Temas

  • Muito nitidamente, para Freud, o idealismo em política é uma coisa nociva.

  • Todas as guerras são insanas, mas há algumas mais insanas do que outras. É bom que haja filmes como Mosquito, de João Nuno Pinto, para que essa ideia permaneça viva.

  • Em Mosquito, a personagem principal Zacarias começa como tantos portugueses que desembarcaram em Moçambique durante a I Guerra Mundial, doutrinado pelo colonialismo. Mas esta é uma história de crescimento e de redenção, afirma João Nuno Pinto, que quer confrontar os espectadores com a inversão de papéis.

  • Richard Fogarty estudou as consequências da mobilização pela França de meio milhão de soldados nas suas colónias. O uso de soldados não-brancos resultou numa mescla contraditória de tratamentos igualitários e uma discriminação justificada pela inferioridade racial.

  • A guerra europeia em África foi essencialmente protagonizada por africanos, os soldados e participantes mais desconhecidos de todos. Como carregadores ou como soldados, foram vítimas de horrores que só agora estão ser devidamente reconhecidos, ainda que tardiamente, na Europa. O “imposto de vidas” assim o exige.

  • A apreensão dos navios alemães que estavam nos portos portugueses com as suas cargas levou à guerra com este país. Recebeu-se um empréstimo inglês, e criou-se a Intendência dos bens dos inimigos, que vendeu diversos bens dos súbditos alemães. Mas, vinte anos depois, ainda havia contas por pagar.

  • João de Almeida estava apenas há seis meses no palco de guerra da Flandres quando foi condenado à morte por deserção para o inimigo e fuzilado na fria manhã de 16 de Setembro de 1917. O soldado motorista, natural do Porto, ficou para a história como o único caso português onde a pena capital foi aplicada no conflito.

  • Ficou para trás na batalha de La Lys, a 9 de Abril de 1918. E deu consigo rodeado de alemães. “Desde o dia 9 que não sei por onde ando nem sei ainda qual será o meu destino.” Estes são excertos de cartas de um soldado-telegrafista que o filho, hoje com 85 anos, quer homenagear. Contam a Grande Guerra na primeira pessoa, com palavras ora animadas, ora tristes, ora patrióticas, ora desesperançadas, mas sempre ternas para com o seu amor, Maria.