Todos a bordo, então, que os vigias que há muito trabalham para a Norberto Diver, uma das muitas empresas especializadas na observação de cetáceos, mandaram boas notícias. “A baleia-azul tem andado por aí.” Esta manhã, Norberto sai para o mar com a Fugas e um punhado de amigos. “Tinha outros clientes, cancelaram ontem. Telefonei ao pessoal e convidei-os.” Henrique, Dália, Ruca, Teresa, Cláudia; as crianças: António, Maria, Sofia, Julião.
Sentamo-nos ao lado de Norberto e vamos escutando as comunicações via rádio. “Pedro, Pedro, a baleia estava ali agora!” “Já a viste, Tiago?” De Norberto ouvimos isto: “Azul? Yeah!” De novo: “Já a viste, Tiago? Essa baleia tem o meu selo.”
[No dia seguinte, quando subimos ao Monte da Guia para ver as vistas, encontramo-nos com Pedro. Foi com ele que Norberto falou na véspera, a saber onde parava a baleia. São umas dez da manhã, Pedro vai agora vigiar para outra freguesia. “Ontem dei indicações sobre a localização da baleia-azul, hoje também já a vi”, sorri, enquanto guarda o material de trabalho na mala do carro: um banquinho de madeira, uma almofada cinzenta, um monopé para pousar os binóculos. A tiracolo, traz uma bolsa onde carrega uma garrafa de água e protector solar. Olha em volta, para a imensidão de mar azul, e depois diz-nos isto: “Os Açores são a melhor coisa que Portugal tem.” Ajeita os óculos escuros e despede-se.]
Voltamos a Norberto, que esfrega as mãos e continua a vencer as vagas. Vamos em direcção ao morro de Castelo Branco e de repente solta-se um grito. “Está ali o bufo, está ali!” Olhamos em frente e perdemos o instante. Mas daqui a pouco avistamos, à nossa esquerda, novo e potente jacto e vemos um dorso gigantesco a emergir da água. “Wow!”, gritamos todos, e as crianças batem palmas. Era mesmo uma baleia-azul?, perguntamos, ainda pouco crentes. Era, garante Norberto, e depois explica que esta espécie é comum nos Açores. Ela vai mostrar-se mais vezes, e poderemos ver melhor o seu tamanho e o reflexo azul que deixa debaixo de água.
Norberto parou o barco, os vigias continuam a mandar coordenadas, e temos companhia no mar: uma, duas, três, quatro embarcações de observação, mais uma da Polícia Marítima. De repente, Norberto acelera de novo, a baleia volta a aparecer. E desta vez para um espectáculo “raro”: bufa, mostra toda a curvatura da coluna e, antes de mergulhar de novo, vira a cauda, o que “não é muito comum”. “Já não via isto para aí há uns cinco anos”, garante Norberto. Dentro do barco, a emoção é total. Temos lágrimas nos olhos, mas deve ser do vento forte.
Continuamos parados, todos de olhos postos no mar. É preciso ver se há novos bufos, para Norberto conduzir o semi-rígido até lá. Lá está ela, e de novo vira a cauda. “Estamos mesmo em dia de sorte!” Estamos a duas milhas da costa, Norberto conta que já teve de levar o barco até às 15 para ver a baleia. Esta, que pelas nossas contas apareceu umas sete vezes enquanto estivemos no mar (menos de três horas), deve ter “uns 25, 26 metros”. “Mas, cientificamente, a baleia-azul, sendo o maior animal do mundo, pode chegar aos 30 metros”, explica Norberto.
Tínhamos pedido uma baleia, Norberto serviu-a sem dificuldade. Para a próxima, pedimos tudo a que temos direito: queremos baleia-azul, cachalote, orca e golfinho.
Posto isto, seja ou não estreante no Faial, é obrigatório que se faça ao mar. Se a baleia-azul não aparecer à primeira, não desista: já percebeu que o espectáculo é imperdível.
Norberto Diver
Rua do Paiol, 12
9900-026 Horta
Tel.: 292 293 891; 969 197 077
Email: norbertodiver@mail.telepac.pt
norbertodiver.pt
www.facebook.com/norberto.diver
Actividades e preços: observação de cetáceos (60€ por adulto, crianças dos cinco aos 12 anos, 40€; preços especiais para grupos com mais de dez pessoas); mergulho (a partir de 45€); e natação com golfinhos (65€ por pessoa, preços especiais para grupos). Consoante a época do ano, os mares do Faial são cruzados por espécies diferentes – as grandes baleias, por exemplo, aparecem por regra até Junho. No site da empresa pode obter todas as informações sobre os cetáceos dos Açores.
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