O ano correu muito bem a…
Miguel Oliveira: A confirmação do português “voador”
Nunca houve um piloto português com a dimensão e o potencial de Miguel Oliveira no motociclismo de velocidade. Já era assim quando começou a dar nas vistas ainda durante a adolescência, mas foi preciso aguardar mais algumas primaveras para confirmar as expectativas ao mais alto nível.
Apesar das expectativas, o ano não começa da melhor forma. Na primeira prova, no Qatar, domina nos treinos, mas acaba por ser abalroado por outro piloto logo no início da corrida que o afastará da zona de pontuação, acabando no 16.º lugar. Na corrida seguinte, no GP das Américas, nos EUA, volta a cair, chegando à terceira prova, na Argentina, sem qualquer ponto conquistado. No circuito sul-americano inicia a recuperação na tabela classificativa, conquistando a pole position e um quarto posto a rasar o pódio. Mas irá emendar tudo no GP de Espanha, com um segundo lugar.
“Sentia alguma pressão em terminar uma corrida, após um começo tão atribulado que me deixou um pouco desanimado. As expectativas eram muito altas, mas faltava obter um bom resultado. Acabei por conseguir controlar os sentimentos e, na quarta corrida, obtive um pódio em Jerez. Foi um descarregar de pressão e um alívio”, explicará mais tarde Oliveira. Mas o melhor ainda estava para vir.
A 31 de Maio, no GP de Itália, no circuito de Mugello, depois de partir da 11.ª posição da grelha, assumiu pela primeira vez a liderança a 12 voltas do final, iniciando uma luta renhida por uma vitória que confirmará na recta da meta, a encerrar a 69.ª corrida da sua carreira na maior competição mundial de motociclismo. “É difícil definir o que sinto. O cruzar da meta é uma explosão de alegria, com algumas lágrimas de felicidade. É um grande orgulho ser o único português a ganhar uma prova do Mundial. Finalmente consegui”, congratula-se, depois de se ter ouvido pela primeira vez o hino português numa prova de MotoGP.
Um mês depois voltará a sentir o mel do triunfo na Holanda, mas será a partir de Setembro que arrancará para uma recuperação estrondosa na classificação, após a KTM lhe proporcionar um novo chassi que irá colocar a sua moto ao nível dos principais adversários. Nas últimas seis corridas da temporada alcança mais quatro triunfos (Aragão, Austrália, Malásia e Valência) e dois segundos lugares (San Marino e Japão), que o colocam em posição de discutir o título na derradeira prova, ainda que com uma desvantagem assinalável para o britânico Danny Kent (Honda). Fará a sua parte, vencendo a corrida valenciana, mas o nono lugar do líder do campeonato acaba por ser suficiente para garantir o Mundial, com seis pontos de vantagem sobre o português.
“Foram cinco anos de muita progressão. Tive, sem dúvida, muitos altos e baixos, mas o desfecho é muito positivo. Estou muito contente com a minha evolução como piloto e como pessoa. As vitórias trouxeram-me muito ânimo”, resumirá Oliveira no encerramento da temporada. No próximo ano, irá estrear-se em Moto 2 (600cc), onde fará dupla com o seu grande rival deste ano Danny Kent na equipa Leopard Racing, aos comandos de uma Kalex. A classe rainha de MotoGP (1000cc) está ao virar da esquina.
“Não consigo fazer uma previsão exacta de quanto tempo demorarei a chegar à MotoGP. Posso apenas dizer que o que me tem mantido no Mundial têm sido os meus resultados e o reconhecimento do meu profissionalismo. O próximo passo irá depender um pouco dos meus resultados desportivos, do meu empenho e daquilo que possa demonstrar em pista e fora dela e que possam despertar a atenção de uma boa equipa”. O objectivo é entrar pela porta da frente na MotoGP, mas, aconteça o que acontecer, já tem um lugar reservado na história do desporto nacional.
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