presença da nova ministra da Administração Interna no Parlamento -, André Ventura lamentou que dois meses depois das eleições o primeiro-ministro ainda não tenha "dado um sinal de controlo da imigração", apesar de no debate da campanha eleitoral ter dito que "o controlo da imigração seria uma prioridade". "Mas continuamos nas mesmas regras do PS..."

"Já levou medidas fiscais e de mobilidade [ao Parlamento] mas de imigração zero. Parece que quer manter a mesma política de imigração do PS. Depois não se venha queixar que as alianças são negativas ou positivas", avisou.

Ventura classificou de "patética" a acusação de que se juntou a Pedro Nuno Santos e considerou que essa ideia mostra a "a incapacidade de governar do primeiro-ministro". Lembrou que na noite das eleições desafiou Montenegro para uma aliança, mas que foi o líder social-democrata que recusou. "Disse que não: 'sozinhos continuaremos e governaremos'. E agora vem queixar-se que não consegue aprovar nada na Assembleia da República."

"O mesmo primeiro-ministro que não quis acordos, diálogo nem conversas, quer agora que os outros partidos digam 'Ámen' às suas propostas sem compreender que esses partidos também têm um programa eleitoral e ideias políticas." Ventura contrariou ainda o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, que disse que o Chega "faltou à palavra nos acordos que fez no Parlamento". O presidente do Chega devolveu a acusação ao Governo porque, disse, "os acordos que quis fazer com o Chega nada tinham que ver com as promessas eleitorais do partido e com as da própria AD".

E deu exemplos: nas portagens não disse qualquer data para a abolição, no IRS apresentou uma proposta que "beneficiava os mais ricos e continuava a penaliza a classe média e os que ganham menos". E agora há as questões do suplemento para as forças e serviços de segurança e da contagem do tempo de serviço dos professores. "PSD só quer acordos para aprovar as suas medidas. (...) Se querem governar obstinadamente com cortes não contam connosco."

E devolveu uma outra acusação. Lembrou que foi o PSD que procurou apoio no PS para eleger o presidente da Assembleia da República para provocar: "Então do que se queixam? (...) Entendam-se os dois. Criem o vosso governo de bloco central porque com o Chega não contam."

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