População do Ourondo continua a contestar agregação da sua freguesia

Depois do boicote na semana passada, eleições voltam a repetir-se neste domingo.

A população do Ourondo, Covilhã, onde neste domingo se repetem as eleições para as autárquicas, realizou, ao final da manhã, uma manifestação pacífica contra a agregação da freguesia.

Ao som de bombos, a cantar o hino do Ourondo e empunhando a bandeira da freguesia e as bandeiras das associações, várias dezenas de pessoas percorreram a principal rua da localidade ao mesmo tempo que gritavam palavras de ordem como "o Ourondo é nosso" ou "não nos tirem o Ourondo".

A marcha foi acompanhada pela GNR, que está na localidade desde sexta-feira, o que não agradou a alguns dos populares que, todavia, não causaram quaisquer incidentes.

Ao contrário do que aconteceu na semana passada, quando ao final da missa os populares destruíram a mesa e urna de voto, desta vez os manifestantes (também se reuniram ao fim da celebração eucarística) mantiveram a distância regulamentar e ficaram à entrada do pátio da escola, onde decorre o sufrágio.

Foi aí que entoaram a Grândola Vila Morena e cumpriram um minuto de silêncio pelo que consideram ser "a morte do Ourondo".

"Estamos aqui para provar que somos um povo pacífico. O que aconteceu no domingo foi uma reacção porque estamos todos com os nervos à flor da pele", reiterou o ainda presidente da Junta de Freguesia do Ourondo, José Agostinho.

O autarca garantiu que a luta continuará, sempre de "forma pacífica". "Não nos calaremos. Não são meia dúzia de pessoas que nos vão fazer arrepiar caminho", afirmou.

Os presentes aplaudiram e retiraram-se do local, sem exercerem o direito ao voto.

Até ao meio dia, apenas três dos 460 eleitores inscritos tinham votado na única lista apresentada a sufrágio e que é apenas constituída por elementos de Casegas.

"Mostra bem a afinidade que há entre as freguesias, tal como não há transportes. Querem manter lá a sede, mas o único autocarro que temos para lá passa à noite", referiu à Lusa José Carvalho, que se juntou à manifestação.

Os habitantes desta localidade referem ainda que a lei "foi traçada a régua e esquadro" e que foi "escolhida a pior opção". Assumem que preferiam ter sido agregados à freguesia de Silvares (concelho de Fundão), que praticamente cola com a aldeia do Ourondo, ou à freguesia do Paul (Covilhã), que fica quase à mesma distância de Casegas, mas para a qual existem melhores acessos e também transportes públicos.

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