Vereador do PS apoia publicamente candidato do PSD à Câmara de Ovar

José Américo desfiliou-se do partido e gravou “tempo de antena” para o PSD. Candidato do PS estranha posição do “primeiro subscritor” da sua candidatura.

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Adriano Miranda

O vereador José Américo Pinto, responsável pelo Ambiente, Obras Municipais e Planeamento da Câmara de Ovar, eleito pelo PS, apoia publicamente o candidato do PSD Salvador Malheiro, depois de ser ter desfiliado do partido da “rosa” no final de Julho.

Fá-lo como cidadão e por considerar que o social-democrata, que nestas autárquicas se estreia como cabeça-de-lista pelo PSD, “reúne características, que são as melhores, para ser presidente de câmara”. “É uma posição pessoal”, diz ao PÚBLICO.

O seu apoio está gravado e disponível como  “tempo de antena” no Facebook de Salvador Malheiro. “Sinto nele, e vejo nele, a garra, o espírito de paixão pela terra, o espírito de arregaçar as mangas”, declara o vereador nesse espaço. “É com convicção clara, sem qualquer tipo de dúvida, que o meu voto vai para Salvador Malheiro”, anuncia publicamente.

“Irreverente sempre fui, independente voltei a ser”, refere José Américo, adiantando que chegou a ser convidado para número dois da lista do PS - que tem como cabeça-de-lista o seu colega de vereação, Vítor Ferreira, actual vice-presidente da câmara e que chegou a representar o BE como independente na Assembleia Municipal de Ovar. Recusou o convite. “Não tem as características para ser o presidente de câmara do concelho de Ovar”, justifica, esclarecendo, no entanto, que nos últimos quatro anos nada tem a apontar “ao trato de Vítor Ferreira”.

O vereador do PS, que no dia seguinte à tomada de posse do novo executivo voltará a ser professor primário, recusa a palavra “traição”. “Estamos em campanha, é hora de decisões individuais, e eu estou independente”, reage. “Não tenho espírito de vingança, mas não esqueço as posições tomadas pelo BE na Assembleia Municipal, na altura em que Vítor Ferreira era o representante máximo, em que tornou mais difícil o que era difícil, nomeadamente a construção do Sports Fórum e da arena multiusos”, acrescenta.

Uma semana antes da entrega das listas das candidaturas no tribunal, José Américo pediu a desfiliação do PS, após 20 anos de vida autárquica – oito como secretário da Junta de Freguesia de Ovar e 12 como vereador, os primeiros 16 como independente e os últimos quatro como militante do PS.


O candidato do PS Vítor Ferreira, vice-presidente da Câmara de Ovar, estranha a posição do colega de vereação. “O vereador José Américo foi o primeiro subscritor da minha candidatura de uma forma voluntária”, revela. Assinatura feita, adianta, em Janeiro deste ano. “Estranho que ele agora reconheça qualidades a outro candidato de outro partido”, repara, fazendo questão de vincar que José Américo não é candidato em qualquer lista do PS nas autárquicas de Ovar. “

Registo que no início do mandato, o vereador filiou-se no PS e no final desvinculou-se. São coincidências”, remata, recusando-se a fazer mais comentários sobre o assunto, nomeadamente se a postura do colega poderia ser considerada uma traição.

O candidato do PSD Salvador Malheiro, professor universitário, vereador do PSD sem pelouro na Câmara de Ovar, está satisfeito com o apoio de José Américo. “Satisfeito por ser alguém que tem a experiência autárquica que tem, que sabe quais as qualidades que deve ter um presidente de câmara, que conhece as dificuldades e os desafios do concelho”, comenta ao PÚBLICO.

O social-democrata refere, a propósito, que a sua candidatura não é só do PSD, que tem apoios de vários quadrantes políticos. “A nossa postura, na Câmara de Ovar, sempre foi de defender a causa de Ovar, esquecendo a camisola partidária”.
 

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