Enric Vives-Rubio

Não é segredo para ninguém que Paulo Furtado é um melómano apaixonado, homem de gostos vincados e curiosidade perante as histórias da História da música popular urbana. Atraído pela noção de genuinidade, por música que exprima de uma forma sincera, sem filtros, as virtudes e os demónios da natureza humana (o facto de o seu novo e magnífico álbum enquanto Legendary Tigerman ter por título True só acentua esta ideia), não surpreende que o blues ocupe um lugar tão importante na sua colecção de afectos.

Mas nem só de blues vive o homem (tigre), como o comprova a selecção feita por Furtado para a nova compilação Ípsilon no Spotify. A folk turbulenta de Karen Dalton, a pop de Sonny & Cher, a soul de Lee Dorsey, o garage rock moderno de Hanni El-Khatib e o antigo, mas eternamente jovem, suf-rock dos Trashmen. Eles e clássicos como Tom Waits e Patti Smith, além dos portugueses Linda Martini, Dead Combo e Rita Redshoes. Mas porque há uma música que é, de certa forma, a fonte de tudo isto, Legendary Tigerman acrescentará diariamente à compilação três novas canções. Três blues, naturalmente.