Os que morreram
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Ulrich Beck
15.05.1944 – 01.01.2015
Sociólogo alemão. Beck, provavelmente um dos cientistas sociais mais citados da actualidade, ganhou notoriedade com a publicação da obra Sociedade de Risco, em 1986, que desde então já foi traduzida para mais de 30 idiomas. Nos últimos anos, o investigador foi uma voz crítica da Alemanha, nomeadamente da situação política corrente. Beck defendia que o país parecia estar numa estratégia de hesitação a que chamava de “Merkiavel”, numa referência ao apelido da Chanceler Angela Merkel, e que se impunha um contrato social novo, gerador de mais democracia. O sociólogo foi professor na Universidade de Munique e na London School of Economics.
Morreu Ulrich Beck, o sociólogo alemão da "sociedade de risco"
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“Little Jimmy” Dickens
19.12.1920 – 02.01.2015
Cantor de música country norte-americano. James Cecil Dickens começou por ser “Jimmy The Kid”, quando andava pelos Estados Unidos a tocar em várias rádios ainda muito jovem. Cresceu mas o nome artístico com que foi imortalizado continuou a reflectir esse início de carreira prodigioso, “Little Jimmy” Dickens. Tornou-se membro do Grande Ole Opry, uma instituição em Nashville por cujo palco passaram todos os grandes nomes da música country. Entre as suas canções mais conhecidas está May the Bird of Paradise Fly Up Your Nose, que em 1983 o fez entrar para o Country Music Hall of Fame.
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Filipa Vacondeus
12.05.1933 – 06.01.2015
Cozinheira portuguesa. Presença assídua nas televisões portuguesas durante décadas, Filipa Vacondeus nasceu no seio de uma família muito tradicional e manteve-se fiel aos valores monárquicos e católicos com que foi educada. Algo que nunca se alterou também ao longo da sua vida foi a defesa da cozinha tradicional portuguesa, que divulgou de forma carismática através da televisão mas também com os 14 livros que publicou. Numa entrevista ao jornal i, em 2010, rejeitava o rótulo de chef, preferindo o de cozinheira autodidacta: “Sou uma dona de casa, ou uma leiga, que a única coisa que fez foi aprender com o tempo”.
Filipa Vacondeus, morreu a cozinheira que nunca usava paprica
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Rod Taylor
11.01.1930 – 07.01.2015
Actor australiano. Actor da era dourada de Hollywood, Rod Taylor foi um nome recorrente da televisão entre os anos 1960 e 1980. Contracenou ao lado de nomes como Elizabeth Taylor, James Dean ou Jane Fonda mas foi ao lado de Tippi Hedre, no filme Os Pássaros de Alfred Hitchcock, que se destacou. No total, o actor apareceu em mais de 50 filmes e em dezenas de programas de televisão ao longo de uma carreira de décadas. Rod Taylor entrou ainda no filme de culto sobre a contracultura americana Zabriskie Point (1970), de Michelangelo Antonioni, e com banda sonora dos Pink Floyd, e deu ainda voz um dos desenhos animados mais célebres da Disney, Os 101 Dálmatas. O seu último trabalho no cinema foi em 2009 quando deu vida a Winston Churchill em Sacanas Sem Lei, de Quentin Tarantino.
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Cabu
13.01.1938 – 07.01.2015
Cartoonista francês. Foi uma das vítimas do ataque terrorista à redacção do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. Divertido, arrojado e polémico, o trabalho de Jean Cabut encontrou o seu primeiro lugar de destaque na revista satírica Hara-Kiri, da qual foi um dos fundadores. Mas já antes havia publicado desenhos humorísticos, nomedamente na revista Bled durante o tempo que foi obrigado a passar no Exército – um período que acordou em si uma posição vincadamente anti-militarista. As publicações satíricas Le Canard Enchaîné e Charlie Hebdo foram as principais montras dos seus cartoons políticos.
Wolinski, Cabu, Charb, Tignous: mortes choradas com lápis que sangram
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Charb
21.08.1967 – 07.01.2015
Jornalista e cartoonista francês. Foi uma das vítimas do ataque terrorista à redacção do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. Começou a trabalhar no jornal em 1992 e, desde 2009, tornou-se o seu director. Em 2013 o seu nome foi incluído num artigo intitulado “Procurados Vivos ou Mortos” publicado numa revista de propaganda da Al Qaeda, após uma edição do Charlie Hebdo que satirizava os radicais muçulmanos. Apesar de viver sob vigilância policial devido às ameças que sobre si recaíam, Stéphane Charbonnier manteve sempre firme as suas posições. “Não tenho medo de represálias, não tenho filhos, nem mulher, nem carro. Pode parecer um pouco pomposo, mas preferia morrer de pé do que viver ajoelhado”, afirmou numa entrevista em 2012.
Wolinski, Cabu, Charb, Tignous: mortes choradas com lápis que sangram
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Tignous
21.08.1957 – 07.01.2015
Cartoonista francês. Foi uma das vítimas do ataque terrorista à redacção do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. Começou a trabalhar no Charlie Hebdo ainda nos anos 1980 e voltou à redacção do jornal como cartoonista assim que este foi reactivado em 1992. Colaborou ainda com as revistas Marianne e Télérama, entre outras. Era membro da Associação “Cartoonistas pela Paz” e tinha quatro filhos.
Wolinski, Cabu, Charb, Tignous: mortes choradas com lápis que sangram
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Wolinksi
28.06.1934 – 07.01.2015
Cartoonista francês. Foi uma das vítimas do ataque terrorista à redacção do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. Nasceu na Tunísia, ainda sob ocupação francesa, e mudou-se para França pouco depois da II Guerra Mundial. Estudou arquitectura mas, pouco depois de se formar, começou a trabalhar como ilustrador e cartoonista. Colaborou com meios como a satírica Hara-Kiri, com o Libération, com a Paris-Match e com o Charlie Hebdo. Em 2005 recebeu o Grande Prémio do Festival de Angoulême, um dos mais importantes do género. Foi um dos autores da polémica personagem de banda desenhada Paulette, que marcou os anos 1970.
Wolinski, Cabu, Charb, Tignous: mortes choradas com lápis que sangram
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Francesco Rosi
15.11.1922 - 10.01.2015
Realizador italiano. O Corriere della Serra definiu-o como um “mestre do filme de denúncia” e, de facto, Rosi foi um dos autores centrais do “cinema político” italiano nas décadas de 1960 e 1970 - alimentado por uma geração de cineastas para quem fazer cinema era intervir activamente na sociedade e denunciar a corrupção e o mal-estar que atravessavam a Itália do pós-guerra. Venceu dois dos mais importantes prémios cinematográficos do mundo: em 1962 conquistou o Leão de Ouro em Veneza pelo filme As Mãos Sobre a Cidade, e em 1972 o filme O Caso Mattei valeu-lhe a Palma de Ouro do Festival de Cannes. A sua obra foi homenageada pelos Festivais de Berlim e Veneza em 2008 e 2012, respectivamente.
Morreu o realizador Francesco Rosi, um mestre do cinema político
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Anita Ekberg
29.09.1931 – 11.01.2015
Actriz sueca. Há quem precise de dezenas de filmes para alcançar aquilo que Anita Ekberg conseguiu numa cena: a imortalidade. Aquela em que Ekberg, de vestido, se banha na Fontana di Trevi, em Roma, convidando Marcello Mastroianni a juntar-se a si. O filme La Dolce Vita tornou-se o símbolo da sua carreira, ainda que esta modelo tornada actriz tenha entrado em mais de cinquenta filmes. Contracenou com as duplas Abbott e Costello e Jerry Lewis e Dean Martin, e entre outros entrou em Guerra e Paz de King Vidor (1956). Nesse mesmo ano recebeu o Golden Globe de Melhor Actriz Revelação pela sua interpretação no filme Blood Alley.
Morreu Anita Ekberg, imortalizada na Fontana di Trevi do La Dolce Vita
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Claude Rouquet
09.08.1946 – 13.01.2015
Editor francês. Trocou a indústria do calçado pela edição de livros quando já tinha mais de quarenta anos. Em 1991, fundou a editora L’Escampette que foi, durante a década de 1990, o principal veículo de difusão da poesia portuguesa em França, publicando ao todo mais de 30 livros de autores portugueses. Poetas da geração de Jorge de Sena, Sophia ou Mário Cesariny mas também Ruy Belo, Al Berto ou Nuno Júdice. Este último autor recorda Rouquet como “um homem muito apaixonado” com “um grande amor pela literatura portuguesa”.
Morreu Claude Rouquet, um editor apaixonado pela poesia portuguesa
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Kim Fowley
21.07.1939 – 15.01.2015
Produtor e músico norte-americano. Natural de Los Angeles, foi umafigura inspiradora para várias gerações. Colaborou com artistas tão diferentes como Doris Day, Frank Zappa, John Lennon ou Cat Stevens, foi o mentor de vários projectos que se tornaram populares como as Runaways, mas também lançou albuns a solo. Manteve-se activo até ao último momento, tendo colaborado no disco Pom Pom de Ariel Pink no final de 2014.
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Abdullah bin Abdulaziz
01.08.1924 – 23.01.2015
Rei saudita. Quinto filho do fundador da Arábia Saudita a ocupar o trono da Arábia Saudita, ascendeu ao trono em 2005 mas durante os 10 anos anteriores foi o líder não oficial do país, substituindo o seu irmão, o rei Fahd, devido à débil saúde deste último. Procurou avançar com algumas mudanças internas, incluindo a realização de eleições municipais (as únicas permitidas no país), a autorização para que as mulheres possam votar e serem eleitas ou a inauguração de uma universidade sem segregação de género. No entanto, a Human Rights Watch classificou o seu legado como um reinado com “iniciativas largamente simbólicas” que “produziu avanços concretos extremamente modestos”.
Morreu Abdullah, o rei que reforçou o poderio da Arábia Saudita
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Miguel Galvão Teles
04.10.1939 – 23.01.2015
Jurista português. Miguel Galvão Teles nasceu na Foz do Douro, no Porto e ao longo da sua vida recebeu vários reconhecimentos, incluindo os Prémios Gulbenkian de Ciências Político-Económicas e de Ciências Histórico-Jurídicas, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e um dos mais prestigiados prémios internacionais da advocacia, o Chambers’ Lifetime Achievement Award. Apesar de se assumir como homem de esquerda, admirava Marcelo Caetano, de quem tinha sido regente da cadeira na Faculdade de Direito de Lisboa. Em 1978, aderiu ao Partido Socialista. Mais tarde foi conselheiro de Estado do Presidente da República Ramalho Eanes. Para além da política, esteve ligado ao futebol, nomeadamente ao seu clube, o Sporting, onde presidiu à mesa da Assembleia Geral durante 11 anos. Foi um dos fundadodres de um dos maiores escritórios nacionais de advogados (Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados) e dominava várias áreas do Direito, nomeadamente o Constitucional. Era ainda membro do Tribunal Permanente de Arbitragem, em Haia.
Morreu Galvão Teles, o advogado que dizia que era preciso não vender a alma
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Demis Roussos
15.06.1946 – 25.01.2015
Cantor e músico grego. Inicialmente ao lado de Vangelis na década de 1960, com os Aphrodite’s Child, e mais tarde a solo, com sucessos mundiais como Goodbye, my love, goodbye, Roussos teve uma carreira fulgurante. Menosprezado por alguns, que o viam como um mero baladeiro de música duvidosa, Artemios Ventouris Roussos terá vendido mais de 60 milhões de álbuns ao longo da sua vida e granjeado sucessos como o tema Forever and Ever. Em entrevista à Paris Match, a propósito do 40º aniversário da sua carreira, afirmou: “Já vendi milhões desta porcaria… Não me arrependo de nada. Sempre soube adaptar-me, fazendo com que a tua mãe adore [a música] mesmo quando lhe junto sons rock”.
Morreu Demis Roussos, o cantor que ajudou a criar a banda-sonora dos anos 1970
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José Freire Antunes
25.01.1954 – 27.01.2015
Investigador e antigo deputado português. Freire Antunes foi deputado na X Legislatura, entre 2005 e 2009, e adjunto político de Cavaco Silva entre 1988 e 1993. José Freire Antunes recebeu a medalha de Mérito Municipal da Câmara Municipal da Covilhã, Secção Cultura, em 1999, como "reconhecimento pela relevante actividade neste domínio, prestigiando o município e o país”. Autor de mais de 20 livros sobre a história e as relações externas de Portugal, José Freire Antunes tem inúmeros artigos publicados em diversos jornais e revistas.
Morreu José Freire Antunes, antigo deputado do PSD e ex-adjunto de Cavaco
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José da Ponte
07.02.1954 – 29.01.2015
Músico português. Zé da Ponte, como era popularmente conhecido, foi compositor, produtor e baixista. Com Lena d'Água e Luís Pedro Fonseca fundou, em 1980, o grupo Salada de Fruta, protagonista de sucessos como Robot. Como compositor venceu por duas vezes o Festival RTP da Canção, em 1986 com Não Sejas Mau p’ra Mim, interpretado por Dora, e em 1991 com Lusitana Paixão por Dulce Pontes. Como baixista colaborou com Pedro Barroso no álbum Antologias, com Jorge Palma em Bairro do Amor, e com António Variações em Anjo da Guarda, entre outros. O músico (primeiro a contar da direita na imagem) fez parte da direcção da Sociedade Portuguesa de Autores, tendo recebido a Medalha de Honra da SPA em Maio de 2014.
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Rod Mckuen
29.04.1933 – 30.01.2015
Poeta e compositor norte-americano. Trabalhou como lenhador, cowboy de rodeos, trabalhador de caminhos-de-ferro, duplo de cinema ou locutor de rádio antes de começar a escrever. Ainda antes de conhecer Frank Jacques Brel e de traduzir algumas das suas músicas para inglês. Antes de começar a participar em recitais de poesia ou a iniciar um percurso como cantor num registo mais falado do que cantado. E antes mesmo de conhecer Frank Sinatra, para quem compôs o álbum A Man Alone. Os seus livros venderam milhões de cópias e foram traduzidos para mais de uma dezena de línguas. Madonna e Dolly Parton são alguns dos artistas que gravaram material de McKuen.
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Carl Djerassi
29.10.1923 – 30.01.2015
Químico norte-americano. Foi responsável por descobertas que estiveram na base da pílula contraceptiva e contribuiu também para a síntese da cortisona, empregue em numerosos tratamentos médicos. A par da sua actividade científica, foi ainda dramaturgo e escritor de poesia e romances. Djerassi foi ainda um grande coleccionador de arte, com uma importante acervo de quadro do pintor Paul Klee, que legou aos museus de Arte Modernda de São Francisco, nos Estados Unidos, e de Viena, na Áustria.
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Geraldine McEwan
09.05.1932 – 30.01.2015
Actriz inglesa. Intérprete de teatro por excelência, foi devido aos seus papéis no cinema e sobretudo na televisão que ficou conhecida do grande público. Já septuagenária, protagonizou os doze episódios de uma nova série inspirada nos livros de Agatha Christie protagonizados por Miss Marple. Nos palcos tanto interpretava comédias contemporâneas como tragédias de Shakespeare, e a sua carreira no cinema mostra essa mesma diversidade. Entrou em comédias como No Kidding (1961), de Gerald Thomas, em filmes de aventuras como Robin Hood: Príncipe dos Ladrões (1991), de Kevin Reynolds, e foi ainda uma assustadora irmã Bridget, uma freira cruel e abusadora, em As Irmãs de Maria Madalena (2002), de Peter Mullan.
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Richard von Weizsäcker
15.04.1920 – 31.01.2015
Político alemão. Foi o primeiro chefe de Estado alemão a afirmar que o dia 8 de Maio de 1945 – o proclamado “Dia da Vitória” dos aliados sobre a Alemanha nazi – significou a libertação e não a capitulação do seu país. É por isso considerado o primeiro Presidente alemão a ter confrontado o passado nazi do país. Foi ainda o primeiro Presidente de uma Alemanha reunificada, o que aconteceu em Outubro de 1990, durante o seu mandato ainda que o processo de unificação tenha sido levado a cabo pelo chanceler Helmut Kohl.
Morreu Weizsäcker, o primeiro Presidente a confrontar passado nazi da Alemanha
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Aldo Ciccolini
15.08.1925 – 01.02.2015
Pianista francês. Aprendeu a tocar quase de modo mimético e aos nove anos já tinha aulas de Composição no Conservatório. Quando o pai lhe perguntou se estava pronto a sacrificar a vida pela música, Aldo Ciccolini só teve uma resposta: “sim”. Descrito como uma forte influência dos grandes mestres do piano, Ciccolini, de origem italiana, foi tanto um defensor dos compositores mais conhecidos quanto dos menos reconhecidos pela crítica, destacando-se como solista nas principais orquestras sinfónicas do mundo. Além das salas, era também um músico bem sucedido no estúdio, tendo registado peças de Bach, Rachmaninov, Scarlatti, Grieg ou Borodin. Gravou mais de uma centena de discos entre a HMV e a EMI France.
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Martin Gilbert
25.10.1936 – 03.02.2015
Historiador inglês. Além de ter sido o biógrafo oficial de Churchill, cuja última versão foi publicada em oito volumes, Martin Gilbert escreveu perto de uma centena de livros de História, com destaque para a primeira e segunda guerras mundiais, o Holocausto, o Judaísmo e a História de Israel. “A minha preocupação sempre foi escrever História a partir de uma perspectiva humana, nunca esquecendo o chamado cidadão comum”, afirmou Martin Gilbert, citado pela Associated Press. Em 1990 e 1995, Martin Gilbert foi distinguido pela rainha Isabel II sucessivamente com os títulos de Comandante e Cavaleiro da Ordem do Império Britânico.
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André Brink
29.05.1935 – 06.02.2015
Escritor sul-africano. Poeta, ensaísta, romancista e professor de inglês na Universidade da Cidade do Cabo, Brink ganhou notoriedade nos anos 1960 por obras que denunciavam a injustiça do apartheid, tendo inclusivamente sido um destacado membro do Die Sestigers – um movimento literário contra a política de segregação. O seu romance “Looking on Darkness” foi classificado de “pornográfico” pelo governo sul-africano e esteve proibido durante mais de dez anos no país.
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Filipe Pires
26.06.1934 – 08.02.2015
Compositor e professor português. Pires foi um dos pioneiros da música electroacústica em Portugal e uma referência da música portuguesa na segunda metade do século XX. Estudou no Conservatório Nacional, tendo continuado os estudos em Hanôver e Salzburgo e frequentado os cursos de Darmstadt, na década de 1960, onde leccionavam compositores como Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen. De volta a Portugal, deu aulas no Conservatório de Música do Porto, no Conservatório de Lisboa (onde introduziu a disciplina de Electroacústica), entre outros, além de ter feito parte da equipa fundadora da agora Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Porto.
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Bob Simon
29.05.1941 – 11.02.2015
Jornalista norte-americano. Vencedor de 27 prémios Emmy e três prémios Peabody, Simon cobriu ao longo das últimas cinco décadas alguns dos principais conflitos internacionais, desde a retirada das tropas dos Estados Unidos do Vietname até à Guerra do Golfo, na qual foi preso pelas autoridades iraquianas durante 40 dias. O jornalista do canal CBS, conhecido pelo programa 60 Minutos, morreu aos 73 anos vítima de um acidente de trânsito em Nova Iorque.
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Steve Strange
28.05.1959 – 12.02.2015
Músico e cantor britânico. Pioneiro do movimento "neo-romântico" dos anos 1980, mentor do clube nocturno Blitz, ícone da moda e cultura pop londrina e cantor do grupo Visage, a banda de “Fade to Grey”. Uma daquelas personalidades que ficou tão conhecida pela sua actividade criativa como pelo que foi capaz de impulsionar à sua volta. Incluindo grupos da pop electrónica que emergiram nos anos 1980, como Spandau Ballet, Duran Duran, Soft Cell, Human League ou Depeche Mode. Fazia parte de uma minoria londrina que, nos final dos anos 1970, pretendia o regresso de uma certa sofisticação e artifício que a cultura pop havia tido no período glam-rock e que com a súbita irrupção da crueza do punk se perdera.
Morreu Steve Strange, cantor dos Visage e ícone da cultura pop londrina
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David Carr
08.09.1956 – 12.02.2015
Jornalista norte-americano. Formou-se em Psicologia e Jornalismo, e entrou para o The New York Times como repórter de economia. Actualmente colaborava com a secção de cultura do jornal, mas era conhecido sobretudo pela sua coluna Media Equation. Nesta debruçava-se sobre meios de comunicação e o seu cruzamento com a tecnologia, a cultura e o poder. No obituário publicado pelo jornal nova-iorquino pode ler-se que Carr foi dos primeiros defensores da importância das redes sociais na paisagem cultural e mediática actual. O The New York Times criou uma bolsa para jornalistas em sua homenagem.
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Michele Ferrero
26.04.1925 – 14.02.2015
Empresário italiano. Michele Ferrero, o homem mais rico de Itália, era o dono do império de chocolate Nutella. O grupo – que fabrica o creme de chocolate e avelã Nutella, os bombons Ferrero Rocher e Mon Cheri e os ovos Kinder – é visto pelos analistas e banqueiros como a empresa privada mais valiosa de Itália. Ferrero transformou uma pequena fábrica de chocolate de Piemonte num gigante global e era conhecido por gerir a empresa com mão de ferro, apesar de ser igualmente adorado pela população local pela generosidade e pelas boas condições de trabalho que proporcionava. A revista Forbes avaliou a fortuna de Ferrero e da sua família em 20.500 milhões de euros.
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Luísa Dacosta
16.02.1927 – 15.02.2015
Escritora portuguesa. Formou-se na Faculdade de Letras de Lisboa em Histórico-Filosóficas, iniciou a sua actividade literária em 1955 e recebeu em 2010 o Prémio Literário Vergílio Ferreira, atribuído pela Universidade de Évora. Entre os seus livros contam-se Província, A Menina Coração de Pássaro, Sonhos Na Palma da Mão, O Valor Pedagógico da Sessão de Leitura, A-Ver-O-Mar ou Nos Jardins do Mar. Escreveu também livros infantis. Em 2011, a décima edição da revista Correntes, publicação associada ao festival Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, homenageou a autora.
Luísa Dacosta (1927-2015): “Nunca fiz uma coisa que eu não quisesse”
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Lesley Gore
02.05.1946 – 16.02.2015
Cantora e compositora norte-americana. Com apenas 16 anos fez-se notar com o sucesso It’s My Party, que liderou os tops daquele ano e que, ainda hoje, é o seu principal cartão de visita. Nascida em Brooklyn e criada em New Jersey, a cantora foi descoberta pelo produtor Quincy Jones e vendeu mais de um milhão de cópias de It’s My Party, tendo igualmente sido nomeada para um Grammy por esse sucesso. Gore foi ainda nomeada, juntamente com o irmão Michael, para um Óscar, pela composição da música Out Here on My Own para o filme Fame, de 1980.
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António Sousa Gomes
28.01.1936 – 20.02.2015
Político português. Antigo ministro do Plano e Coordenação Económica, da Indústria e Tecnologia e ainda da Habitação e Obras Públicas nos dois primeiros Governos Constitucionais, liderados por Mário Soares. Enquanto gestor, Sousa Gomes passou pelo antigo IPE (Investimentos e Participações do Estado), pela EGF (Empresa Geral do Fomento) e pela Cimpor.
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Clark Terry
14.12.1920 – 21.02.2015
Músico norte-americano. Lendário trompetista que tocou nas bandas de Duke Ellington e Count Basie. Foi um dos músicos de jazz mais gravados de sempre, compositor e educador, participou em discos de Billie Holiday, Ella Fitzgerald ou Quincy Jones, tendo integrado recentemente a banda do reputado The Tonight Show. Recebeu um Grammy pela sua carreira bem como a prestigiada distinção de cavaleiro das Artes e Letras, concedida pelo Governo francês. Foi também um dos principais mentores de outra lenda do trompete, Miles Davis. Sempre que este comprava um novo trompete, entregava-o a Terry para fazer afinações que dizia serem "mágicas".
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Luca Ronconi
08.03.1933 – 21.02.2015
Encenador italiano. Terminou os estudos de teatro na Academia de Arte Dramática de Roma, ainda no início da década de 1950, e começou a trabalhar como actor. Foi protagonista em filmes de Orazio Costa ou Antonioni. Mas foi fora dos palcos que fez carreira, num trajecto que, para muitos, rasgou limites no espaço do teatro clássico. Inovador mas simultanemente fiel a um “teatro da palavra”, Ronconi dirigiu o Stabile de Turim (1989-1994), o Teatro de Roma (1994-1998), bem como o Piccolo de Milão, desde 1999. Recebeu na Bienal de Teatro de 2012 o Leão de Ouro pela sua carreira.
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Maria Zamora
15.12.1974 – 24.02.2015
Actriz portuguesa. Entrou em algumas novelas, a mais recente Jardins Proibidios, e foi a Doutora Tutti Frutti da Operação Nariz Vermelho, uma organização de doutores-palhaços que visitam regularmente as enfermarias de hospitais do país onde estão internadas crianças. Mesmo não sendo uma cara muito conhecida da televisão nacional, participou em várias séries, como Inspector Max, Doce Tentação, Destinos Cruzados, ou Sol de Inverno.
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Earl Lloyd
03.04.1928 – 26.02.2015
Basquetebolista norte-americano. Ficou para a história por ter sido o primeiro negro a jogar na NBA, ao estrear-se pelos Washington Capitols em 1950, quatro anos após a inauguração desta competição. Passou nove épocas na NBA durante a década de 50 do século passado e foi um membro destacado dos Syracuse Nationals (actuais Philadelphia 76ers) em 1954-55, quando o clube ganhou o primeiro dos três títulos da sua história. Lloyd, que também foi o primeiro treinador-adjunto de raça negra da história da NBA (1968), foi eleito para Hall of Fame do basquetebol em 2003.
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Fernando Alvim
06.11.1934 – 27.02.2015
Músico português. Iniciou-se na música através do violoncelo e, já na juventude, dedicou-se ao estudo de guitarra clássica. Acompanhou à viola, durante mais de 25 anos, Carlos Paredes, com quem pisou palcos em todo o mundo e gravou vários discos, participando em todo o trabalho criativo. É dele o espantoso acompanhamento que se ouve em muitos álbuns de Paredes, habitualmente nascido de longas conversas telefónicas com o guitarrista. Fernando Alvim acompanhou igualmente em álbuns de José Afonso, Pedro Caldeira Cabral, António Chainho, Janita Salomé, Manuel Freire (é dele a guitarra que se ouve em Pedra filosofal) e até Sitiados. Deixou escassa obra em nome próprio, sendo uma excepção álbum duplo que lançou em 2011, O Fado e as Canções do Alvim, constituído exclusivamente por composições.
Morreu Fernando Alvim, o músico que ajudava os outros a brilhar
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Leonard Nimoy
26.03.1931 – 27.02.2015
Actor norte-americano. Filho de imigrantes ucranianos, nascido em Boston, mudou-se para Hollywood com apenas 17 anos. Foi o início de uma prolífica carreira de décadas como actor e também realizador, argumentista, dramaturgo, poeta, fotógrafo ou músico. No entanto, é a Spock, personagem da série de ficção científica Star Trek, que fica eternamente ligado.
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Yasar Kemal
06.10.1923 – 28.02.2015
Escritor turco. Fundador da literatura turca moderna, Kemal começou a escrever muito jovem ainda antes de se mudar da sua aldeia no Sul da Turquia para Istambul. Nessa altura, transcrevia os seus poemas, histórias do folclore popular e aquilo que os camponeses analfabetos lhe ditavam para fazer chegar aos seus familiares na diáspora. Esse início terá sido determinante para a postura de observação e de denúncia acerca da sociedade turca que marcou a sua obra. "Não acredito numa arte separada do povo. A minha literatura está ao serviço do proletariado", declararia. Deixa uma obra incomparável, traduzida em mais de 40 línguas.
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Amadeu Ferreira
29.07.1950 – 01.03.2015
Escritor e jurista português. Um dos maiores defensores e divulgadores da língua mirandesa. Nasceu em Sendim, no concelho de Miranda do Douro, e publicou uma vasta obra em português e mirandês. Traduziu para a língua mirandesa obras como Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, Mensagem, de Fernando Pessoa, dois volumes de Astérix, e obras de Horácio, Vergílio e Catulo, entre muitos outros. Era presidente da Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa, presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes, vice-presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Colaborou durante vários anos com diversos meios de comunicação social, nomeadamanete o Mensageiro de Bragança e o PÚBLICO.
Morreu Amadeu Ferreira, um dos maiores divulgadores da língua mirandesa
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Albert Maysles
26.11.1926 – 05.03.2015
Realizador norte-americano. Juntamente com o seu irmão David, Albert Maysles foi um dos pioneiros do cinema directo norte-americano, um estilo documental que procurava a captação da realidade em estado puro e o mais perto possível dos acontecimentos. Alguns dos seus documentários mais marcantes foram Gimme Shelter, que acompanha um infame concerto dos Rolling Stones na Califórnia, ou Grey Gardens, sobre duas parentes de Jacqueline Kennedy que vivem em decadência. Albert Maysles continuou a filmar depois da morte do irmão David, em 1987.
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Sam Simon
06.06.1955 – 08.03.2015
Produtor e argumentista norte-americano. Iniciou a sua carreira a escrever para séries de animação, tendo passado ainda pela equipa de escrita de programas tão populares como Taxi ou Cheers – Aquele Bar. No entanto foi a sua participação como produtor e argumentista em Os Simpsons que se tornou central na sua carreira, ainda que apenas tenha permanecido quatro anos na equipa. Alguns elementos da equipa garantem que a série não seria o que é sem a intervenção de Sam Simon. Os honorários que lhe foram garantidos pelos Simpsons permitiram-lhe tornar-se um filantropo, doando milhões de dólares a organizações de defesa dos animais e criou uma fundação para disponibilizar cães de ajuda a deficientes, com especial atenção aos veteranos de guerra.
Sam Simon (1955-2015): morreu o produtor que fez dos Simpsons um sucesso
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Lee Kuan Yew
16.98.1923 – 23.03.2015
Antigo Primeiro-ministro de Singapura. Lee Kuan Yew foi o primeiro Chefe de Governo de Singapura e o grande responsável pela transformação da cidade-estado num centro financeiro mundial. Yew, que continuou a ser influente até ao final da sua vida, chegou ao poder em Junho de 1959 e liderou o seu partido até Novembro de 1990. Quando foi eleito, Singapura estava ainda sob poder britânico e foi sob a sua liderança que se operou a transformação das décadas seguintes, valendo-lhe o epíteto de “Arquitecto de Singapura”. Após a sua morte foi elogiado por vários líderes mundiais como sendo um dos mais influentes políticos da Ásia das últimas décadas e reconhecendo a sua capacidade de aconselhamento em momentos mais complexos. No entanto, o político de Singapura foi alvo de muitas críticas internas por não permitir a liberdade de imprensa e por reprimir manifestações e opositores políticos.
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Herberto Helder
23.11.1930 - 24.03.2015
Poeta português. Nasceu no Funchal e publicou a sua obra de estreia, O Amor em Visita, em 1958, quando frequentava em Lisboa o grupo surrealista que se reunia no Café Gelo, convivendo com Mário Cesariny ou Luiz Pacheco. Num percurso pautado por uma discrição extrema, os livros de Herberto são a face singular de uma obra unanimente considerada como fundamental na cultura portuguesa. A Colher na Boca (1961) Os Passos em Volta (1963), Poemacto (1961), Lugar (1962), Húmus (1967), Photomaton & Vox (1979) ou A Faca não Corta o Fogo (2008) são alguns dos seus livros mais marcantes. Em 1994 é-lhe atribuído o Prémio Pessoa, que recusa, pedindo ao júri que não o anunciassem como vencedor. Após a sua morte, o crítico e poeta Pedro Mexia afirmou que “o lugar de Herberto Helder na literatura portuguesa equivalerá ao de Fernando Pessoa na primeira metade do século XX”.
Morreu Herberto Helder, a voz mais fulgurante da poesia portuguesa
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Fernanda Montemor
1935 – 26.03.2015
Actriz portuguesa. Estreou-se profissionalmente no Teatro Ginásio, companhia de Alves da Cunha, nos anos 1950. Passou depois pelo Teatro do Povo, dirigido por Ribeirinho, e, entre outras, por outra companhia dedicada ao público mais jovem, o Teatro Infantil de Lisboa. Seria com a personagem da Avó Chica da série Rua Sésamo, na década de 80, que se tornaria conhecida do grande público. Em 2006 foi distinguida pela então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, com a Medalha de Mérito Artístico.
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Luís Miguel Rocha
02.1976 – 26.03.2015
Escritor português. Em 2006 lançou o seu segundo livro, O Último Papa, que se tornou um best-seller e foi o primeiro volume de um tetralogia centrada no Vaticano. O livro foi traduzido em diversas línguas, vendeu meio milhão de exemplares em todo o mundo e terá sido o primeiro romance português a chegar, nos Estados Unidos, ao top dos livros mais vendidos do jornal New York Times.
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Tomas Tranströmer
15.04.1931 – 26.03.2015
Poeta sueco. Psicanalista, músico, tradutor e poeta, inspirou-se em surrealistas como René Char ou no haiku japonês, e conseguiu um discurso original, onde se destacava um dom para o uso de metáforas e uma limpidez e concisão linguística que o tornou no mais traduzido dos escritores suecos e lhe valeu o Nobel da Literatura em 2011.
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Sevinate Pinto
01.01.1946 – 29.03.2015
Ex-ministro português. Armando Sevinate Pinto nasceu em Ferreira do Alentejo e estudou Medicina durante um ano, antes de optar pela licenciatura em Engenharia Agrónoma, em Lisboa. Foi ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas do Governo PSD/CDS-PP dirigido por Durão Barroso, entre 2002 e 2004. Foi ainda técnico superior dos ministérios do Comércio e da Agricultura, director-geral da Comissão Europeia, consultor do Presidente da República e dos técnicos que mais contribuiu para o desenho das políticas nacionais na área da Agricultura nos últimos 40 anos.
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Manoel de Oliveira
11.12.1908 – 02.04.2015
Realizador português. Viveu 106 anos e filmou praticamente até ao fim da sua vida. Mas a sua obra não se restringe à façanha de ter sido durante vários anos o mais velho cineasta em actividade. Iniciou-se ainda nas primeiras décadas do século XX, com Douro, Faina Fluvial (1931), mas após a sua primeira longa-metragem, Aniki-Bobó (1942), passou quase duas décadas afastado do cinema. Um percurso que foi retomando pontualmente, com O Pintor e a Cidade (1956), Acto de Primavera (1963) ou Amor de Perdição (1978), e que nos anos 1980 se tornou mais regular e mais internacional. Francisca (1981), Non, ou a Vã Glória de Mandar (1990), Vale Abrãao (1993), Vou para Casa (2001) ou Singularidades de uma Rapariga Loura (2008) são apenas alguns dos títulos de uma carreira única.
Manoel de Oliveira (1908-2015), o tempo faltou-lhe, definitivamente
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Tolentino de Nóbrega
02.02.1952 - 07.04.2015
Jornalista português. Dedicou mais de 40 anos da sua vida ao jornalismo, começando como colaborador no jornal Comércio do Funchal aos 20 anos, mais tarde no Diário de Notícias do Funchal, e por fim no jornal PÚBLICO desde a fundação. Ao longo da sua carreira, foi alvo de ameaças, atentados, mas manteve uma postura que aqueles que com ele trabalharam definem como de jornalista sem medo. Em 1998 Tolentino de Nóbrega recebeu o Grande Prémio Gazeta, e em 2006 foi um dos seis jornalistas condecorados com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique pelo então Presidente Jorge Sampaio.
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Günter Grass
16.10.1927 – 13.04.2015
Escritor alemão. Prémio Nobel da Literatura em 1999, Grass viveu uma juventude marcada pela II Guerra Mundial, que acabou por claramente influenciar a sua carreira como romancista. O seu primeiro romance O Tambor de Lata (1959), A Ratazana (1998) ou a sua autobiografia Descascando a Cebola são apenas alguns exemplos de uma obra vasta que marcou o percurso deste autor social e politicamente comprometido, raramente avesso a controvérsias. Grass era membro da Academia das Artes de Berlim e recebeu ainda prémios tão importantes como o Prémio Literário Príncipe das Astúrias, o Prémio Internacional Mondello ou a Medalha Alexander-Majakovsky.
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Eduardo Galeano
03.09.1940 – 13.04.2015
Escritor uruguaio. Trabalhou inicialmente como jornalista e, quando um golpe militar tomou o poder no Uruguais, em 1973, foi preso. Conseguiu fugir e exilar-se na Argentina, mas, em 1976, uma ditadura militar instalou-se naquele país e Galeano refugiou-se em Espanha, onde permaneceu até 1985, quando regressou ao seu país natal. As Veias da América Latina é provavelmente o seu livro mais famoso, considerado por muitos como um libelo anti-colonialista e anti-capitalista. De Pernas para o Ar, Futebol: Sol e Sombra e Memória do Fogo são alguns dos seus livros.
Morreu Eduardo Galeano, o escritor que não releria a sua obra mais famosa
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Percy Sledge
25.11.1941 – 15.04.2015
Músico norte-americano. Nasceu no Alabama, e lançou When a man loves a woman, o seu primeiro single, em 1966, tema que rapidamente atingiu o primeiro lugar das tabelas americanas. Da sua carreira fazem ainda parte canções como Warm and tender love, It tears me up, Take time to know her e Cover me.
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Luís Serpa
21.05.1948 – 16.04.2015
Galerista e curador português. Com a actividade da sua galeria (Cómicos/Luís Serpa Projectos), desde os anos 1980, tornou-se uma das figuras mais influentes da arte portuguesa das últimas décadas. A reputação da sua galeria veio da capacidade de internacionalização, trabalhando várias gerações de artistas portugueses, como Julião Sarmento, Pedro Cabrita Reis, Jorge Molder e o grupo Homeostético, ou de espanhóis como Cristina Iglesias e Juan Muñoz, entre outros. Ao longo de 31 anos, Luís Serpa, com formação em Design e Museologia, apresentou 225 exposições na galeria e em cooperação com diversos centros culturais e museus. Realizou ainda 35 exposições individuais e temáticas.
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Mariano Gago
16.05.1948 – 17.04.2015
Físico e político português. Desempenhou as funções de ministro da Ciência em dois governos de António Guterres, entre 1995 e 2002, e outros dois de José Sócrates, entre 2005 e 2011. Mariano Gago era físico de partículas. Licencia-se em Portugal, parte para Paris para fazer o doutoramento e em 1972, após um mandado de captura da PIDE, acaba por fugir do país. Só começa a regressar de forma mais frequente a Portugal no final dessa década. Ao longo do seu trajecto como ministros desenvolveu a ciência, instituiu avaliações internacionais, tornou o país membro de grandes organizações europeias, colocou a investigação científica na agenda política portuguesa.
Morreu Mariano Gago, o cientista que pôs a ciência na agenda política
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Ana Vicente
1943 – 19.04.2015
Escritora e investigadora portuguesa. Marcadamente feminista, Ana Vicente foi professora e tradutora no início da carreira, e depois do 25 de Abril trabalhou na Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, instituição da qual foi presidente entre 1992 e 1996. Esteve também ligada ao Programa Nacional de Combate à Droga e trabalhou nos gabinetes de Maria de Lourdes Pintassilgo e de Maria Leonor Beleza. Foi consultora do Fundo das Nações Unidas para a População e membro do Movimento Internacional Nós Somos Igreja. Foi também autora de livros infantis e de obras acerca do papel da mulher na sociedade portuguesa ao longo da História.
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Girão Pereira
01.03.1938 – 23.04.2015
Político português. Girão Pereira foi o primeiro presidente da Câmara Municipal de Aveiro eleito democraticamente. Manteve-se nesse cargo ao longo de 18 anos, vencendo sucessivas eleições autárquicas. Na década de 1990 foi deputado pelo CDS à Assembleia da República e também deputado ao Parlamento Europeu, neste caso dedicando a sua atenção aos temas das pescas e agricultura. Em Fevereiro de 2010 foi condecorado com a Ordem de Mérito pelo Presidente da República, Cavaco Silva.
Girão Pereira: “Autarca de referência do CDS” morre aos 77 anos
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Maria da Piedade Gomes
10.12.1919 - 28.04.2015
Militante comunista portuguesa. Aderiu ao PCP com apenas 21 anos e foi funcionária do partido desde 1952, “altura em que iniciou a vida clandestina, assim como o seu companheiro”. Em 1958 foi presa pela PIDE e esteve seis anos na prisão de Caxias devido à aplicação sucessiva de medidas de segurança. O seu estado de saúde debilitado motivou em 1964 uma campanha nacional e internacional de solidariedade exigindo a sua libertação, que se veio a acontecer. Maria da Piedade Gomes foi libertada em Setembro de 1964, mas voltou à clandestinidade quinze dias depois, até ao 25 de Abril de 1974.
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Ben E. King
28.09.1938 – 30.04.2015
Músico norte-americano. Lenda do R&B e da soul e membro dos Drifters, o cantor Ben E. King ficou conhecid pelo grande público com o êxito Stand by Me. Foi também autor de clássicos como Spanish Harlem, cantados por si e por músicos como Aretha Franklin, John Lennon ou os Mamas & the Papas. O norte-americano começou a sua carreira na década de 1950 tocando com os Drifters, cujos êxitos There Goes My Baby (1959) ou Save The Last Dance For Me (1960) tinham a sua voz. Em 1993, King cantou Stand by Me na tomada de posse do Presidente Bill Clinton e no baile que se seguiu cantou com o novo Presidente democrata ao saxofone Your Momma Don't Dance and Your Daddy Don't Rock 'n' Roll
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Rutger Gunnarsson
12.02.1946 – 30.04.2015
Músico sueco. Apesar de não fazer parte do quarteto oficialmente conhecido como ABBA, e que incluía Agnetha Fältskog, Anni-Frid Lyngstad, Björn Ulvaeus e Benny Andersson, Rutger Gunnarsson acompanhou a banda em todos os seus discos. O músico é o responsável pelas linhas de baixo de canções tão populares como Dancing Queen ou Waterloo. Após o fim da banda sueca, trabalhou com Céline Dion, Westlife ou Elton John.
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Ruth Rendell
17.02.1930 – 02.05.2015
Escritora britânica. Começou a trabalhar como jornalista mas a inclusão de alguns detalhes de ficção numa reportagem fizeram com que se demitisse. Começou assim a carreira de uma autora com mais de 60 livros publicados e que teve no policial o género de eleição. A sua obra, que pugnou contra o sexismo ou o racismo e onde não havia espaço para optimismo quanto à natureza humana, está traduzida em mais de 20 línguas e alguns dos seus romances foram adaptados ao cinema por Pedro Almodóvar (Em Carne Viva) e Claude Chabrol (A Cerimónia, baseado no livro Sentença em Pedra).
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Maya Plisetskaia
20.11.1925 – 02.05.2015
Bailarina russa. Considerada uma lenda, elogiada por Nikita Kruschev, Plisetskaia foi uma estrela mesmo que inicialmete o regime soviético não estivesse de acordo. Estreou-se no Bolshoi na década de 1940. Tem o raro título de prima ballerina assoluta – só atribuído às excepcionais bailarinas de uma geração -, e desde que o recebeu não houve mais russas com tais honras. Dançou como solista até aos 65 anos e aos 80 voltou ao palco para dançar uma peça coreografada para si por Maurice Béjart. É até agora a única galardoada com o Prémio Príncipe das Astúrias (2005) na área da dança.
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Francisco Castro Rodrigues
01.10.1920 – 02.05.2015
Arquitecto português. Depois de estudar Arquitectura na Escola de Belas-Artes colabora com o Gabinete de Urbanização Colonial, o organismo público criado em 1944 pelo ministro das Colónias Marcello Caetano para urbanizar os territórios ultramarinos portugueses. É nessa fase que participa na concepção do plano director e urbanístico do Lobito, onde deixou uma marca forte na construção da imagem desta como cidade moderna. Militante antifascista, Castro Rodrigues colaborou na reconstrução de Angola após a independência e foi um dos responsáveis pela instituição do curso de Arquitectura em Angola. O seu trabalho foi premiado em 2011 pela secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte.
Morreu Francisco Castro Rodrigues, que desenhou “o Lobito como cidade moderna”
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Oscar Mascarenhas
09.12.1949 – 06.05.2015
Jornalista português. Nascido em Goa, iniciou o seu percurso como jornalista no diário A Capital, em 1975. Ao serviço da “profissão mais bela e apaixonante do mundo”, como chegou a descrever o jornalismo, trabalhou ainda no Diário de Notícias, Página Um, Jornal do Fundão e Agência Lusa. Considerado uma referência e uma voz frontal e sem receios de polémicas, foi ainda presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, Provedor dos Leitores no Diário de Notícias, e professor na Escola Superior de Comunicação Social. Em 1985, o Clube Português de Imprensa galardoou-o com o Prémio Reportagem, e, um ano depois, o Prémio de Viagem.
Morreu o jornalista Oscar Mascarenhas, "um agitador no bom sentido"
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BB King
16.09.1925 – 14.05.2015
Músico norte-americano. B.B. King foi um dos maiores responsáveis pela popularização dos blues, abrindo expressões eléctricas no género. Ao longo da sua carreira, que contou sem excepção com a preciosa companhia das suas guitarras Gibson, sempre batpizadas de Lucy, King conquistou 15 Grammy e vendeu milhões de discos em todo o mundo. A prova da sua capacidade de levar o blues a outros terrenos está nas colaborações que teve com nomes como Eric Clapton, Rolling Stones, U2 ou David Gilmour.
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Maria Nobre Franco
1938 – 19.05.2015
Galerista portuguesa. Fundadora e directora da Galeria Valentim de Carvalho, um espaço fundamental nos anos 1980 e início dos 1990 já que existiam poucos espaços em Lisboa dedicados em exclusivo à arte contemporânea. Maria Nobre Franco foi ainda a primeira directora do Museu Berardo, em Sintra, desde 1997 até 2008. Antes do 25 de Abril, esteve também ligada à luta antifascista, tendo sido presa pela PIDE depois de assinar uma carta dirigida a Salazar em protesto contra o assassinato, em 1961, do escultor José Dias Coelho.
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John Nash
13.06.1928 – 23.05.2015
Matemático norte-americano. Prémio Nobel da Economia em 1994pela sua investigação em teoria dos jogos, a análise de modelos matemáticos que presidem à tomada de decisões estratégicas. Nash foi diagnosticado com esquizofrenia cedo na sua carreira de prodígio matemático. Em 2001 o realizador Ron Howard assinou um filme baseado na vida do matemático, Uma Mente Brilhante.
John Nash, matemático de Uma Mente Brilhante, morre em acidente
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Vicente Aranda
09.11.1926 – 26.05.2015
Realizador espanhol. Com obra iniciada nos anos 1960, Vicente Aranda construiu uma obra bastante popular em Espanha. No entanto os seus filmes não alcançaram grande expressão internacional, embora Aranda tenha tido vários êxitos de bilheteira em Espanha e recebido vários prémios Goya. Em 2000 passou por Portugal para as filmagens de Joana, a Louca.
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Horst Brandstätter
27.06.1933 – 03.06.2015
Empresário alemão. O Senhor Playmobil não foi o inventor dos famosos bonecos mas foi a sua visão ao leme da empresa Geobra Brandstätter Stifung que impulsionou o seu sucesso: nos anos 1970 com o aumento do preço do plástico, Horst pediu ao designer Hans Beck para criar um jogo que utilizasse a menor matéria-prima possível. Nasciam assim os Playmobil. Outro brinquedo mundialmente conhecido saído da empresa alemã foi o Hula Hoop.
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António Manuel Baptista
1924 – 07.06.2015
Físico e divulgador científico português. Professor de Física e de Medicina Nuclear, António Manuel Baptista foi director do Laboratório de Isótopos do Instituto Português de Oncologia (IPO) durante duas décadas e trabalhou no Royal Cancer Hospital de Londres. António Manuel Baptista deixou vasta obra na área da investigação e desde 1961 desenvolvia programas de divulgação científica na rádio, na televisão e na imprensa, que lhe mereceram os prémios de Imprensa (1969) e de Televisão (1981).
Morreu António Manuel Baptista, físico e divulgador científico
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Christopher Lee
27.02.1922 – 07.06.2015
Actor inglês. No final dos seus 93 anos, Lee contava com participações em mais de 200 filmes, realizados um pouco por todo o mundo e nos mais diversos géneros. Mas foi a sua abordagem particular ao Mal, através da interpretação de criaturas como Frankenstein e Drácula ou vilões como Scaramanga, num filme da saga de James Bond, e Saruman, na trilogia do Senhor dos Anéis, que o implantou definitivamente no imaginário cinéfilo mundial.
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Nuno Melo
08.11.1960 – 09.06.2015
Actor português. Fascinou e chocou portugueses com a personagem de Caniço numa das primeiras telenovelas portuguesas, Chuva na Areia. Mas ainda que a televisão tenha sido uma parte substancial da sua carreira, Nuno Melo também fez cinema, com realizadores como José Nascimento, João César Monteiro, João Botelho e Edgar Pêra, e teatro, em companhias como o Teatro da Cornucópia ou os Artistas Unidos. Em 2011 venceu o prémio da Sociedade Portuguesa de Autores por O Barão, de Edgar Pêra.
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James Last
17.04.1929 – 09.06.2015
Músico alemão. Liderou a big band alemã de maior sucesso no pós-II Guerra e que se celebrizou pela composição de música ligeira e interpretação de músicas de outros artisas populares. Gravou mais de duas centenas de discos e as vendas de álbuns superaram a marca dos 80 milhões.
Morreu o líder de big band James Last, um compositor de “música feliz”
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Ornette Coleman
09.03.1930 – 11.06.2015
Músico norte-americano. Figura de proa do movimento free jazz, o saxofonista quebrou com regras e tradições num género musical que, se anteriormente se definia como livre, passou realmente a sê-lo. Álbuns como The Shape of Jazz to Come ou Free Jazz continuam a ser marcos na história da música do século XX, manifestos de uma independência que continuou a defender e praticar até ao fim.
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António Marques Mendes
30.03.1934 – 15.06.2015
Advogado e político português. Fundador do Partido Popular Democrático (PPD) em conjunto com Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Mota Pinto, Mota Amaral, Alberto João Jardim e António Barbosa de Melo. O social-democrata ocupou os cargos de presidente da Câmara de Fafe e de deputado na Assembleia da República nas I, III, IV, V e VI legislaturas. Foi ainda deputado europeu entre 1987 e 1994. Era pai de Luís Marques Mendes.
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Charles Correa
01.09.1930 – 16.06.2015
Arquitecto indiano. Considerado um dos mais importantes nomes deste domínio na Índia, Charles Correa foi o autor da Fundação Champalimaud, em Lisboa. A Royal Institute of British Architects, que em 1988 lhe atribuiu a sua Medalha de Ouro, considerou a sua obra a manifestação física do seu país “como nação da sua modernidade e progresso”.
Morreu Charles Correa, visto como o maior arquitecto da Índia
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Süleyman Demirel
01.11.1924 – 17.06.2015
Antigo governante turco. “Baba”, como era chamado pelos seus apoiantes, foi um dos maiores nomes da política turca, tendo governado o país durante mais de 11 anos a partir de 1965, e chefiado sete governos. Entre 1993 e 2000 foi ainda Presidente da República. Conservador moderado mas capaz de criar aliados em vários quadrantes, Demirel foi duas vezes afastado do poder por ocasião de golpes militares mas conseguiu sempre retomar as suas funções.
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António Garcia
03.02.1925 - 17.06.2015
Designer português. Um verdadeiro pioneiro na área no que toca ao panorama português dos anos 1950, Garcia foi o criador da imagem dos maços de tabaco SG Filtro, Ventil, Gigante, de capas de clássicos da literatura na Ulisseia ou mesmo da cadeira Osaka’70. Em 2010, recebeu o Prémio Nacional de Design Carreira e inaugurou uma exposição antológica no Museu do Design e da Moda (Mude) em Lisboa, onde depositou o seu espólio.
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David Clifford
05.07.1974 – 22.06.2015
Repórter fotográfico português. Clifford trabalhou no PÚBLICO entre 1998 e 2007, tendo editado a secção de fotografia do jornal. Com o PÚBLICO, esteve em Omã, Moçambique, Espanha, Taiwan ou Afeganistão, entre outros. Após sair do PÚBLICO colaborou com diários, como o i, ou semanários como a Sábado. Integrava a equipa de fotografia da revista Time Out.
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James Horner
04.08.1953 – 22.06.2015
Compositor norte-americano. Foi o responsável pelas bandas sonoras de filmes como Titanic e Avatar, dois dos maiores sucessos do cinema norte-americano das últimas décadas. Venceu dois Oscars com Titanic – um deles pela banda sonora e outro pela canção interpretada por Celine Dion -, cujo álbum vendeu mais de 27 milhões de exemplares. Foi ainda nomeado para os prémios da Academia com a música dos filmes Avatar, Uma Mente Brilhante ou Braveheart, entre outros.
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Chris Squire
04.03.1948 – 27.06.2015
Músico inglês. Fez parte do grupo fundador da banda Yes, que marcou a história do rock progressivo a partir dos anos 1960. Foi, inclusivamente, o único membro da formação original a participar em todas as gravações de estúdio dos Yes. Segundo outros elementos da banda, Squire foi “o eixo e a cola que manteve o grupo unido durante todos estes anos”.
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Jerry Weintraub
26.09.1937 – 06.07.2015
Produtor norte-americano. Começou pela indústria musical a promover concertos para Elvis Presley, Frank Sinatra e Bob Dylan, mas foi ao cinema que dedicou grande parte da carreira e da vida. A ele se deve a série Karate Kid, do primeiro de 1984 ao último de 2010, e o remake de “Ocean's Eleven - Façam as Vossas” Apostas mais as suas duas “declinações” (Ocean's Twelve e Ocean's Thirteen), que reuniram uma galáxia de estrelas, com George Clooney e Brad Pitt à cabeça.
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Maria Barroso
02.05.1925 – 07.07.2015
Actriz, activista política e social e professora portuguesa. Foi primeira-dama de 1986 a 1996, esposa do Presidente Mário Soares. Recebeu o apelido de eterna primeira-dama. Foi a única mulher na fotografia da fundação do PS, em 1973, na cidade de Bad Münstereifel, na então República Federal da Alemanha. A actividade pública que lhe ocupou a última parte da sua vida esteve ligada à defesa dos direitos humanos, sobretudo como presidente da fundação que criou, a Pro Dignitate.
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Omar Sharif
10.04.1932 – 10.07.2015
Actor egípcio. Nascido Michel Demitri Shalhoub, mudou o nome quando se converteu ao islamismo para se casar. Trabalhou em inúmeros filmes de Hollywood e uma das suas interpretações mais conhecidas é a de Doutor Jivago (1965). Foi nomeado uma única vez para um Óscar (de Actor Secundário) por Lawrence da Arábia (1962), outro dos seus papéis mais icónicos. Nascido católico em Alexandria em 1932 numa família abastada, estudou matemática e física na Victoria College da sua cidade e, depois treinaria para actor na Royal Academy of Dramatic Art em Londres. Falava cinco línguas e converter-se-ia ao islão.
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Jon Vickers
29.10.1926 – 10.07.2015
Tenor canadiano. Aclamado pela força vocal e pela intensidade dramática que exibia em palco, Vickers interpretou alguns dos papéis operáticos mais exigentes ao longo de uma carreira três décadas que terminou em 1988. Despediu-se dos palcos aos 61 anos, na pequena cidade canadiana de Kitchener, não com uma gala imponente, mas com um elenco longe de ser famoso, num último Parsifal musicado pela orquestra local. Apesar de ter uma carreira indissociável de Wagner, Vickers era crítico em relação ao compositor alemão.
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Satoru Iwata
06.12.1959 – 11.07.2015
Programador japonês e presidente da empresa nipónica de videojogos Nintendo. Licenciado em Computação pelo Instituto Tecnológico de Tóquio, Iwata sucedeu ao histórico presidente, Hiroshi Yamauchi. A consola Wii, lançada em 2006 e considerada um dos maiores sucessos comerciais da firma, surgiu durante a sua presidência. Outro dos marcos da sua direcção foi o lançamento da Nintendo DS, em 2004.
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Alcides Ghiggia
22.12.1926 – 16.07.2015
Futebolista uruguaio. Celebrizou-se com o golo que deu o título do Uruguai sobre o Brasil em pleno Maracanã no Mundial de 1950. Era o último jogador daquela partida ainda vivo. Jogou também pela selecção italiana, pela qual também poderia ter disputado o Mundial de 1958, mas a azzurra não se classificou. Começou no pequeno Atlante, em 1946, mudando-se para o Sud América no ano seguinte. O grande salto aconteceu em 1948, ao ser contratado por um dos grandes do Uruguai, o Peñarol, pelo qual venceu dois campeonatos e que mais tarde viria a treinar. Passou ainda por clubes italianos, como a Roma e o Milan.
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Jules Bianchi
03.08.1989 – 17.07.2015
Automobilista francês. Disputou a Fórmula 1 pela equipa Marussia. Bianchi ficou gravemente ferido em 5 Outubro de 2014 no Grande Prémio do Japão (Suzuka), depois de o seu monolugar ter embatido contra uma grua que tentava remover o carro do alemão Adrian Sutil (Sauber), que se tinha despistado.
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John Taylor
25.09.1942 – 17.07.2015
Compositor e pianista britânico. Morreu ao piano enquanto actuava no Saveurs Jazz Festival, em França. Co-fundador do Azimuth trio, tocou com Norma Winstone, Kenny Wheeler ou com os Soft Machine e Charlie Haden. Segundo a revista All About Jazz, Taylor era um dos mais importantes pianistas dos últimos 40 anos.
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Dieter Moebius
16.01.1944 – 20.07.2015
Músico suíço-alemão. Fundou os Kluster/Cluster e Harmonia. Referência para o rock e a electrónica, a sua banda Harmonia era “a banda rock mais importante do mundo” para Brian Eno. Um dos pioneiros do krautrock e da electrónica, o teclista nascido na Suíça fez a sua carreira entre sintetizadores e a pesquisa de arranjos minimais. Moebius teve influência e formação musical na área da clássica – a mãe era pianista – e no final dos anos 1960 tocava saxofone. O rock ‘n’ roll entrou na sua vida com Chuck Berry ou os Velvet Underground – e era um fã de David Bowie nos anos 1970.
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E. L. Doctorow
06.01.1931 – 21.07.2015
Escritor, editor e professor norte-americano. Era um conhecedor profundo da América, que transportava para os seus romances. Foi um escritor caleidoscópico. Nos onze romances e nas três colectâneas de contos que escreveu mudava de paisagem e de tempo para narrar a vida de jogadores, prostitutas, excêntricos, aventureiros, e cada uma das personagens ganhava uma dimensão muito próxima do real graças a uma invulgar capacidade de descrição e detalhes de personalidade. Publicou, entre outros, Ragtime, The Book of Daniel, Billy Bathgate (adaptado ao cinema em 1991, com Dustin Hoffman no papel de um criminoso da mafia dos anos vinte e trinta), A Cidade de Deus, The March e o mais recente Homer & Langley (Porto Editora), sobre a história verdadeira de dois irmãos, de apelido Collyer, que morreram na velha mansão onde viviam em Manhattan, vítimas do lixo que foram recolhendo ao longo das suas vidas.
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Corsino Fortes
24.02.1933 – 24.07.2015
Poeta e diplomata cabo-verdiano. Corsino Fortes, com formação em Direito na Universidade de Lisboa (1966), foi ministro da Justiça de Cabo Verde, foi o primeiro embaixador deste país em Lisboa, logo a seguir à independência do seu país, presidiu à assembleia-geral da Fundação Amílcar Cabral. Foi ainda empresário e esteve ligado à criação da televisão experimental cabo-verdiana. Já na sua carreira literária, presidiu à Associação dos Escritores Cabo-verdianos e à Academia Cabo-verdiana de Letras, desde que esta foi fundada em 2013. Foi também distinguido, em 2015, com o Prémio Literário do 40.º Aniversário da Independência de Cabo Verde.
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Robert Conquest
15.07.1917 – 03.08.2015
Poeta e historiador britânico. Autor de The Great Terror: Stalin's Purge of the Thirties (1968), considerada a primeira investigação abrangente e detalhada da repressão estalinista nos anos 30, morreu esta segunda-feira em Stanford, na Califórnia, onde se radicara em 1981. Publicado cinco anos antes de aparecer o Arquipélago Gulag, de Soljenitsin, o livro de Conquest foi traduzido em diversas línguas e tornou-se uma referência. Precedendo e acompanhando a sua carreira de historiador, Robert Conquest foi também um dos poetas do importante grupo literário inglês The Movement, que incluía nomes como Philip Larkin, Kingsley Amis, Donald Davie ou Thom Gunn.
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Takashi Amano
18.07.1954 – 04.08.2015
Fotógrafo, designer e aquariofilista. Foi uma das pessoas mais influentes no panorama do paisagismo aquático de água doce. O seu mais recente trabalho do designer foi Florestas Submersas, que consiste na replicação de paisagens de florestas tropicais dentro de um aquário com 40 metros de comprimento e 160 mil litros de água. É considerado o maior nature aquarium (a expressão surge com Amano) do mundo e inclui mais de 10 mil peixes tropicais e 46 espécies de plantas aquáticas. A exposição de Amano no Oceanário de Lisboa, que conta com banda sonora original de Rodrigo Leão e que já foi visitada por mais de 100 mil pessoas, demorou sete meses a preparar e ficará patente durante dois anos e meio.
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Ana Hatherly
08.05.1929 – 05.08.2015
Romancista, poeta, tradutora, ensaísta e artista plástica portuguesa. Nascida no Porto em 1929, tinha 47 anos quando, em 1976, foi convidada a participar na mais importante bienal de artes plásticas do mundo – a de Veneza. Três décadas depois foi Prémio da Crítica 2003 pelo livro O Pavão Negro (ed. Assírio & Alvim), sucedendo a nomes como Torga, Cardoso Pires, Sophia e Mourão Ferreira. Ana Hatherly teve uma formação ecléctica e um percurso igualmente intenso e multifacetado. Licenciada em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez estudos cinematográficos na London Film School e doutorou-se em Literaturas Hispânicas na Universidade de Berkeley. Foi professora na escola de artes visuais Ar.Co, na Escola Superior de Cinema e no departamento de Literatura Portuguesa da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Destacou-se com investigadora do barroco, como ensaísta e escritora, mas talvez seja sobretudo reconhecida como artista plástica.
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José Cruz de Carvalho
01.1930 - 06.08.2015
Designer português. Foi um dos criadores das marcas Altamira e Interforma onde foi pioneiro na aplicação "uma política integrada e coerente de design a nível empresarial" em Portugal. Contemporâneo e membro de uma importante geração da disciplina do design em Portugal, é co-fundador do Atelier Risco de Daciano Costa durante a década de 1970, e foi correligionário de António Garcia, Nuno Portas, Conceição Silva e de Eduardo Afonso Dias. Foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Designers, em 1976, uma de duas associações representativas da profissão em Portugal. Era inicialmente conhecido como pintor, tendo depois experimentado a decoração, a arquitectura, o desenho, a carpintaria, a docência e foi até mestre-de-obras.
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Manuel Contreras
04.05.1929 – 08.08.2015
Militar chileno. Foi chefe da DINA, polícia política secreta do Chile durante o governo militar do general Augusto Pinochet. Condenado a 520 anos de prisão por crimes contra a humanidade, e ainda tinha vários processos pendentes, morreu no Hospital Militar de Santiago do Chile, aos 86 anos, por motivos não especificados. À DINA é atribuída a autoria da maioria das 3200 mortes – ou desaparecimentos – durante o regime militar (1973-1990), e também da tortura de mais de 38 mil pessoas. Contreras ajudou também a organizar a Operação Condor, um esforço coordenado das ditaduras sul-americanas em meados da década de 1970 para eliminar dissidentes que se refugiavam nos países vizinhos.
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Jorge Gonçalves
1948 – 11.08.2015
Dirigente desportivo português. Nascido em Angola, Gonçalves fez fortuna como despachante alfandegário, tendo sido campeão português de vela, mas foi durante o seu curto mandato como presidente do Sporting (1988-1989) que se tornou famoso. Ficou popularmente conhecido como o “bigodes”, surgindo como uma lufada de ar fresco numa altura em que o clube já não ganhava um título há seis anos. À custa das “unhas” que prometera para o “leão”, Gonçalves seria eleito como presidente do Sporting a 24 de Junho de 1988, derrotando por larga margem os outros candidatos. Apesar dos reforços que chegaram (e dos que chegaram mas que nunca chegaram a jogar pelo Sporting como Frank Rijkaard) o clube de Alvalade mergulhou em nova crise. Acabou detido pela PJ, mas nunca chegou a julgamento. Quando foi libertado, Gonçalves fugiu para Angola, onde também chegou a ser detido por dívidas fiscais.
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Bob Johnston
14.05.1933 – 14.08.2015
Produtor musical norte-americano. Conhecido sobretudo pelo seu trabalho com Bob Dylan, Johnny Cash, Leonard Cohen, Simon & Garfunkel e gravações com artistas em Nashville. Gostava de relativizar o seu trabalho, dizendo que se limitava a “pôr a fita a gravar”.
O produtor de Dylan que gostava de relativizar o seu trabalho
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Rafael Chirbes
27.06.1949 – 15.08.2015
Escritor espanhol. Foi o romancista que melhor retratou a crise económica e os respectivos escombros sociais que se lhe seguiram. Muito crítico da Espanha actual, da falsa modernização, da corrupção económica e da crise moral. Estreou-se na literatura em 1988 com o romance Mimoun. O reconhecimento da sua obra e o êxito junto do público espanhol, foram tardios, e aconteceram sobretudo a partir de 2007, ano da publicação de Crematório (Minotauro, 2009), um livro sobre a corrupção política e a especulação imobiliária no pesadelo urbanístico em que se tornou a costa levantina espanhola.
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Justino Alves
1940 – 18.08.2015
Pintor e professor português. Notabilizou-se sobretudo como professor da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, onde durante décadas ensinou várias gerações de artistas. Bolseiro da Fundação Gulbenkian em 1976, foi desenvolvendo a sua carreira de pintor a par da de docente, mostrando o seu trabalho em mais de 20 exposições individuais e 60 colectivas e vendo a sua obra reconhecida com vários prémios nacionais, entre eles o Nacional de Pintura, em 1969.
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Hermínio Martins
1934 – 19.08.2015
Sociólogo, professor e investigador português. Autor de textos de referência sobre o Portugal contemporâneo, deixa inédito um extenso livro em que compara as três grandes mudanças de regime que marcaram o país no século XX: a República, o Estado Novo e a democracia. Nos últimos anos, a sociologia e filosofia da ciência e da tecnologia ocuparam uma parte substancial das suas reflexões. Na sua longa carreira de professor, ensinou nas universidades de Leeds e de Essex – onde fundou o departamento de Sociologia -, antes de se fixar no St. Antony’s College da Universidade de Oxford, onde leccionou 30 anos, de 1971 a 2001. Hegel, Texas, e outros Ensaios de Teoria Social (Século XXI, 1996) é um dos títulos mais conhecidos deste sociólogo-filófoso que dizia que "estava casado com a sociologia, mas que a amante dele era filosofia”.
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António Gaio
18.07.1925 – 20.08.2015
Investigador sobre história da animação em Portugal, director do festival Cinanima. Durante 35 anos dirigiu o mais importante festival português de cinema de animação, o Cinanima, em Espinho. Deixa ainda uma obra de referência sobre a animação portuguesa, publicada no contexto da Porto 2001: História do Cinema Português de Animação – Contributos. Bancário de profissão, as actividades culturais e associativas foram sempre a sua verdadeira paixão, tendo sido dirigente do Sporting Clube de Espinho e da Associação Académica de Espinho e, depois do 25 de Abril, da Cooperativa Nascente, responsável pelo Cinanima.
Morreu António Gaio, director do Cinanima - Festival de Animação de Espinho
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“Mascarenhas” (Domingos António da Silva)
28.04.1937 – 25.08.2015
Futebolista angolano. Chegou a Portugal em 1958 para jogar no Benfica, mas foi no Barreirense e no Sporting que se destacou como goleador. Foi contratado pelo Sporting em 1962, clube onde esteve três temporadas e onde fez mais de 100 jogos, marcando 80 golos. Integrou a equipa que ganhou a Taça dos Clubes Vencedores das Taças de 1964 (ex-Taça UEFA e actual Liga Europa), tendo sido o melhor marcador da equipa nessa prova, com 11 golos, 6 dos quais marcados na maior goleada da história das competições europeias, que constituem um recorde de golos marcados por um só jogador num jogo destas competições. Depois da ligação ao Sporting, “Mascarenhas” regressou ao Barreirense, tendo jogado ainda na CUF, no Peniche e no Riopele.
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Manuel Dias da Fonseca
06.12.1923 – 27.08.2015
Professor e musicólogo português. Foi vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos e criador do Quarteto de Cordas desta cidade. No início da década de 1980 tornou-se um dos primeiros vereadores da Cultura a conquistar visibilidade numa função que, nesse tempo, praticamente não entrava nos organogramas das autarquias. Fez crítica de música, publicou poesia e ocupou-se durante cerca de duas décadas da programação musical da Câmara de Matosinhos, onde, em 1993, lançou o Panorama da Música Portuguesa para Piano do Século XX.
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Oliver Sacks
09.07.1933 – 30.08.2015
Neurologista, naturalista e escritor britânico. Professor de neurologia da Universidade de Nova Iorque, autor de best-sellers cheios daquilo a que ele chamava de “contos clínicos” e que deram origem a filmes de Hollywood como Despertares (com Robert de Niro e Robin Williams) e À primeira vista (com Val Kilmer e Mira Sorvino). No seu último livro, uma autobiografia intitulada On the Move (“em movimento”, “em mudança”), Sacks revelava partes pouco conhecidas da sua intensa história pessoal: foi motociclista e halterofilista, foi viciado em anfetaminas. Era homossexual e praticava o celibato há 35 anos. Com a sua escrita, pode-se dizer que Sacks reinventou a relação médico-doente.
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Wes Craven
02.08.1939 – 30.08.2015
Realizador, argumentista, produtor e actor norte-americano. Foi um dos mais influentes cineastas do terror. Criador de Freddy Krueger, um dos “papões” mais célebres do cinema de género americano, um assassino desfigurado de lâminas nas mãos que invade os sonhos dos adolescentes e os mata enquanto dormem, encarnado por Robert Englund. Craven fez parte de uma geração de cineastas oriundos da cena independente que tornaram o filme de terror, tradicionalmente entendido como cinema sensacionalista para um público adolescente, num espelho distorcido da sociedade americana e numa reflexão sobre a violência e a impotência que o conforto pequeno-burguês do “sonho americano” contia. Os primeiros dois filmes do realizador, The Last House on the Left (1972) e Os Olhos da Montanha (1977), colocavam gente normal face ao horror escondido em situações em que as regras da civilização já não se aplicavam. Scream 4, em 2011, foi o seu último filme.
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Takuma Nakahira
06.07.1938 – 01.09.2015
Fotógrafo, crítico e activista japonês. É um dos grandes nomes da fotografia japonesa do pós-guerra, ao lado de Shomei Tomatsu e Daido Moryama. Terminou em 1963 o curso de Relações Internacionais em Tóquio. Logo depois começou a trabalhar como editor numa revista de arte contemporânea onde publicou os seus primeiros trabalhos com o pseudónimo Akira Yuzuki. Dois anos depois, saiu com o intuito de construir a sua carreira. Tornou-se amigo de Tomatsu, Shuji Terayama e Daido Moriyama. Em 1968, Nakahira juntamente com Yutaka Takanashi, Takahiko Okada e Koji Taki fundaram a seminal revista Provoke, que duraria apenas dois anos. Em 1971 mostrou os seus trabalhos na Bienal de Paris. O primeiro fotolivro de Nakahira, For a Language to Come (Kitarubeki kotoba no tame ni, 1970), é descrito como "uma obra-prima do reducionismo". Martin Parr e Gerry Badger incluiram-no no primeiro volume de The Photobook: A History. O estilo de fotografia de Nakahira era cru, directo e desfocado.
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Delfina Cruz
05.03.1946 – 08.09.2015
Actriz portuguesa. Começou a representar aos 13 anos, num grupo de amadores na escola, no Algarve. Pela mão do empresário Vasco Morgado (pai) estreou-se aos 16 anos, no Teatro Monumental, na Revista Férias de Lisboa. Depois participou na comédia musical Paris Hotel. Em 1968 participou no filme O Amor. Seguiram-se os filmes Nem Amantes nem Amigos (1970) e Derrapagem (1974). Na RTP gravou peças clássicas do teatro português como Tá-mar, de Alfredo Cortez, Roberta de Romeu Correia, O caso Vorese, entre outras. Colaborou em vários programas de televisão como Ora Viva, Sabadabadu, Quem casa quer casa ou Eu Show Nico. Também apareceu no conhecido programa de humor Malucos do Riso. Participou em telenovelas como Todo o Tempo do Mundo (1999), Olhos de Água (2001), Nunca Digas Adeus (2001) e Sonhos Traídos (2002). Em 2012 participou em Remédio Santo. Em 2005 integrou o elenco da peça Vida Breve, de Bernardo Santareno, encenada por João Loy no Teatro Há-de Ver.
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Moses Malone
23.03.1955 – 13.09.2015
Basquetebolista norte-americano. Jogou na American Basketball Association (ABA) e na National Basketball Association (NBA) entre 1974 e 1995. Foi eleito jogador mais valioso (MVP) da NBA em três ocasiões. Foi campeão pelos Philadelphia 76ers em 1983, ano em que foi eleito MVP da final e da temporada, repetindo os feitos de 1979 e 1982. Conhecido como presidente da direcção (chairman of the boards), pelas qualidades nos ressaltos, jogou por oito equipas durante 20 temporadas, com uma média de 20,6 pontos e 12,2 ressaltos por jogo. Malone, que esteve também presente em 12 edições do jogo All Star, terminou a carreira em 1994-95, tendo sido incluído no Hall of Fame em 2001.
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Betty Lago
24.06.1955 – 13.09.2015
Actriz brasileira. Em Portugal ficou sobretudo conhecida por alguns papéis em telenovelas. Começou a carreira como modelo no início dos anos 1970, tendo feito um percurso internacional nessa qualidade durante mais de 10 anos. Estreou-se como actriz num pequeno papel no filme Dona Flor e os Seus Dois Maridos, em 1976. Na televisão estreou-se na mini-série Anos Rebeldes (1992) de Gilberto Braga, depois de ter feito cursos de interpretação no final dos anos 1980, na recta final da sua carreira como modelo. Desde então, entrou nas mais diversas telenovelas como Quatro Por Quatro, Kubanacan, Uga Uga, Pé na Jaca, Guerra e Paz ou O Quinto dos Infernos. O seu último trabalho remonta a 2013, na novela Pecado Mortal.
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Jackie Collins
04.10.1937 – 19.09.2015
Escritora e argumentista britânica. Mudou-se para Los Angeles nos anos 1960 e passou quase toda a vida nos EUA. Escreveu 32 romances, todos incluídos na lista de bestsellers do New York Times. Os seus livros (tórridos, sem tabus e com muito sexo) venderam mais de 500 milhões de cópias e foram traduzidos em mais de 40 línguas. Oito livros foram adaptados ao cinema e a séries de televisão. Estreou-se aos 30 anos com o romance O Mundo Está Cheio de Homens Casados, em 1968, e logo aí não passou despercebida. Jackie Collins viu a sua primeira obra ser banida da Austrália e da África do Sul por nela descrever uma cena de sexo extraconjugal. Era considerada a rainha da literatura cor-de-rosa. Em Portugal a sua obra foi editada pela Europa-América.
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Vitor Silva Tavares
17.07.1937 – 21.09.2015
Editor e escritor português. Começou a colaborar em jornais no final da década de 50 durante o curto período em que passou por Angola (1959-1962), tendo continuado as colaborações em Lisboa, onde fez crítica de cinema na Flama e no Jornal de Letras e dirigiu o suplemento literário do Diário de Lisboa. Em 1974, ainda antes do 25 de Abril, criou a &etc, uma pequena editora independente que se distingue pelo formato quase quadrado dos seus livros, pelo seu catálogo de autores e títulos raros e marginais e por se manter praticamente inalterável ao longo de mais de 40 anos. Sempre recusou a ideia de publicar livros para fazer lucro. Entre os autores publicados pela &etc contam-se Herberto Helder (Cobra, 1977), Alberto Pimenta, João César Monteiro, Antonin Artaud, Adília Lopes, Henri Michaux, Sade, Robert Walser, entre muitos outros.
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Carmen Balcells
09.08.1930 – 21.09.2015
Agente literária espanhola. Foi a grande impulsionadora do boom da literatura sul-americana na Europa, representando os prémios Nobel da Literatura Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez. Era a agente literária de António Lobo Antunes para os direitos estrangeiros desde há vários anos. Para o catalão Manuel Vázquez Montalbán, Balcells era “a superagente literária que passará à história universal pelo seu empenho prometeico em roubar os autores aos editores para lhes dar condições de escritores livres num mercado livre”, já que até ao seu aparecimento os escritores costumavam assinar contractos vitalícios com os editores. Foi com ela que essa situação mudou. Representou, por exemplo, Pablo Neruda, Rafael Alberti, Gonzalo Torrente Ballester, Ana María Matute, Juan Goytisolo, Juan Marsé, Javier Cercas, Rosa Montero, Juan Carlos Onetti, Julio Cortázar, José Donoso, Alfredo Bryce Echenique, Camilo José Cela, Eduardo Mendoza e Isabel Allende.
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“Yogi” Berra
12.05.1925 – 22.09.2015
Jogador de basebol norte-ameicano. Era considerado um dos melhores jogadores de basebol de sempre e símbolo dos norte-americanos New York Yankees. Jogou praticamente toda a carreira com a camisola dos Yankees, entre 1946 e 1963, assumindo um ano depois o cargo de treinador da equipa. Em 1972, mudou-se para os rivais New York Mets, onde permaneceu dois anos. Chamado por 18 vezes para o jogo All Star, Berra conquistou 13 títulos da World Series. É um dos quatro jogadores em toda a história do basebol a ser nomeado por três vezes jogador mais valioso (MVP). Yogi Berra integra desde 1972 o Hall of Fame do basebol norte-americano.
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Georgette Duarte
01.10.1925 – 25.09.2015
Atleta portuguesa. Iniciou a sua carreira desportiva no basquetebol, quando tinha 16 anos, representando o Ateneu Ferroviário. Representou depois o Grupo Desportivo da “CUF” em Basquetebol onde foi internacional. Começou a praticar atletismo na Casa Pia Atlético Clube, no ano de 1943, praticando em simultâneo pingue-pongue, voleibol e basquetebol. Foi atleta do Belenenses entre 1944 a 1958, clube pelo qual se sagrou campeã nacional dos 100, 200, salto em comprimento e salto em altura. Conhecida como a "Gazela de Belém", Georgette Duarte sagrou-se oito vezes campeã nacional dos 100 metros, quatro dos 200, nove do salto em comprimento e três do salto em altura.
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Brian Friel
09.01.1929 – 02.10.2015
Dramaturgo norte-irlandês. Considerado o mais importante dramaturgo irlandês da sua geração, as suas peças ajudaram a formar muitos actores que depois se distinguiriam no cinema, como Liam Neeson ou Stephen Rea. Escreveu dezenas de peças, várias delas adaptadas ao cinema, como Philadelphia, Here I Come ou Dancing at Lughnasa, talvez a sua peça mais conhecida, que o cineasta Pat O’Connor adaptou ao cinema em 1998 no filme homónimo interpretado por Meryl Streep e Michael Gambon. O rótulo de Tchékov irlandês, não o deve apenas ao facto de ter um talento comparável ao do contista e dramaturgo russo. Friel traduziu várias obras de Tchékov, e este foi uma influência determinante na sua própria dramaturgia, que inclui várias peças construídas sobre enredos e personagens tchekovhianos, como The Yalta Game (2001), inspirado num dos seus contos. Em Portugal, foi traduzido por Paulo Eduardo Carvalho e encenado por Nuno Carinhas.
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José Vilhena
07.07.1927 – 03.10.2015
Cartoonista, humorista, editor, desenhador, ilustrador, escritor e pintor português. Marcou gerações de humoristas portugueses e criou centenas de títulos emblemáticos. Antes da Revolução de Abril viveu com a censura à perna de forma quase ininterrupta, ou não tivesse assinado quase seis dezenas de livros, todos censurados, todos vendidos ao seu público fiel por baixo da mesa nas tabacarias. Onze dias depois do 25 de Abril de 1974, começou a fazer a sua cronologia da revolução em Gaiola Aberta, o seu título mais célebre. “One man show”, trabalhador verdadeiramente independente que se responsabilizava sozinho por todo o processo de elaboração e produção dos seus livros e revistas, José Vilhena, nome incontornável do humor português, na linha de um Bordalo Pinheiro, mas contemporâneo da libertação sexual das décadas de 1960-70.
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Henning Mankell
03.02.1948 – 05.10.2015
Escritor e dramaturgo sueco. Desde 1987 que dividia a sua vida entre a Suécia e Moçambique, onde dirigia, em Maputo, a companhia Teatro Avenida. É um dos escritores suecos mais lidos no mundo, traduzido para mais de 40 línguas, e com mais de 40 milhões vendidos. Mankell começou cedo a escrever teatro e ficção, mas só publicou o seu primeiro policial em 1991. Chamava-se O Assassino Sem Rosto (Mördare utan ansikte) e o seu herói, Kurt Wallander, era inspector na polícia de Ystad, uma pequena cidade sueca de 20 mil habitantes. Divorciado e pai de uma filha, Wallander tinha ainda uma relação algo difícil com o seu próprio pai, um homem que pintava obsessivamente a mesma paisagem, por vezes acrescentando-lhe um galo selvagem. Envolvido nos protestos contra a guerra do Vietname, o apartheid sul-africano ou o colonialismo português nos anos 60, Henning Mankell nunca deixou de se envolver em causas políticas. Estava casado desde 1998 com a realizadora e directora teatral Eva Bergman, sua quarta mulher, e deixa um filho, o produtor Jon Mankell, envolvido nas adaptações televisivas suecas da obra do pai.
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Chantal Akerman
06.06.1950 – 05.10.2015
Argumentista e realizadora belga. Foi uma das grandes cineastas contemporâneas, uma intérprete singular, e frequentemente sublime, de uma ideia de modernidade cinematográfica. Era "filha" do casamento entre a Nouvelle Vague e a vanguarda americana, os Warhols, Mekas, Brakhages e etc., que conheceu de perto quando, ainda nova, no princípio dos anos 1970, foi apanhar a cauda da então fervilhante cena artística nova-iorquina. Chantal, cineasta extremamente profícua (embora um pouco menos nos últimos anos), fez um pouco de tudo. Dos ensaios experimentais (como Hotel Monterey) aos documentários: D'Est, no princípio dos anos 90, permanece como um dos filmes essenciais sobre a paisagem do antigo Bloco de Leste no período pós-soviético.
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Jim Diamond
28.09.1951 – 08.10.2015
Músico escocês. A canção I Should Have Known Better serviu de banda sonora aos slows mais cheesy de meados da década de 1980 e teria certamente ficado mais do que uma semana no número 1 do Top britânico se, entretanto, não tivesse aparecido The Power of Love. Escocês de Glasgow, Diamond integrou a sua primeira banda aos 14 anos. Já em Londres foi um dos Bandit, tendo depois assinado com a Arista Records. Após uma passagem por Los Angeles, e já de regresso ao Reino Unido, formou os Ph.D com Tony Hymas e Simon Phillips. O primeiro single do álbum de estreia da banda, intitulado I Won’t Let You Down, vendeu milhões, mas a banda não durou e Diamond assinou a solo com a A&M Records. O single I Should Have Known Better, do álbum a solo Double Crossed (1984) entrou directamente para o primeiro lugar do top.
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Geoffrey Howe
20.12.1926 – 09.10.2015
Político britânico. Desempenhou um papel decisivo na governação de Margareth Thatcher e foi também decisivo na sua queda. Howe, que foi vice-primeiro-ministro britânico, foi um dos principais ideólogos da política económica de Margaret Thatcher e um europeísta convicto. Foi o ministro que mais tempo se manteve em funções no Governo Thatcher, ocupando sucessivamente os cargos de ministro das Finanças, dos Negócios Estrangeiros e, mais tarde, vice-primeiro-ministro. Foi também líder do partido conservador na Câmara dos Comuns. Em Novembro de 1990, anunciou a demissão num discurso perante a Câmara dos Comuns, no qual atacou violentamente a política europeia de Thatcher e a sua recusa categórica da adesão do Reino Unido ao projecto da moeda única. O discurso provocou uma crise no partido conservador que culminou com a queda da “dama de ferro” três semanas depois.
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Costa Pinheiro
1932 – 09.10.2015
Artista plástico português. Homem reservado, pouco afeito aos holofotes da consagração, Costa Pinheiro desenvolveu parte relevante do seu percurso na Alemanha, onde granjeou o reconhecimento de artistas, comissários e galeristas, e foi, na opinião do historiador e crítico de arte Bernardi Pinto de Almeida, um pioneiro discreto de várias tendências da arte contemporânea. Fez a sua primeira exposição individual em 1956, na Galeria Pórtico, em Lisboa. Um ano depois obteve uma bolsa do Ministério da Cultura da Baviera, para estudar na Academia de Belas-Artes de Munique. Acompanharam-no à cidade alemã, onde estudou gravura com o pintor Geitlinger, Lourdes Castro e Gonçalo Duarte. De regresso a Lisboa em 1958, recebe uma bolsa da Gulbenkian e viaja para Paris. É na capital francesa que, em 1960, convive com Vieira da Silva e Arpad Szenes e funda o grupo e a revista KWY na companhia de Lourdes Castro, Gonçalo Duarte, José Escada, René Bertholo, João Vieira, do búlgaro Christo Javajeffe e do alemão Jan Voss. Sente fisicamente a asfixia do regime de Salazar (é preso pela PIDE em Caixas) e em 1963 foge para a Alemanha. Terminada aventura da KYW, vai desenvolvendo um percurso entre Munique e Paris, distante da cena artística portuguesa.
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Deolinda Rodrigues
31.12.1924 – 10.10.2015
Fadista e actriz portuguesa. Nasceu no último dia do ano mas preferia comemorar o aniversário um dia depois, no ano novo. Em1944 estreou-se como profissional no Baía, no Parque Mayer, e passou por algumas das mais simbólicas casas de fado, como a Faia, o Painel do Fado, o Retiro Andaluz e a Tipóia. Manteve um programa na Emissora Nacional, estreando-se no teatro na revista Cartaz da Mouraria, a 8 de Maio de 1947. Abandonou a carreira em 1950, após o casamento e o nascimento da filha, regressando ao cinema com a participação no filme Cantiga da Rua. Participou em várias peças de teatro, operetas e filmes, dos quais se destacam Madragoa (1952), Passarinho de Ribeira (1960), a opereta Nazaré (1964), e a revista Sopa no Mel, no Teatro Maria Vitória em 1965. Em 1987, fez para a RTP a sitcom Solar Alfacinha e, em 1996, participou na telenovela Vidas de Sal. Em 2007 foi-lhe atribuída pela Câmara de Lisboa a Medalha Municipal de Mérito, destacando-se como um nome "incontornável da canção nacional na primeira metade do século XX".
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Hilla Becher
02.09.1934 – 10.10.2015
Fotógrafa alemã. Com o marido, Berndt, com quem trabalhava em dupla, tornou-se numa referência maior da arte e da fotografia contemporânea internacional, gigantes que cunharam um estilo: a “escola Becher”. Depósitos de água, tanques de gás, passadeiras de areia, altos-fornos, moinhos, armazéns, fábricas, elevadores e torres de carvão, silos, refeitórios, fornos de cal, tudo quase sempre fotografado a preto-e-branco nas perspectivas frontais através das quais acreditavam que se revelava a verdade maior de um sujeito: ao longo de 50 anos Bernd e Hilla Becher fotografaram juntos – desde que em 1957 se conheceram como estudantes de arte. Juntos, escolheram uma vida seminómada sempre em busca de formas, materiais e construções condenados à extinção, primeiro na Alemanha e em vários países da Europa Central, e, depois, nos EUA. Sem assinatura individual, o casal cumpriu um grande programa de arqueologia visual industrial. Minimalista e conceptual, inspirado nos trabalhos de aproximação sistemática e pseudocientífica dos anos 1920 e 1930 de Karl Blossfeldt, Albert Renger-Patzsch e Angust Sander, um movimento que ficou conhecido como Novo Objectivismo, Bernd e Hilla Becher fizeram cerca de 16 mil fotografias que foram apresentando em grupos de 6, 9 ou 12 imagens. Sempre o mesmo protocolo: dias cinzentos, vistas frontais, sujeito ao centro do campo, preto-e-branco neutro.
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António da Silva (chefe Silva)
29.03.1934 – 14.10.2015
Cozinheiro português. Sonhava ser empregado de mesa porque “andavam com as unhas mais cuidadinhas, com o lacinho”, contou ao Correio da Manhã. Mas António da Silva ficou famoso não pela arte de servir à mesa, mas pela da cozinha. Os portugueses conhecem-no como chefe Silva e muitos lembram-se ainda de o ver no programa televisivo TeleCulinária e nas revistas com o mesmo nome.
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Gamal Al-Ghitani
09.05.1945 – 18.10.2015
Romancista, jornalista e humanista egípcio. Era um dos nomes mais destacados da literatura egípcia. O escritor começou a trabalhar, ainda em rapaz, como desenhador de tapetes, muito longe de imaginar que muitos anos mais tarde se tornaria num respeitado intelectual muçulmano. Começou como jornalista, actividade que manteve durante muitos anos e já depois de várias obras editadas, destacando-se como repórter de guerra. Cobriu, por exemplo, o conflito israelo-árabe de 1973. Sempre crítico dos regimes árabes, Al-Ghitani nunca escondeu, nas suas obras, as posições que assumia publicamente noutros fóruns. O escritor chegou a ser preso, no regime de Gamal Abdel Nasser, pelos seus constantes ataques ao poder e pelo seu militantismo (reivindicou o marxismo). Com mais de uma dezena de livros publicados, traduzidos em várias línguas (com particular destaque para o francês, o alemão e o inglês), Ghitani viu alguns dos seus livros na lista de obras proibidas no Egipto.
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Yoná Magalhães
07.08.1935 – 20.10.2015
Actriz brasileira. Era conhecida do público português sobretudo pela participação em telenovelas de grande sucesso como Roque Santeiro e Tieta do Agreste. Era considerada "a primeira mocinha das novelas da TV Globo" e ao lado do actor galã Carlos Alberto (que foi seu marido) formou vários pares românticos em várias telenovelas, sendo o primeiro em Eu Compro Esta Mulher, de 1966. Um dos pontos altos na sua carreira foi a participação, em 1964, no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, marco do Cinema Novo brasileiro. Yoná cedo se destacou como actriz nas principais produtoras de telenovelas brasileiras, primeiro na TV Tupi e mais tarde na Bandeirantes e na TV Globo, onde desempenhou os seus papéis mais marcantes. Em Roque Santeiro foi Matilde, a dona do bordel que lhe valeria um convite, aos 50 anos, para posar nua para a revista Playboy. Em Tieta do Agreste foi a ingénua Tonha, a madrasta da personagem principal desempenhada por Betty Faria. O seu último trabalho foi como Glória Pais na novela Sangue Bom, de 2013.
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Marureen O’Hara
17.08.1920 – 24.10.2015
Actriz e cantora irlandesa. Era conhecida pelos seus papéis de mulheres intempestivas, nomeadamente ao lado de John Wayne, seu amigo de longa data, nos filmes de John Ford. Não era por acaso que lhe cahamavam "Big Red", pelo seu cabelo mas também pelo temperamento marcado das suas personagens. Foi a mãe de Natalie Wood no clássico filme natalício De Ilusão Também Se Vive - Miracle on 34th Street (1947), talvez o seu filme mais conhecido, e a Mary Kate Danaher de O Homem Tranquilo. Mas foi O Vale Era Verde e John Ford que a transformou numa espécie de ícone. Chegou a ser promovida, com o advento do cinema a cores, como a "rainha do Technicolor". Como nos casos dos filmes de piratas em que entrou, os sublimes The Black Swan (Henry King, 1942), e The Spanish Main (Frank Borzage, 1945), onde a sua beleza ruiva explodia entre as mil cores do Technicolor. Era a última grande vedeta, e grande actriz, sobrevivente da época clássica de Hollywood, memória viva dessas longínquas décadas douradas que o cinema americano viveu entre os anos 30 e os anos 50. A sua autobiografia, intitulada Tis Herself, foi publicada em 2004 e tornou-se um best-seller do New York Times.
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Ricardo Mealha
22.10.1968 – 25.10.2015
Designer português. Foi responsável pela imagem gráfica de várias marcas nas últimas décadas, cruzando desde instituições mais tradicionais como o Ministério da Cultura ou o Banco Espírito Santo (BES) com outras mais vanguardistas como a discoteca Lux e o restaurante Bica do Sapato, em Lisboa. Fundou o atelier RMAC–Ricardo Mealha/Ana Cunha, que depois vendeu ao grupo BBDO Portugal. Desde 2014 era director criativo da Brand Gallery. Na década de 1990, antes de abrir a sua agência, Ricardo Mealha trabalhou na agência de publicidade Young&Rubicam e na Novodesign. Realizou projectos para vários organismos do Ministério da Cultura, como a Companhia Nacional de Bailado, trabalhou com a Moda Lisboa, a loja de decoração Área, A Vida Portuguesa, Vista Alegre, Casa das Histórias Paula Rego, grupo Jerónimo Martins, hotéis Tivoli, azeite Gallo, entre outros. Foi distinguido com mais de 80 prémios em concursos portugueses e internacionais.
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Günter Schabowski
04.01.1929 – 01.11.2015
Político alemão. Foi membro e porta-voz da comissão política do Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA ou SED, iniciais de Sozialistische Einheitspartei Deutschlands), o partido comunista único durante a maior parte da existência da autodenominada República Democrática Alemã. Schabowski ganhou fama mundial em 9 de Novembro de 1989 por propiciar acidentalmente a abertura da fronteira interna alemã, incluindo o Muro de Berlim.
O homem que anunciou acidentalmente a queda do muro de Berlim
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José Fonseca e Costa
27.06.1933 – 01.11.2015
Cineasta português. Símbolo da geração do Novo Cinema nos anos 1970 e realizador de filmes como Kilas, o Mau da Fita (1981), Sem Sombra de Pecado (1983, escrito com Mário de Carvalho e David Mourão-Ferreira), Balada da Praia dos Cães (1986, adaptação do romance de José Cardoso Pires) ou Cinco Dias, Cinco Noites (1996, adaptação da novela de Manuel Tiago, pseudónimo de Álvaro Cunhal). Nos seus filmes, o argumento era fundamental. Era um contador de histórias. Nasceu no Huambo, em Angola, e mudou-se para Lisboa em 1945. Entre 1951 e 1955 frequentou o curso de Direito, em Lisboa, que não terminou para se dedicar ao cinema. Membro da direcção do Cineclube Imagem, fez crítica de cinema nas revistas Imagem e Seara Nova. Traduziu para português livros de teoria cinematográfica da autoria de Eisenstein, Guido Aristarco e alguns romances, entre eles Il Compagno de Cesare Pavese e Passione di Rosa de Alba de Cespedes. Concorrente ao lugar de assistente de realização da RTP (à data da sua fundação) foi impedido de entrar nos quadros da empresa por interferência da (PIDE), embora tenha ficado classificado em primeiro lugar.
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Pancho Guedes
13.05.1925 – 07.11.2015
Arquitecto, escultor e pintor português. Gostava de dizer que a arquitectura não tinha de ser “chata” e orgulhava-se de desenhar edifícios que criavam grande perturbação nas cidades onde eram construídos. Nasceu em Lisboa, mas mudou-se ainda criança para África, onde aliás tem grande parte da sua obra construída. O pai, médico, levou-o primeiro para São Tomé, mas foi Moçambique e, depois, a África do Sul que se revelaram determinantes no seu percurso. O edifício que ficou conhecido como O Leão que Ri, construído em 1958 na então Lourenço Marques, actual Maputo, é um os mais emblemáticos do seu percurso profissional. É nesta cidade, aliás, que Pancho Guedes deixa grande parte da sua obra.
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André Glucksmann
19.06.1937 – 09.11.2015
Filósofo e ensaísta francês. Começou como militante comunista, um dos “novos filósofos”, juntamente com Bernard-Henri Lévi, defensor – e depois detractor – da Revolução Cultural maoista na China. Acabou a apoiar – e depois denunciar – Nicolas Sarkozy e a sua direita na presidência francesa. Era assistente do sociólogo Raymond Aron quando as revoltas estudantis do Maio de 68 se deram em França, nas quais participou activamente. Em meados da década de 1970 cortou drasticamente com o marxismo, entre outros gestos através do livro de 1975 A cozinheira e o devorador de homens: ensaio sobre o Estado, o marxismo e os campos de concentração. Editado em Portugal em 1978 – pela Afrontamento – foi a primeira de várias das suas obras vertidas para português. Entre elas ainda Os mestres pensadores (D. Quixote, 1978), O bem e o mal: cartas imorais de Alemanha e de França (Inquérito, 1998) e O Maio de 68 explicado a Nicolas Sarkozy (Guerra & Paz, 2008), que Glucksmann escreveu com o filho.
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Allen Toussaint
14.01.1938 – 10.11.2015
Cantor, pianista, produtor e compositor norte-americano. Lenda do R&B de Nova Orleães, muitas das canções de Toussaint tornaram-se conhecidas a partir de versões gravadas por outros artistas, como Working in the Coalmine, Ride Your Pony, Fortune Teller ou Play Something Sweet (Brickyard Blues). Foi autor e produtor de inúmeros sucessos da música popular, para artistas tão variados como Otis Redding, Ringo Star, Rolling Stones, The Who, Paul McCartney & Wings ou Elvis Costello, com quem faria o álbum The River in Reverse. Southern nights, uma das suas canções de maior sucesso e que dá nome ao álbum de 1975 por muitos definido como “seminal” para o desenvolvimento do R&B de Nova Orleães, é uma excepção num percurso que, no que toca a interpretações em nome próprio, é mais conhecido dos especialistas do que do grande público.
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Helmut Schmidt
23.12.1918 – 10.11.2015
Político alemão. Membro do Partido Social-Democrata da Alemanha. Considerado um dos pais do Euro e um dos maiores estadistas do século XX. Foi o quinto chanceler da Alemanha, de 1974 a 1982. Ao longo da década de 1970, primeiro como ministro da Defesa e ministro da Economia, mas principalmente como responsável pela pasta das Finanças e chanceler, Schmidt ajudou a recolocar a Alemanha no topo dos países mais influentes e poderosos do mundo, prosseguindo, ao mesmo tempo, uma política de aproximação com a Europa de Leste e de alinhamento com os Estados Unidos e a NATO. Recordado por uma série de declarações frontais mas controversas e fumador inveterado, Schmidt deixou um conselho à nova geração de políticos numa entrevista ao jornal Bild, quando celebrou 90 anos: "É preciso ter vontade. E cigarros."
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Paulo da Cunha e Silva
1962 – 11.11.2015
Médico, crítico e curador de arte português. Foi vereador na Câmara Municipal do Porto. Possuía uma capacidade invulgar de colocar em rede, de forma criativa, pessoas, objectos, lugares e situações. Um dos seus slogans era a vontade de transformar o Porto numa “cidade líquida”, movente, “onde tudo pode acontecer em todo o lado”. Entre as suas realizações, esteve também a devolução à cidade do Teatro Rivoli – e não será por acaso que a cerimónia fúnebre foi instalada no palco deste teatro municipal. Antes de chegar à vereação da Câmara do Porto, Cunha e Silva foi director do Instituto das Artes entre 2003-05, a convite do então ministro da Cultura, Pedro Roseta. A associar às suas funções de programador e responsável político, Paulo Cunha e Silva era professor associado de Pensamento Contemporâneo na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O trabalho teórico que produzia na área do pensamento contemporâneo passava pelo questionamento do lugar do corpo nas artes. Em Outubro, Paulo Cunha e Silva foi condecorado pelo Governo francês com o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras, pelo "seu serviço à Cultura". O diplomata Fernando Neves sintetiza a sua figura multifacetada nestes termos: “Ele era um iconoclasta conservador e um reformista revolucionário”.
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José Paulouro das Neves
1937 – 16.11.2015
Diplomata e professor universitário português. Viveu a crise académica 1956, que opôs os estudantes ao Estado Novo, oposição que voltou a manifestar-se – e que Paulouro das Neves continuou a apoiar – nas crises de 1962 e 1969. Foi descrito por Seixas da Costa como “um dos mais brilhantes diplomatas portugueses das últimas décadas”. Sobre a diplomacia publicou o livro Rituais de entendimento – teoria e prática diplomáticas.
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Jonah Lomu
12.05.1975 – 18.11.2015
Jogador de râguebi neozelandês. Foi considerado um dos melhores jogadores de râguebi de todos os tempos. Lomu fez 43 ensaios nas suas 63 partidas pelos All Blacks entre 1994 e 2002. Nascido num dos subúrbios mais pobres de Auckland, Lomu foi a grande estrela da geração dos All Blacks da década de 1990, tida como uma das mais brilhantes entre todos os desportos do país. Quando se estreou, em 1994, Lomu foi o mais jovem a jogar na selecção neozelandesa. Tinha apenas 19 anos. Lomu revolucionou o râguebi, graças a uma forma de jogar baseada na sua velocidade e envergadura, e contribuiu para a promoção da modalidade em todo o mundo, num período que coincidiu com a profissionalização do râguebi. George Gregan, lenda do râguebi australiano, considerou-o “um gigante gentil” e “uma superestrela internacional que colocou o râguebi no mapa”. O ensaio concretizado na meia-final do Mundial de râguebi em 1995, contra a Inglaterra, foi considerado a melhor jogada de um Mundial. Pouco tempo depois, foi-lhe diagnosticada uma síndrome nefrótica, que afecta os rins.
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Jorge Afonso
1940 – 26.11.2015
Designer português. Era um dos primeiros licenciados em Design em Portugal. Foi professor da Faculdade de Belas Artes do Porto por 20 anos. Fundou em 1989 a ESAD com Coelho dos Santos, Carlos Marques e Eurico Lemos Pires. Colabora também na organização do 1º Encontro Nacional de Design, em Julho de 1990. A sua prática como designer passou por várias áreas, do gráfico aos interiores passando pela exposição. Entre 1979 e 1993, colaborou como designer gráfico com o Jornal de Notícias, e ajudou a desenhar os jornais Notícias da Tarde ou o desportivo O Jogo. Desenvolveu ainda projectos com a Cerâmica do Fojo, a Universidade do Porto ou a Fundação Eng. António de Almeida.
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Beatriz da Conceição
21.08.1939 – 26.11.2015
Fadista portuguesa. Intérprete de êxitos como Ovelha Negra ou emblemáticos como Meu Corpo, que recebeu em 2008 o Prémio Amália Rodrigues de Carreira. A "Tia Bia", como era conhecida no meio fadista, era uma "diva" na forma de estar e na atitude de autenticidade. Uma grande intérprete, ao nível das melhores. E uma referência para as novas gerações. O musicólogo e historiador do fado Rui Vieira Nery não hesita em dizer que ela foi “uma das três ou quatro figuras mais importantes da história do fado do último meio século”, destacando-lhe o “talento”, a “originalidade”, o “carácter único da sua arte” e “o grande cuidado na escolha dos poetas que queria cantar, com uma enorme exigência na escolha do repertório”.
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Luc Bondy
18.07.1948 – 28.11.2015
Encenador de teatro suíço. Dirigia um dos mais importantes teatros franceses, o Odéon - Théâtre de l'Europe. Tornou-se, ao longo de uma carreira que atravessou cinco décadas (chegou à Escola Jacques Lecoq pouco depois de abandonar os estudos aos 16 anos) e se cruzou com as mais importantes instituições (incluindo a mítica Schaubühne de Peter Stein, que acabaria por substituir em 1985), um verdadeiro almanaque vivo do teatro europeu. Apesar de ter sido um dos seus mais celebrados e mais prodigiosos protagonistas, tinha uma invulgar compulsão para desaparecer nos seus actores, como o público do Festival de Almada pôde testemunhar em 2009, quando aqui trouxe uma encenação de As Criadas, de Jean Genet em que se escondia atrás de uma enorme actriz, Edith Clever. Não tinha outra maneira de estar no teatro, como explicou então.
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Fatema Mernissi
01.01.1940 – 30.11.2015
Socióloga marroquina. Autora de Beyond the Veil (1975), um marco na literatura feminista islâmica. Em Rabat ensinava sociologia da família e psicologia na Faculdade de Letras da Universidade Mohammed V. Com dezena e meia de livros publicados ao longo de quatro décadas, recebeu em 2003 o prémio Príncipe das Astúrias na categoria de Literatura, ex aequo com a escritora e cineasta norte-americana Susan Sontag, que viria a morrer no ano seguinte. Em 2013, Mernissi foi a única marroquina escolhida para integrar a lista das cem mulheres mais influentes do mundo árabe organizada pela revista Arabian Business.
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Shigeru Mizuki
08.03.1922 – 30.11.2015
Ilustrador japonês. Era uma dos mais lendário autor japonês de manga. Foi duas vezes premiado no Festival de BD de Angoulême (2007 e 2009). É o autor das famosas séries de terror GeGeGe no Kitaro. Iniciou a carreira de desenhador de mangas terminada a II Guerra. Fez da sua experiência militar, dos horrores que viveu e/ou presenciou, a principal fonte da sua arte. A série que o tornaria célebre encena a luta de um rapaz (Kitaro) contra monstros que tanto são inspirados nos fantasmas tradicionais japoneses como nas suas memórias de soldado. Ao longo da sua carreira, entre os anos 1960-90, Mizuki criou uma dezena de séries tornando-se numa referência da manga, o género mais famoso da produção japonesa de BD. No seu país, em 2010, recebeu a distinção de Personalidade de Mérito Cultural. Tem um museu com o seu nome em Sakaiminato, concelho de Tottori, sua terra natal, onde se podem ver mais de uma centena de estátuas com as personagens das suas histórias.
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Victor Roque Amaro
1950 – 01.12.2015
Maestro e musicólogo português. Antigo director do Coral Vértice e fundador do Concertus Antiquus. Foi tenor do Coro Gulbenkian, director de agrupamentos como os corais Vértice, Dom Luís I, Educ(ant)are e Corellis, além do Concertus Antiquus, entre outras formações. Esteve associado à organização do antigo Festival dos Capuchos, fundado por José de Adelino Tacanho, vocacionado para a música pré-romântica, que retomou em 2005, sob o mote "O Jardim das Hespérides". Trabalhou com os maestros Michel Corboz, Cristopher Hogwood, Jordi Savall, Ton Koopman, Manuel Morais, Fernando Eldoro, Jorge Matta, entre outros. Na área da Musicologia, trabalhou com Rui Vieira Nery e Philip Thorby.
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Scott Weiland
27.10.1967 – 03.12.2015
Músico norte-americano. Antigo vocalista dos Stone Temple Pilots e dos Velvet Revolver e dos The Wildabouts. Fundou os Stone Temple Pilots em 1989. A banda destacou-se na década de 1990 e ganhou um Grammy pela canção Plush, em 1994. Com a explosão do grunge no início da década de 1990, através dos Nirvana e dos Pearl Jam, e a consequente ascensão do rock mais agressivo, os Pilots ganhariam lugar de destaque com a edição de Core, o álbum de estreia, em 1992. Dois anos depois, Purple cimentaria essa posição. Weiland esteve à frente da banda até 2002 e nesse ano formou o supergrupo de hard rock Velvet Revolver com antigos membros dos Guns N’Roses. Em 2008, deixou a banda e voltou para os Pilots, que regressaram ao activo nesse mesmo ano. Weiland viria a abandonar de vez a banda em 2013, substituído então por Chester Bannington, dos Linkin Park. O músico trabalhou também a solo, tendo editado 12 Bar Blues (1998), Happy in Galoshes (2008) e The Most Wonderful Time of The Year (2011)..
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Robert Loggia
03.01.1930 – 04.12.2015
Actor norte-americano. Começou a carreira nos anos de 1950. Cruzou o cinema e televisão norte-americanos sobretudo em papéis secundários. Em 1985, foi nomeado para um Óscar na categoria de Melhor Actor Secundário pelo seu papel no filme O Fio do Suspeito, de Richard Marquand. O seu rosto forte e voz rugosa determinaram-lhe papéis de figuras que operavam nas margens da lei, como o barão da droga Frank Lopez de Scarface – A Força do Poder, de Brian de Palma, ou o criminoso Eduardo Prizzi em A Honra dos Padrinhos, de John Huston. Experimentou o humor, quer com Blake Edwards, em dois filmes da série A Pantera Cor-de-Rosa, quer ao lado de Tom Hanks no filme Big, de 1988. Do seu percurso fazem parte também filmes como O Lutador, onde contracenou com Sylvester Stallone, Estrada Perdida, de David Lynch – e que Loggia considerava “um dos melhores filmes” nos quais entrou –, e ainda uma participação especial na série Os Sopranos.
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Marília Pêra
22.01.1943 – 05.12.2015
Actriz, cantora, bailarina, coreógrafa e produtora brasileira. A imprensa brasileira chamou-lhe “uma das grandes damas do teatro e da televisão do Brasil”, embora a sua carreira no cinema não possa ser relegada para segundo plano. Em Portugal ficou conhecida sobretudo por novelas como Rainha da Sucata (1990), Cobras & Lagartos (2006), Duas Caras (2007) e Ti Ti Ti (2010). A sua formação em dança, entre os 14 e os 20 anos, permitiu-lhe, no início da carreira, participar em vários musicais como My Fair Lady (1962) e O Teu Cabelo não Nega (1963), onde fazia de Carmen Miranda, figura a que, aliás, haveria de voltar várias vezes ao longo do seu percurso profissional. No entanto, teria de esperar por 1965, e pelo arranque da “fábrica” de telenovelas Globo, para se tornar verdadeiramente conhecida. A actriz fez parte do elenco que inaugurou a estação e protagonizou as novelas Rosinha do Sobrado e Padre Tião, demonstrando a sua aptidão natural tanto para o drama como para a comédia. Com Walter Salles rodou Central do Brasil (1999), em que contracena com Fernanda Montenegro.
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Nuno Gonçalves
1974 – 07.12.2015
Músico português. Conhecido no meio musical como "Mr. D" era teclista dos Expensive Soul. Em 2004, a banda lançou o seu primeiro álbum, B.I. O single Eu Não Sei tornou-se um sucesso, depois de tema ter sido escolhido para a banda sonora da série televisiva juvenil Morangos com Açúcar. Desde então, a banda nunca mais desapareceu, sendo uma presença habitual nos festivais portugueses. Soma já quatro discos de originais e em 2012 editou o DVD Expensive Soul Symphonic Experience – o concerto que deu em Guimarães com Orquestra Estúdio, dirigida pelo maestro Rui Massena.
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Maria Eugénia Cunhal
17.01.1927 – 10.12.2015
Jornalista e escritora portuguesa. Era a irmã mais nova do antigo líder comunista Álvaro Cunhal. Pertencia ao sector intelectual (artes e letras) da Organização Regional de Lisboa do PCP, foi detida pela polícia política do Estado Novo aos 18 anos, sendo ainda presa para interrogatórios noutras ocasiões, enquanto Álvaro Cunhal se encontrava na clandestinidade. Professora, tradutora, jornalista e escritora foram as suas ocupações profissionais, tendo publicado as obras O Silêncio do Vidro (1962), História de Um Condenado à Morte (1983), As Mãos e o Gesto (2000), Relva Verde para Cláudio (2003) e Escrita de Esferográfica (2008), além da primeira tradução para português dos contos de Tchékov, Os Tzibukine (1963).
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Fernando Ka
10.09.1953 – 10.12.2015
Político e activista guineense. Foi deputado do Partido Socialista na VI Legislatura, entre 4 de Novembro de 1991 e 26 de Outubro de 1995. A sua última intervenção pública, um texto intitulado “Até que enfim!...” (PÚBLICO de 28 de Novembro passado), foi dedicado a celebrar a nomeação de Francisca Van Dunen como ministra da Justiça do actual governo: “Há que louvar a coragem de António Costa ao romper com a tradição segregadora, permitindo que um membro da comunidade negra fizesse parte do elenco governativo”, escreveu. Era presidente da direcção da Associação Guineense de Solidariedade Social – Aguinenso.
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Licio Gelli
21.04.1919 – 16.12.2015
Político italiano. Um dos personagens mais controversos da Itália contemporânea, com o seu nome a aparecer em quase todos os escândalos que abalaram o país ao longo dos últimos 30 anos. Foi em 1981 que os italianos descobriram este pequeno homem, de cabelos grisalhos e óculos de aro fino, depois da apreensão, na sua cidade toscana, de uma lista com 962 nomes. A existência da loja maçónica P2 (Propaganda Due), influente rede de políticos, magistrados, banqueiros e militares, de que Gelli era o grão-mestre, foi revelada com estrondo pelas autoridades, para grande estupefacção dos italianos. Gelli deu os seus primeiros passos políticos ao lado dos fascistas. Voluntário em Espanha para combater ao lado dos franquistas, foi depois recebido por Mussolini no seu regresso a Itália. Mas, na véspera da Libertação, Gelli, já um mestre na arte de se proteger, ajuda os resistentes italianos na Toscânia, atraindo assim a benevolência dos responsáveis locais comunistas. Depois da guerra irá regressar aos seus primeiros amores, aderindo ao Movimento Social Italiano (MSI, neo-fascista). Iniciado na maçonaria nos anos 1960, entra para a loja P2 em 1970, que vai pouco a pouco infiltrar-se em todas as engrenagens do Estado e da sociedade, e sobre a qual nunca foi feita inteiramente luz.
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Cândida Ventura
30.06.1918 – 16.12.2015
Professora e política portuguesa. Foi militante e dirigente do PCP. Em 1976 abandonou o partido depois de ter testemunhado o fim da Primavera de Praga e a intervenção soviética. No meio académico, marcado pela Guerra Civil de Espanha (1936-1939), iniciou a sua vida política e aderiu ao PCP, numa militância activa que perdurou por quatro décadas, até Agosto de 1976, desempenhando, de forma continuada, funções políticas relevantes. Pertenceu à Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e trabalhou com Álvaro Cunhal em 1937-1938, de quem tinha sido companheira. Integrou o Bloco Académico Antifascista, organização ilegal e clandestina criada em finais de 1935 que visava combater o fascismo e o governo salazarista. Fez parte da redacção do jornal O Diabo. Ao fim de 18 anos de clandestinidade foi presa, no forte de Caxias, em Agosto de 1960. Após o afastamento do PCP, manteve intervenção política e cívica noutros quadrantes político-partidários e trabalhou como professora e funcionária do Ministério dos Negócios Estrangeiros antes de voltar ao seu Algarve e fixar residência em Portimão. Escreveu, em 1984, o livro O Socialismo que eu vivi.
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Kurt Masur
18.07.1927 – 19.12.2015
Maestro alemão. Estudou piano, órgão, violoncelo e percussão. Foi o homem que recuperou a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque como uma das mais admiradas e prestigiadas. Uma lesão inoperável no tendão da mão direita, aos 16 anos, impediu-o de seguir carreira como instrumentista, o que o obrigou a concentrar os seus esforços e talento na função de maestro (não usava batuta por causa deste problema). Abandonou a Filarmónica de Nova Iorque em 2002, sendo apontado de seguida como seu Director Musical Emérito, cargo criado propositadamente na ocasião. Tornou-se nesse mesmo ano director musical da Orquestra Nacional de França, e aí se manteve até 2008. Foi paralelamente maestro titular da Filarmónica de Londres (entre 2000 e 2007) e maestro convidado honorário da Filarmónica de Israel.
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Carlos Corrêa Gago
25.06.1934 – 25.12.2015
Gestor e político português. Carlos Corrêa Gago foi ministro dos Negócios Estrangeiros no III Governo, liderado por Alfredo Nobre da Costa, e ministro da Coordenação Económica e do Plano, no V Governo Constitucional, liderado por Maria de Lourdes Pintasilgo, no final dos anos 1970. Licenciado em Engenharia de Minas e em Economia, foi ainda administrador da Empresa Pública de Parques Industriais, da Petrosul e da Empresa de Desenvolvimento Mineiro, e foi presidente da Petrogal, da Administração-Geral do Porto de Lisboa e da Somincor. Presidiu igualmente ao Instituto Nacional de Estatística.Entre 1985 e 1991 foi deputado à Assembleia da República, eleito pelo Partido Renovador Democrático. Deixa diversos livros publicados na área do planeamento e da gestão, a título individual ou em parceria com outros autores.
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Jason Wingreen
09.10.1920 – 25.12.2015
Actor norte-americano. Deu voz ao caçador de recompensas Boba Fett em O Império Contra-Ataca, da saga Star Wars. Um trabalho que demorou menos de 10 minutos – “já a contar com o olá, o adeus e isso tudo”, recordou Wingreen mais tarde – tornou-se aquele pelo qual é mais recordado. Ainda que a sua cara não se tenha tornado igualmente famosa. Por outro lado, a personagem transformou-se numa das favoritas dos fãs e a sua história até foi desenvolvida nas três prequelas realizadas por George Lucas, nas quais Jason Wingreen já não colaborou. O actor, que tinha estado nas audições para a voz de Yoda, só foi creditado pelo trabalho como Boba Fett no início dos anos 2000. A carreira de Wingreen passou sobretudo pela televisão, com uma personagem regular na sitcom Uma Família às Direitas e participações em Seinfeld, Star Trek e Twilight Zone.
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Haskell Wexler
06.02.1922 – 27.12.2015
Director de fotografia norte-americano. Responsável pela fotografia de filmes icónicos como Voando sobre um Ninho de Cucos, de Milos Forman, ou Quem Tem Medo de Virgina Woolf?, de Mike Nichols, Wexler foi nomeado cinco vezes para os Oscars e recebeu duas estatuetas da Academia de cinema norte-americana. Trabalhou com cineastas como Elia Kazan, Hal Ashby, George Lucas ou Norman Jewison e tem uma estrela no Passeio da Fama. Haskell Wexler foi ainda um documentarista politicamente envolvido, tendo realizado ou colaborado em filmes que se debruçaram sobre a Guerra do Vietname ou pelos movimentos de defesa dos direitos civis. Foi o primeiro director de fotografia em actividade a receber o prémio de carreira atribuído pela Associação de Directores de Fotografia dos Estados Unidos.
Morreu Haskell Wexler, director de fotografia de Voando Sobre um Ninho de Cucos
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Ellsworth Kelly
31.05.1923 – 28.12.2015
Artista plástico norte-americano. “Um dos grandes artistas abstractos do século XX na América” ou “um verdadeiro original americano” foram algumas das expressões utilizadas para elogiar o pintor e escultor abstracto norte-americano Ellsworth Kelly. Apesar de ser mais conhecido pela sua pintura, Ellsworth Kelly levou à escultura os mesmos princípios, com o mesmo vocabulário de linhas, formas e cores. Em 1957, no regresso de Paris a Nova Iorque, tinha 34 anos quando fez Sculpture for a Large Wall (Escultura para uma Parede Grande), hoje tida como uma obra seminal. Ao longo da sua carreira, Ellsworth Kelly foi alvo de retrospectivas nalguns dos mais importantes museus do mundo - e a sua obra está presente nas colecções de várias destas instituições - como o Guggenheim de Nova Iorque, o Museu de Arte Moderna de São Francisco e o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles; em Portugal, está representado na colecção do Museu Berardo, com uma peça: Yellow Relief with Blue, de 1991.
Morreu Ellsworth Kelly, o gigante do abstraccionismo geométrico
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Lemmy Kilmister
24.12.1945 – 28.12.2015
Músico inglês. Verdadeira instituição do estilo de vida rock, Kilmister foi líder, cantor e baixista dos Motörhead desde os anos 1970 e também músico dos Hawkwind. Ian Fraser Kilmister, que passou mais tarde a ser conhecido por Lemmy, entrou na música no início dos anos 1960 mas só uma década mais tarde nasceram os Motörhead, que influenciaram sucessivas gerações com a sua música enérgica e, sobretudo, com o estilo rouco de cantar de Lemmy. O grupo lançou 23 álbuns de estúdio, venderam mais de 30 milhões de discos mas mas acabaram por ficar conhecidos graças a álbuns como Overkill e Bomber, ambos de 1979, ou Ace of Spades (1980), de onde foi retirado o single do mesmo nome, naquela que é provavelmente a sua canção mais conhecida. O último álbum do grupo, Bad Magic, saiu em Agosto.
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Natalie Cole
06.02.1950 – 31.12.2015
Cantora norte-americana. Filha de dois cantores, o lendário Nat King Cole e Maria Hawkins Ellington, Natalie começou a cantar muito cedo: tinha apenas 11 anos quando cantou em público pela primeira vez. Ao longo da sua carreira venceu nove prémios Grammy e teve uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood. O álbum Unforgettable... with Love (1991), do qual faz parte o dueto virtual com o pai na canção Unforgettable, vendeu 14 milhões de exemplares. A sua carreira foi marcada por temas que alcançaram um sucesso considerável como This Will Be (An Everlasting Love), I’ve Got Love on My Mind ou Miss You Like Crazy. A sua promissora carreira decaiu na primeira metade dos anos 80, o período em que se agudizam os seus problemas com o álcool e as drogas. Mas em 1987, Natalie Cole ressurge em grande forma em 1987 com Everlasting, o álbum em que canta a sua célebre versão de Pink Cadillac de Bruce Springsteen. Natalie Cole continuou a gravar regularmente, e em Março de 2015, por exemplo, cantou num espectáculo de homenagem a Paul Newman, em Nova Iorque.