Música
Escolhas de Gonçalo Frota, João Bonifácio, Mário Lopes e Vítor Belanciano
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10
Camané
Infinito Presente
Warner Music
Passados 20 anos sobre a edição de Uma Noite de Fados (a estreia de Camané em 1995), Infinito Presente é o resultado cumulativo de duas décadas partilhadas com José Mário Branco na produção e Manuela de Freitas nas letras. E a cada novo disco é todo esse passado e essa cumplicidade grupal que ressoam, como se aquilo que ouvimos fosse, afinal, uma só obra esmagadora a crescer diante de nós. Gonçalo Frota
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9
Ballaké Sissoko & Vincent Ségal
Musique de Nuit
No Format; distri. Popstock
O segundo disco da dupla formada pelo maliano Ballaké Sissoko e pelo francês Vincent Ségal é um pequeno milagre. O som luminoso e encantatório da kora unido a um violoncelo que, nas mãos de Ségal, ganha mil formas – flauta bucólica, orquestra magrebina, zumbido avassalador. Dois homens em conversa longa e frutuosa enquanto a noite avança num terraço de Bamako. Admirável e comovente. De um génio admirável, de uma humanidade desarmante. Mário Lopes
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8
Ibeyi
Ibeyi
XL Recordings; Popstock
As gémeas Lisa-Kaindé e Naomi Díaz, filhas do músico Miguel “Anga” Díaz (Buena Vista Social Club), nasceram em Paris e foram educadas numa encruzilhada cultural francesa, cubana e ioruba. Aquilo que nos dão a ouvir no seu belíssimo álbum de estreia passa por verter para a música essa mesma convivência natural, representada por soul, jazz latino e melodias africanas, e infalivelmente sedutora. G.F.
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7
Car Seat Headrest
Teens of Style
Matador; distri. Popstock
A angústia adolescente ainda compensa. Will Toledo andou anos a fazer discos que disponibilizava gratuitamente no Bandcamp, até que este ano reunir o melhor desses discos na estreia da sua banda em formato CD. O mundo agradece estas canções que explodem na gargante do moço Toledo: guitarras a bradar, o ocasional arranjo de metais inesperado, letras que se vinculam na ideia de filiação, na procura do que é o Bem, numa certa confusão sexual e muita, muita raiva adolescente – eis um grande disco quase adulto. João Bonifácio
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6
Julia Holter
Have You in My Wilderness
Domino; Popstock
Nunca a pop esquiva de Julia Holter foi tão amiga das canções. Rondando sempre a linguagem da pop, Holter navegava amiúde por entre paragens etéreas, jazzísticas ou oníricas com uma abordagem em muito decorrente da sua formação clássica. Era essa aproximação indecisa que fazia descer uma névoa encantadora sobre as canções. E agora que a névoa muito se dissipou, pasme-se, continua irresistível. G.F.
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5
Allen Halloween
Híbrido
Ed. Autor; distri. SóHipHop
O que Projecto Mary Witch já permitia intuir e que Árvore Kriminal confirmou é agora uma evidência. Com a sua voz grave e imponente e pela forma como nos confronta com a realidade com talento de romancista, detalhe de cronista e verve de rapper com propósitos a cumprir, Allen Halloween é autor da cabeça aos pés. O seu terceiro álbum, Híbrido, atravessado por um tom mais reflectivo e melancólico, é um passo mais numa obra excepcional. Allen Halloween não é (só) do rap. É de todos, para benefício de todos. M.L.
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4
Benjamin Clementine
At Least For Now
Barclay; distri. Universal
Num primeiro momento, quando ouvimos falar dele, parecia apenas mais uma história curiosa de um cantor descoberto a cantar nos corredores do metro. Neste caso, um inglês em Paris. Mas depois de se ouvir o álbum de estreia – e principalmente depois de se o ouvir ao vivo – percebia-se que era mais do que uma boa história para contar. Numa frase: foi a Voz de 2015, a grande revelação. Por entre cascatas de piano que vão agregando influências dos mais diversos géneros (clássica, jazz, soul, gospel, canção francesa) descobre-se uma voz majestosa, sublimando letras autobiográficas qu falam de errâncias solitárias ou omissões familiares, impondo em cada sílaba uma tensão dramática sem par. Vítor Belanciano
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3
Aldina Duarte
Romance(s)
Sony Music
Não é nova a convocação por Aldina Duarte da literatura para o seu fado. Contos de Fados já exímio na exploração desse encontro. Romance(s), no entanto, vai mais longe ao colocar em disco um romance, uma clássica narrativa de triângulo amoroso, exemplarmente escrito por Maria do Rosário Pedreira, interpretado por Aldina Duarte e produzido por Pedro Gonçalves (Dead Combo). G.F.
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2
Courtney Barnett
Sometimes I Think...
Mom + Pop; distri. Popstock
Uma das surpresas do indie-rock dos últimos anos, a australiana Courtney Barnett pratica uma espécie de slacker-rock repleto de humor e one-liners sobre os minúsculos problemas de primeiro mundo da juventude. Não vá alguém acusá-la de se preocupar mais com as histórias do que com a música, a menina Barnett saca sempre um riff orelhudo ou uma melodia maravilhosa para ornamentar o seu universo de fatias de pizza esquecidas atrás do sofá, ao lado da bomba para a asma. J.B.
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1
Kendrick Lamar
To Pimp a Butterfly
Mom + Pop; distri. Popstock
Depois da edição do álbum de estreia em 2012, Good Kid, m.A.A.d City, a vida de Kendrick Lamar, 27 anos, mudou. Tornou-se numa superestrela e com ela adveio também a pressão. Se o disco de estreia funcionava como conto hiper-realista sobre o quotidiano em Compton, o bairro na Califórnia onde cresceu, no álbum deste ano abraçava novas inquietações, medos e esperanças. Em 2013, em entrevista, dizia-nos que quando escrevia o fazia a partir de si. Desta vez, sem deixar de lado inquietações interiores, revela preocupações sociais e políticas, tornando-se numa voz credível da consciência afro-americana, mostrando-se capaz de nos devolver o seu universo íntimo, reflectindo ao mesmo tempo sobre as convulsões do presente de forma inteligível. E a música acaba por reflecti-lo. É um disco repleto de influências que remetem para a génese da música negra com elementos de funk, jazz, soul e spoken-word, ou seja, fontes que originaram o hip-hop, e um tributo a pioneiros como George Clinton, Gil Scott-Heron, Sly Stone, Marvin Gaye ou Curtis Mayfield. Liricamente é obra complexa, conjugando palavras e música numa sonoridade que alia familiaridade e novidade, misto de vibração funk, balanço soul, notas jazzísticas e palavras mais ditas que cantadas, integradas num hip-hop cósmico, um todo denso, luxuriante e generoso que actualiza cinco décadas de música negra – tarefa para a qual contou com ícones de diversas gerações (de George Clinton a Pharrell Williams, de Snoop Dogg a Bilal, de Flying Lotus ao falecido Tupac Shakur). Depois do êxito esmagador do primeiro álbum, poder-se-ia imaginar que poderia falhar. Mas não. O ano de 2015 é claramente seu, acabando por tornar-se numa voz ainda maior da música popular. V.B.
Escolhas de Nuno Catarino e Rodrigo Amado
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10
Impermanence
Susana Santos Silva
Porta-Jazz
2015 foi um ano especial para a trompetista portuense, que no espaço de poucos meses publicou This Love (duo com Kaja Draksler), If Nothing Else (trio com Torbjörn Zetterberg e Hampus Lindwall), The Paradox of Hedonism (trio com Tom Chant e Vasco Trilla) e The Elephant’s Journey (quarteto LAMA com o convidado Joachim Badenhortst). Contudo, o marco mais significativo terá sido a edição do segundo disco do seu quinteto, consagrando-a definitivamente como compositora de excepção, para além de notável instrumentista e improvisadora. Uma música de horizontes largos que atravessa diferentes universos. Nuno Catarino
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9
Features
Schlippenbach Trio
Intakt
O trio formado por Alexander von Schlippenbach (piano), Evan Parker (saxofone) e Paul Lovens (bateria) tornou-se ao longo dos anos uma das formações mais emblemáticas e influentes do free jazz europeu. Em Features, gravado em estúdio, é possível testemunhar um novo pico de evolução de uma banda que está junta há 45 anos e cuja relação física com os instrumentos nunca parou de evoluir. Telepático e rigoroso, o som é agora mais meditativo e melódico, sem que se tenha perdido a absoluta magia que caracteriza a música deste projecto único. Rodrigo Amado
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8
The Bad Plus Joshua Redman
The Bad Plus + Joshua Redman
Nonesuch
Quando apareceram, os The Bad Plus marcaram de imediato com um som inovador, renovando o trio de piano jazz para o século XXI. A parceria com o saxofonista Joshua Redman, novo vértice na sua perfeita geometria de grupo, resgata para a ribalta a banda de Ethan Iverson (piano), Reid Anderson (contrabaixo) e David King (bateria). Trabalhando apenas temas originais, o trio tem em Redman um parceiro de excepção, partilhando uma linguagem comum e desenvolvendo uma música com assinalável fluidez. Como se os quatro tocassem juntos desde sempre. N.C.
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7
Grand Valis
Hugo Carvalhais
Clean Feed
Se os seus dois primeiros discos,Nebulosa (2010) e Partícula (2012), revelaram desde logo um músico fora do comum, aqui Hugo Carvalhais viaja para lá da zona de conforto, aventurando-se pelo universo. A música do quarteto arranca em modo espacial, abrindo com pinceladas de teclado futurista. Seguem-se a solenidade de um órgão de igreja, um contrabaixo galopante, um violino irrequieto e uns pozinhos de electrónica. Mais do que nunca, a música do contrabaixista portuense é inclassificável, cruza mundos e atravessa galáxias sonoras. N.C.
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6
Tim Berne’s Snakeoil
Tim Berne’s Snakeoil
ECM
Ao terceiro álbum do seu projecto Snakeoil para a germânica ECM, o saxofonista e compositor Tim Berne opta por adicionar um quinto elemento ao grupo (o guitarrista Ryan Ferreira), tornando cruciais a espacialidade e a clareza da música gravada. Com a preciosa ajuda de David Torn na produção, surge decidido a contrabalançar a habitual densidade cerebral da sua música com uma abordagem invulgarmente enérgica por parte da banda, tornando You’ve Been Watching Me o mais intenso, complexo e desafiante registo desta formação até à data. R.A.
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5
Tales of the Unforeseen
Barry Altschul’s 3Dom Factor
Tum
Naquele que é o segundo registo do trio, entre jazz tradicional e jazz de vanguarda, um espaço que se encontra cada vez mais explorado, Barry Altschul, John Irabagon e Joe Fonda destilam uma fascinante explosão de invenção, cruzando jazz, passado e futuro, com livre improvisação, tudo filtrado pela visão profundamente pessoal dos três e pelo seu extraordinário talento como improvisadores. R.A.
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4
Break Stuff
Break Stuff
ECM
Regressando ao formato que melhor reverbera a sua música — o extraordinário trio que mantém com Stephan Crump e Marcus Gilmore —, Iyer afirma-se definitivamente como um dos mais influentes jazzmen da sua geração, explorando as múltiplas ligações entre jazz, música erudita, música indiana e ainda o hip-hop ou a música electrónica. Uma perspectiva que é simultâneamente analítica e orgânica, onde ideias rítmicas complexas e multifacetadas são trocadas entre os músicos com agilidade e rigor. De cortar a respiração. R.A.
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3
(Dance to) The Early Music
Nate Wooley Quintet
Clean Feed
Nate Wooley tem desenvolvido um sólido percurso como um dos mais originais trompetistas da actualidade. No seu mais recente disco, em quinteto, propõe uma revisitação da música de Wynton Marsalis, seu ídolo da adolescência, e figura associada ao conservadorismo no jazz. Longe de uma banal homenagem, mas também de uma revisão irónica ou de uma afirmação política, aqui temos uma espécie de “regresso a casa”, encontro puro de um instrumentista que na sua plena maturidade artística regressa à música que o fez crescer. Desafiante, inesperado e fascinante. N.C.
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2
The Epic
Kamasi Washington
Brainfeeder
Não é exagero, o triplo álbum de Kamasi Washington faz jus ao título. Além do seu grupo de dez elementos, Washington conta com a colaboração de um coro e de uma orquestra clássica, apresentando um total de quase três horas de música. Colaborador de Kendrick Lamar e Flying Lotus, o saxofonista conseguiu com este álbum ultrapassar as fronteiras do jazz e chegar a um público mais vasto. Para tal, convocou os grandes espíritos do passado: Coltrane (pós-1963), Ayler, Sun Ra; e ainda a fusão eléctrica, de Bitches Brew a Weather Report. Música grandiosa, evocativa do passado, que combina groove, funk, sentimento e ferocidade. N.C.
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1
In For A Penny, In For A Pound
Henry Threadgill Zooid
Pi
Compositor e saxofonista cuja música nunca foi de fácil assimilação, destacando-se pela sua profunda abstracção e pela angulosidade, Henry Threadgill edita, aos 71 anos, em pleno pico de forma criativa, aquele que é o mais poderoso álbum da sua emblemática formação, Zooid. Numa carreira marcada pela exploração das mais diversas liberdades musicais, Threadgill manteve sempre um fortíssimo equilibrio entre composição e improvisação, traços de personalidade que lhe valeram uma posição de destaque no universo do AACM de Chicago, afirmando-o como um dos mais fascinantes compositores do jazz de vanguarda, ao lado de nomes como Anthony Braxton ou Muhal Richard Abrams. Em In For A Penny, In For A Pound, duplo CD com seis composições em que quatro delas ultrapassam os 15 minutos e onde o silêncio desempenha um papel fulcral, existe uma depuração perfeita das formas habitualmente trabalhadas por Threadgill, algures entre a clássica contemporânea, o jazz, a livre improvisação e as práticas mais arcaicas da música popular afro-americana. Uma música que desafia o actual estado de superficialidade da civilização humana — música do desassossego, grave e alegre, caleidoscópica, poéticamente abstracta, humanizada, telepática. N.C.
Escolhas de Augusto M. Seabra e Pedro M. Santos
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10
Violin Sonatas
Brahms, Schumann & Dietrich
Isabelle Faust, Alexander Melnikov
Harmonia Mundi
Após edição, em 2008, da primeira sonata para violino, Faust e Melnikov completam o ciclo de três sonatas de Brahms, agora com as Opp. 100 e 108. O disco inclui ainda os Três Romances de Schumann e a Sonata F.A.E. dedicada ao violinista Joseph Joachim. A interpretação demonstra a experiência e o profundo sentido camarístico a que os dos dois intérpretes já nos habituaram. Pedro M. Santos
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9
Symphony No. 7
Chostakovich
Orquestra Nacional da Rússia; Paavo Järvi (dir. musical)
Pentatone
As circunstâncias históricas da sua composição e o modo como marcaram o caracter da obra fizeram da Leninegrado o paradigma de “sinfonia de guerra” e de resistência. Em contraposição a qualquer — e habitual — propensão retórica, esta interpretação é de um depuramento surpreendente, por inteiro decantada. Augusto M. Seabra
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8
Tout un monde lointain
Henri Dutilleux
Claude Debussy; Emmanuelle Bertrand, Pascal Amoyel; Luzerner Sinfonieorchester; James Gaffigan (dir. musical)
Harmonia Mundi
Uma edição centrada no repertório francês para violoncelo do século XX. Para além do concerto para violoncelo de Dutilleux, o disco apresenta uma nova gravação das suas Trois Strophes sur le nom de Sacher e a Sonata para Violoncelo e Piano de Debussy, com excelentes interpretações de Bertrand e de quem a acompanha. P.M.S.
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7
Sinfonias nº4 e nº5
Beethoven
Concentus Musicus Wien; Nikolaus Harnoncourt (dir. musical)
Sony
Vinte anos depois de ter dirigido com a Orquestra de Câmara da Europa uma integral das Sinfonias de Beethoven de referência, Harnoncourt retorna mas com o seu agrupamento de instrumentos de época. Para além das diferenças de timbres ou de articulação, o que surge como inaudito é a densidade da Quarta ou a possibilidade de a Quinta ser essa sim uma Eroica. A.M.S.
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6
Violin Concertos
J S Bach
Alina Ibragimova; Arcangelo; Jonathan Cohen (dir. musical)
Hyperion
Mais uma edição dos Concertos para Violino de Bach: destaca-se a subtileza da sonoridade e a liberdade do fraseado de Alina Ibragimova. A violinista sublinha frases e motivos da música de Bach através de um surpreendente recurso ao rubato. O estilo interpretativo cria por vezes a ilusão de improvisação. P.M.S.
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5
Violin Concertos
Bach
Giuliano Carmignola; Concerto Köln
Archiv Produktion
Bach “reinventado”? Uma apoteose vertiginosa da matriz italiana, e em particular vivaldiana, da escrita concertante do mestre alemão. Por muitas e muitas vezes que tenhamos escutado estas obras, Carmignola consegue o prodígio de nos propiciar uma autêntica “descoberta”: estes Concertos como nunca os tínhamos ouvido. A.M.S.
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4
Il Trionfo d’Amore
Francisco António de Almeida
Joana Seara, Joao Fernandes, Ana Quintans, Fernando Guimaraes, Carlos Mena, Catia Moreso; Voces Caelestes, Os Músicos do Tejo; Marcos Magalhães (dir. musical)
Naxos
A primeira edição deste Scherzo Pastorale é já por si motivo de reconhecimento. A qualidade dos cantores é igualmente digna de referência (maioritariamente portugueses!), assim como a boa interpretação orquestral. Trata-se de mais um importante contributo de Os Músicos do Tejo para a recuperação do excelente repertório português do século XVIII. P.M.S.
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3
Music for 18 Musicians
Steve Reich
Ensemble Signal; Brad Lubman (dir. musical)
Harmonia Mundi
A música contemporânea também tem um cânone em que os seus “clássicos” se vão confirmando. É o caso desta obra, como tanto mais se constata quando Brad Lubman e o Ensemble Signal concretizam uma interpretação ainda mais fluida e de maior clareza contrapontística do que as dirigidas pelo próprio compositor. A.M.S.
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2
Orfeo ed Euridice
Christoph Willibald Gluck
Franco Fagioli, Malin Hartelius, Emmanuelle De Negri; Accentus Chamber Choir, Insula Orchestra; Laurence Equilbey (dir. musical)
Archiv Produktion
Uma edição que inclui a integral da versão original estreada em Viena (1762) e highlights da versão de Paris (1774). A emoção e o realismo da gravação ao vivo são uma das mais valias deste disco. Destaca-se ainda a versatilidade e eloquência interpretativa de Franco Fagioli (Orfeo, na foto), bem acompanhado por Negri e Hartelius, assim como a interpretação exemplar do coro e da orquestra. P.M.S.
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1
Aida
Verdi
Jonas Kaufmann, Anja Harteros, Ekaterina Semenchuk, Ludovic Tézier; Coro e Orquestra da Accademia Nazionale di Santa; Cecilia; Antonio Pappano (dir.musical)
Warner
Numa era em que praticamente deixou de haver integrais de estúdio de óperas, e tanto mais do repertório consagrado, e quando é constante a ladainha do desaparecimento das “grandes vozes”, eis que surge uma excepção clamorosa: Pappano logra uma Aida como não se ouvia desde aquelas, paradigmáticas, dirigidas por Karajan em 1959 e, sobretudo, por Solti, em 1962! Caso houvesse ainda a menor das dúvidas, Kaufmann confirma-se o mais consumado tenor dramático em décadas, de timbre deslumbrante e de uma linha de canto belíssima, mas não menos importante é o par que forma com Harteros — e reafirme-se “par” com toda a propriedade, pois se tornou recorrente. Mas, por decisivos que sejam, um Radamès e uma Aida não são suficientes, e a Amneris de fogo de Semenchuk e a nobreza do Amonasro de Tézier são outros trunfos, mas o maior é a vibrante direcção de Pappano e o seu consumado sentido teatral. Fica-se maravilhado com uma Aida assim! Resta(-nos) uma imensa dúvida: quando é que a editora coloca este disco no mercado português? Quando obra e intérpretes nada têm de ignoto, antes pelo contrário, e ainda para mais a gravação é um sucesso internacional, uma tal omissão é o mais revelador dos sintomas de que Portugal se foi tornando um território cada vez mais periférico nas políticas de distribuição de “clássicos” das grandes multinacionais do disco. Que nos chegue pois rapidamente esta Aida como não sonharíamos ser possível na actualidade! A.M.S.
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