A campanha de angariação de fundos do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, para comprar o retrato oitocentista de Frei Fonseca Évora, atingiu o montante necessário com o contributo final de estrangeiros residentes em Portugal, foi sexta-feira anunciado.
De acordo com um comunicado do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), o museu "acaba de angariar o montante necessário para a aquisição da miniatura sobre marfim [num total de 10 mil euros], graças aos contributos finais de cidadãos estrangeiros a residir em Portugal". Os mecenas são Luisa Violo (Itália) e Marilyn e Ronald Charles Wolf (Estados Unidos), segundo o comunicado.
A campanha pública Todos Somos Mecenas — com o objectivo de angariar fundos para a compra do quadro — foi lançada no final do passado mês de Novembro e terminou a 30 de Maio.
O retratado, Frei José Maria da Fonseca Évora (1690-1752), nascido no Porto, foi um destacado franciscano do seu tempo, embaixador de Portugal no Vaticano, agente artístico, coleccionador, mecenas e bispo da cidade natal.
A obra surgiu à venda no mercado internacional e foi adquirida por um particular que propôs, por seu turno, vendê-la ao MNAA.
Uma investigação realizada pela professora de História da Arte e investigadora Teresa Vale, revelou que o retrato terá sido executado na década de trinta do século XVIII, por uma das mais importantes artistas italianas da época, Maria Tibaldi.
O director do museu, António Filipe Pimentel, quando do lançamento da campanha, considerou que esta "é de uma escala muito menor, pelo seu valor monetário", em comparação com a que levou à compra da Adoração dos Magos, de Domingos Sequeira, no ano passado.
A peça, porém, "é extremamente importante para o património artístico português e para o próprio museu, que tem uma colecção de miniaturas no género", disse então o director do MNAA.
Frei Fonseca Évora foi uma das mais prestigiadas figuras da cultura portuguesa no reinado de D. João V, salientou a conservadora Teresa Vale, quando da apresentação desta miniatura à imprensa, recordando que o franciscano foi para Roma em 1712, ano em que acompanhou o marquês de Fontes na embaixada do rei de Portugal ao papa Clemente XI.
Acabou por tornar-se um interlocutor privilegiado no processo de aquisição de obras de arte para a corte portuguesa, nomeadamente na encomenda do conjunto escultórico destinado à Real Basílica de Mafra.
Em Roma, no convento de Santa Maria de Aracoreli, mandou construir a chamada Biblioteca Eborense, onde surge retratado nesta pintura em marfim, vestindo o hábito franciscano.
A campanha pública Todos Somos Mecenas é a segunda realizada pelo MNAA para a aquisição de uma obra de arte, após a lançada em Outubro do ano passado — intitulada Vamos pôr o Sequeira no Lugar Certo —, para a aquisição da obra de Domingos Sequeira A Adoração dos Magos, por 600 mil euros.
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