Dança
Escolhas de Gonçalo Frota, Inês Nadais, Luísa Roubaud e Paula Varanda
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10
LAUF (in a course of a lifetime)
De Silke Z. resistdance, Deeper Drama e António Cabrita
Centro Cultural Vila Flor, Guimarães (4 de Dezembro); Centro Cultural de Belém, Lisboa (11 e 12 de Dezembro)
Uma brilhante parábola existencialista sobre a velocidade absurda e extenuante com que transitamos entre o nascimento e a morte. Numa admirável articulação entre corpo, som e dispositivos multimédia, Cabrita entrega-se de corpo e alma a esta prestação a solo, e confirma a sua substância como intérprete-criador em destaque em 2015. Luísa Roubaud
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9
Projecto Continuado
De João dos Santos Martins
Plataforma de Artes e Criatividade / GUIdance (14 de Fevereiro); Culturgest, Lisboa (27 e 28 de Fevereiro)
Nesta travessia da história da dança euro-americana do século XX, imagens de arquivo foram mote para a experimentação. Uma peculiar coreografia-performance, que é uma inteligente e oportuna reflexão contextualizada sobre os nexos genealógicos, as continuidades e rupturas, a ligar a dança do passado à dos dias de hoje. L.R.
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8
Quartet
De Raimund Hoghe
Teatro Municipal Rivoli, Porto (2 de Maio)
Quartet é uma preciosa celebração da vida pós-trauma, nostálgica e consciente do efémero, comedida mas firme na manifestação de felicidade. A presença catalisadora de Hoghe (o aniversariante) varia entre o solene, o expedito e o humorista, num intrigante e interessante enredo de transformações. Paula Varanda
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7
A Tecedura do Caos
De Tânia Carvalho
Centro Cultural Vila Flor / GUIdance (15 de Fevereiro); Teatro Académico de Gil Vicente, Coimbra (19 de Fevereiro); Teatro Municipal Maria Matos, Lisboa (20 e 21 de Fevereiro); O Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo (4 de Junho); Teatro Virgínia, Torres Novas (14 de Novembro)
Na companhia de intérpretes e música pujantes, Tânia Carvalho revisitou a Odisseia de Homero com uma intrincada coreografia rodopiante e uma pungente atmosfera expressionista; o seu movimento, peculiar e original, consolida-se numa forte linguagem do presente que moldará a dança teatral do futuro. P.V. -
6
A Festa(da insignificância)
De Paulo Ribeiro, Companhia Paulo Ribeiro
Culturgest, Lisboa (13 e 14 de Novembro); Teatro Viriato, Viseu (18 e 19 de Dezembro)
Estreada no dia dos atentados de Paris, a celebração do 20.º aniversário da Companhia Paulo Ribeiro é uma ode, em tempos conturbados, à dança e à vida. A mais “brasileira” das peças de Ribeiro — rareiam incursões da nossa dança neste território — é exímia a esquivar-se ao cliché (luso)tropicalista, e coloca, sem pudor e com mordacidade, arte contemporânea a rimar com alegria. L.R. -
5
Tábua Rasa
De Henriett Ventura e Xavier Carmo (Companhia Nacional de Bailado) / António Cabrita e São Castro (Vo’Arte)
Teatro Camões, Lisboa (21 a 23 de Maio)
Este belíssimo naipe de intérpretes-criadores soube preencher, com uma muito bem urdida coreografia intimista, um desempenho meticuloso e exigente, e o seu exemplar desenho de luz, um palco (literalmente) em branco. Um ousado mergulho fundo na paleta dos afectos, a provar que a dimensão lírica não está fora de moda na dança contemporânea. L.R. -
4
D’après une Histoire Vraie
De Christian Rizzo
Teatro Municipal Rivoli, Porto / Circular — Festival de Artes Performativas (26 de Setembro)
Christian Rizzo quis festejar o espanto de ainda haver, neste mundo tão pós-tudo, a possibilidade de epifania. Cruzando a energia extraordinariamente primitiva e poderosa do folclore do Mediterrâneo, reencarnada num colectivo ironicamente hipster e na pulsão de vida e morte de duas baterias siamesas, reinscreveu o corpo masculino, e com ele uma visceral ideia de comunidade, na dança e no espaço público. Inês Nadais -
3
Rogues
De Trisha Brown, Trisha Brown Dance Company
Culturgest, Lisboa (20 e 21 de Novembro)
Integrada no programa de despedida da Trisha Brown Dance Company, agora que a sua histórica fundadora se reformou, Rogues (2011) representa o derradeiro fulgor criativo de Brown. Um tocante dueto masculino em que os corpos exploram o espaço num uníssono que, delicadamente, se quebra — enquanto fuga ou consolo. Gonçalo Frota -
2
A Perna Esquerda de Tchaikovsky
De Tiago Rodrigues, Companhia Nacional de Bailado
Teatro Camões, Lisboa (5 a 15 de Fevereiro)
Numa obra biográfica emocionante, Tiago Rodrigues elogiou a excelência profissional: com uma alegria poderosa, Barbora Hruskova partilha com o grande público a sua trabalhosa mas invejável carreira; em contraponto, Mário Laginha trouxe à peça uma composição imaginativa e uma presença pacífica fundamentais. Paula Varanda -
1
The Dog Days Are Over
De Jan Martens
Teatro Municipal Rivoli, Porto (4 de Dezembro)
E eis que o espectáculo oferecido pelo Teatro Municipal do Porto para terminar um ano de fôlego na programação de dança contemporânea ganhou a corrida em 2015. The Dog Days Are Over é uma surpreendente maratona coreográfica do saltar que tem corrido mundo e que reflecte sobre a obsessão pelo corpo atlético e semi-nu que invade as sociedades ocidentalizadas. Jan Martens quis responder com ironia às políticas culturais que, no presente, confrontam os criadores de uma prática artística especializada, porventura mais experimental e humanista, com os indicadores quantitativos e as imagens do mainstream, desafiando-os a justificarem pertinência no paradigma global da industrialização da criatividade. Inspirado pelo extremismo, pelo perfeccionismo e pela paixão dos seus antecessores na dança belga, este coreógrafo emergente produziu uma obra muito singular, provocadora e consistente. No hipnotizante minimalismo redutor, auditivo e visual de 7.200 saltos quase sempre em uníssono reside a expressão perspicaz da competição acrítica a que as pessoas se sujeitam para obter visibilidade e sucesso; mas esta dança despida e sem artifícios é paradoxalmente bonita e profunda: ela elogia a essência do ritual na coesão do colectivo e valoriza o pensamento coreográfico como saber erudito e bem cultural. P.V.
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