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PIX pode chegar a 100 mil terminais de compras em Portugal
Associação entre Braza Bank e Unicre vai tornar a compra com PIX disponível a todos os lojistas que tiverem o terminal da empresa e também nas operações online.
Sistema de pagamento eletrônico mais utilizado no Brasil, o PIX estará disponível nos 100 mil estabelecimentos comerciais portugueses que operam com os terminais de compras operada pela Unicre. Para isso, a instituição selou um acordo com o Braza Bank, anunciado nesta quinta-feira (20/03), em Lisboa. Além do pagamento das compra por meio das maquininhas com a marca da Unicre, o PIX poderá ser usado nas operações online. Do lado dos comerciantes, será um processo simplificado. Bastará um adendo ao contrato já existente com a Unicre para começar a receber os pagamentos via o sistema brasileiro.
Segundo Marcelo Sá, diretor de Negócios do Braza Bank na Europa, a grande vantagem será a redução dos custos para os consumidores que usam o PIX. “Se o pagamento for feito com um cartão de crédito brasileiro, o consumidor arcará com 3,38% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e um spread, que fica em torno de 5%, dependendo da instituição, o que dá pouco mais de 8%. Pelo PIX na rede Unicre, o IOF será de apenas 0,38% e o spread, em torno de 4%, o que totaliza 4,38%”, calcula.
Sá acrescenta, ainda, a vantagem de os consumidores saberem, no exato momento da compra, qual será a taxa de câmbio utilizada para a conversão de euros para reais. “Haverá mais previsibilidade”, afirma. É importante ressaltar, porém, que, para usar o PIX em Portugal, os brasileiros precisam ter uma conta-corrente ativa em uma instituição financeira do Brasil. É dessa conta que sairão os recursos para pagar os comerciantes portugueses.
Crédito parcelado
Diretor de Marketing da Unicre, Luís Gama assinala que o uso do PIX vai além dos terminais de pagamento da rede. “O sistema brasileiro poderá ser utilizado, também, no Braza Check Out, solução que funciona em tablets, computadores pessoais e em celulares, tanto Android quanto IOS. Isso, além das lojas online”, revela.
Na avaliação de Marcelo Sá, a adoção do PIX nos terminais de compras da rede Unicre não tem como objetivo concorrer com o cartão de crédito. “Queremos oferecer mais uma forma de pagamento. Às vezes, a pessoa perde o cartão ou ele é bloqueado ou o limite foi ultrapassado. Nessas situações, basta estar com o celular para ter uma alternativa ao cartão de crédito”, enfatiza.
Os alvos das instituições financeiras com o PIX nos terminais de compras da rede Unicre não são apenas os turistas brasileiros que transitam por Portugal. “Também será uma forma de os brasileiros que recebem aposentadoria e vivem em Portugal usarem seu dinheiro e daqueles que têm negócios ou empresas no Brasil poderem fazer compras em Portugal a partir das contas brasileiras”, acrescenta Gama. Ele ressalva, no entanto, que não será possível transferir dinheiro de contas-correntes no Brasil para contas em bancos portugueses usando o PIX. “Para isso, seria necessária uma outra licença, que não temos”, explica.
A proposta da parceria entre o Braza Bank e a Unicre, revela Marcelo Sá, não é ficar apenas no pagamento das compras à vista pelos terminais de compras. Em breve, outro serviço que os clientes brasileiros estão habituados, o crédito parcelado também estará disponível em Portugal. “Em poucos meses, vamos passar a oferecer o parcelamento do pagamento por meio do PIX”, anuncia.
No Web Summit
A parceria entre o Braza Bank e a Unicre começou a ser delineada após um encontro entre representantes das instituições no Web Summit de 2023, em Lisboa. “A partir dali, começamos as negociações e, no final de 2024, pudemos fazer os primeiros testes”, diz Gama, indicando que, atualmente, mais de 40 lojas em Portugal já aceitam o pagamento de compras com o PIX.
Uma diferença em relação ao PIX no Brasil é que o pagamento não será processado no momento da operação. “Será após o fechamento do dia. Ou seja, o dinheiro entrará na conta dos comerciantes no dia seguinte”, afirma Gama. Sem especificar números, ele ressalta que o investimento na implantação do serviço “não foi significativo”. “A solução é do Braza Bank. Investimos poucas dezenas de milhares de euros na componente jurídica. O maior investimento será na comunicação”, garante.
A ideia não é limitar o PIX a Portugal, mas ampliar o sistema para outros países da União Europeia. “A Unicre já atua na Espanha e na Polônia, mas a licença de funcionamento é para toda a União Europeia, no que é chamado de passaporte financeiro europeu”, sublinha Gama. “No futuro, pretendemos expandir o PIX para outros países europeus e, talvez, até para fora da Europa”, complementa Sá.
A Unicre é uma instituição financeira que tem como acionistas os bancos que operam em Portugal, criada em 1974 para operar o sistema de pagamento de cartões de crédito. A instituição desenvolveu a maior rede de terminais de compra de Portugal, e, segundo Gama, tem, atualmente, uma fatia de 30% desse mercado. “Para os comerciantes, oferecemos credibilidade e robustez. Como é com a Unicre, ele sabe que vai receber”, frisa.
Fundado por um brasileiro, o Braza Bank surgiu em Londres em 2008 e atua no Brasil desde 2012. “É um banco da área de câmbio no Brasil e em Londres, que opera eletronicamente”, descreve Sá. Isso significa que, entre os serviços que oferece, incluem-se pagamentos, custódia e transferência de valores, além de contas digitais. Não pode ofertar, porém, empréstimos e produtos de investimentos.
Vendas
Segundo Sofia Fernandes, diretora de Marketing Internacional do El Corte Inglés, até agora, o resultado da utilização do PIX nas lojas de Lisboa e de Gaia tem sido positivo. “O PIX foi implementado em janeiro e, até agora, tudo funcionou bem”, diz. Ela descreve os clientes potenciais do PIX. “Portugal recebe mais de 1 milhão de turistas brasileiros por ano. Além disso, há centenas de milhares de brasileiros morando em Portugal. E os brasileiros estão no top 3 dos nossos clientes internacionais”, ressalta.
Para Margarida Rodrigues diretora de Constumer Payments da Sonae, o alvo da empresa com o PIX é diferente, “A principal vantagem que vemos no PIX está no fato de que 50% dos cartões estrangeiros utilizados nas nossas lojas são brasileiros. Para turistas, será uma vantagem poder pagar de uma forma que conhecem e a que estão habituados”, afirma.
Mas ela vê outro público-alvo, especialmente na cadeia de lojas que vende eletroeletrônicos. “Há clientes brasileiros que chegam e ainda não têm contas bancárias. Eles precisam mobiliar suas casas, comprar eletrodomésticos. Com a possibilidade de pagar parcelado, vão se sentir mais em casa”, prevê.
Marca brasileira
Para o consultor financeiro Maurício Baum, da Colink Business Consulting, o importante para os brasileiros será o sentido de familiaridade com a forma de pagamento. “É um caminho que faz sentido. Os brasileiros conseguem fazer as transações com uma comodidade muito grande. Não é a única alternativa, existem cartões multimoedas, mas os brasileiros já estão familiarizados com o PIX”, avalia.
Comparando com a experiência do PIX nos Estados Unidos, ele vê vantagens na proposta do Braza Bank com a Unicre. “Nos Estados Unidos, é possível fazer operações com PIX, mas o câmbio é muito desfavorável”, conta.
Matéria alterada por informação de que a rede Unicre não está ligada ao Multibanco, que é da SIBS.
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