A embarcação
O bote açoriano reflecte a história da baleação no arquipélago, que tem as suas origens na experiência dos açorianos na caça à baleia norte-americana. A embarcação descende em linha directa das canoas que seguiam nos grandes navios baleeiros americanos nos séculos XVIII e XIX. A partir de 1850 e durante as cinco décadas seguintes - as primeiras da caça à baleia nos Açores - os botes americanos ainda foram usados no arquipélago mas as dificuldades de importação dos mesmos acabaram por instigar a criação de um novo modelo. Ao contrário do americano, mais pequeno e arredondado, o bote açoriano é mais comprido (com cerca de 11 metros de comprimento) e esguio (cerca de 2 metros de largura), permitindo uma maior agilidade e rapidez de navegação. Tratavam-se de requisitos necessários para o tipo de baleação do arquipélago. Enquanto que os norte-americanos realizavam uma caça à baleia itinerante e de longo curso, recorrendo a navios-fábrica, os açorianos praticavam um modelo de baleação costeira e artesanal. As embarcações - movidas a remo e à vela e feitas de madeiras leves - tinham de ser assim para entrarem e saírem das rampas dos portos, igualmente pequenas porque escavadas no recorte vulcânico das ilhas, e sobretudo tinham de ser hidrodinâmicas de forma a chegar de forma rápida aos locais onde os cachalotes eram avistados. O primeiro bote baleeiro açoriano, construído pelo Mestre Francisco José, o “Experiente”, surgiu ainda no final do século XIX nas Lajes do Pico.
Nos Açores a actividade ficou congelada com pequenas inovações introduzidas como as lanchas a motor, que não só tornavam a actividade mais segura como permitiam alargar as áreas de caça, ao rebocar os botes até ao local onde tinham sido avistados os cachalotes e posteriormente a rebocar o próprio animal para terra.