Onde vai gastar mais e onde vai conseguir poupar em 2015
Dos combustíveis à electricidade e às rendas das casas, o que esperar dos preços no ano que agora começa.
Pão não aumenta
Não há casa portuguesa sem pão e no próximo ano os preços devem manter-se estáveis. A Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP) já veio dizer que não estão reunidas “as condições de estímulo ao consumo privado” que permitam aos industriais subir os preços. “A panificação tem resistido à crise, talvez reduzindo as suas margens, mas manteve os clientes”, disse à Lusa, Francisco Silva, presidente da ACIP. Os valores vão variar consoante o local e o tipo de produto. Uma carcaça, por exemplo, pode custar entre os dez e os 17 cêntimos. Ana Rute Silva
Bebidas alcoólicas mais taxadas
As bebidas alcoólicas vão ficar mais caras no próximo ano à conta da subida do imposto sobre estes produtos (IABA), previsto no Orçamento de Estado de 2015. No caso da cerveja, consoante o seu grau alcoólico, o aumento do imposto varia entre 2,9% a 3%. Estão aqui incluídas as marcas mais vendidas no mercado, como a Super Bock e a Sagres. Também as bebidas espirituosas vão sofrer acréscimos de 3%, passando a pagar 1289,27 euros por hectolitro no próximo ano. O mesmo acontece com o vinho do porto ou as aguardentes vínicas, cujo agravamento é de 0,7%. A.R.S.
Leite é uma incógnita
Se o leite vai ser mais caro ou mais barato em 2015 ainda é uma incógnita. Paulo Leite, director-geral da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, diz que o preço está sob pressão em todo o mundo, reflexo dos excedentes de produção e de problemas políticos como o embargo russo, que afectou o mercado. “O que é um facto é que a indústria tem estado a trabalhar ao longo dos últimos anos com margens bastante reduzidas”, comenta. Quanto ao queijo, não se antecipam grandes oscilações, até porque os preços actuais “estão no mesmo nível de há 20 anos”. A.R.S.
Preços dos cigarros electrónicos disparam
O Governo não mexeu no imposto sobre o tabaco mais comum mas decidiu taxar outras formas de consumir tabaco, nomeadamente os recentes cigarros electrónicos. Em Janeiro, um produto destes em vez dos actuais 2,5 euros, passa a custar 8,5 euros, por exemplo. Foi introduzida uma tributação sobre o líquido que contém nicotina e a taxa será de 60 cêntimos por mililitro. Esperam-se ainda aumentos nos preços dos charutos, cigarrilhas, tabaco de enrolar (além dos menos usuais rapé, tabaco de mascar e tabaco aquecido). A.R.S.
Sacos de plásticos cobrados no comércio
No comércio todos os sacos de plástico leves vão passar a custar oito cêntimos, valor a que se junta o IVA a 23%. Contas feitas, são dez cêntimos que os consumidores terão de desembolsar já em Janeiro. O imposto será pago ao Estado pelos produtores e importadores deste produto, mas na prática será consumidor a assumir este custo, que estará discriminado na factura da compra. Esta foi uma das medidas incluídas na lei da verde e abrange os sacos biodegradáveis. De fora, ficam todos os que entram em contacto com alimentos, incluindo o gelo. Nos casos em que a loja já cobra pelos sacos, junta-se a esse valor os dez cêntimos. Haverá, por isso, casos em que o saco pode passar a custar 12 ou 13 cêntimos. Isto se o comerciante não assumir o custo do saco e cobrar apenas a taxa. A.R.S.
Taxas moderadoras e medicamentos mais baratos
Em 2015, os medicamentos prescritos no âmbito do Serviço Nacional de Saúde e comparticipados pelo Estado vão ver o seu preço baixar. O valor dos fármacos é estipulado através de uma metodologia de comparação com os preços praticados noutros países seleccionados da União Europeia e que são revistos anualmente. Portugal vai passar a comparar-se com Espanha, França e Eslovénia - que pelos preços inferiores vão influenciar valores portugueses. Ao todo o Estado deverá poupar 15 milhões de euros. Ao mesmo tempo os utentes também vão pagar taxas moderadoras inferiores nos hospitais, mas a redução será apenas na ordem dos cinco cêntimos. No caso dos centros de saúde o valor vai ficar igual a 2014. Romana Borja-Santos
Casas com valores mais estáveis
O preço das casas caiu em cerca de 20%, desde 2008, e isso apesar de em Portugal a crise não ter sido antecedida de uma bolha imobiliária, como sucedeu em Espanha, Irlanda ou Reino Unido. Desde finais de 2013, e de acordo com o Índice Confidencial Imobiliário (CI), os preços começaram a estabilizar. Em algumas zonas, subiram, mesmo que ligeiramente. Assim, em termos gerais, a perspectiva é de estabilização, refere Ricardo Guimarães, director da CI, que salvaguarda, no entanto, que há mercados onde o ritmo de investimento é muito elevado, como nos centros de Lisboa e do Porto. Nestes caso, defende, a expectativa é claramente positiva, em especial por a procura ser mais diversificava, envolvendo os regimes dos “vistos gold” e dos residentes não-habituais, e por serem os maiores polos da reabilitação urbana, mercados onde reside o maior potencial de criação de valor. Rosa Soares
Rendas antigas congeladas
À semelhança do que aconteceu no preço das casas, também no mercado de arrendamento se verificou, nos últimos anos, uma descida das novas rendas contratadas, observando-se, actualmente, uma estabilização. No caso de Lisboa, esta tendência é mais vincada, havendo uma subida nas rendas praticadas, refere Ricardo Guimarães. Nas rendas já contratadas, o ano de 2015 não trará aumentos, porque a evolução da inflação foi negativa nos últimos 12 meses até Agosto. O congelamento das rendas aplica-se à grande maioria dos contratos de arrendamento, que no total ascenderam a cerca de 700 mil. No entanto, os inquilinos com rendas antigas que ainda não tenham sido actualizadas, ao abrigo da nova lei do arrendamento, podem sofrer um aumento das rendas se os proprietários avançarem para essa actualização. R.S.
Electricidade 3,3% mais cara
A ERSE aprovou um aumento médio da electricidade de 3,3% a partir de Janeiro. Segundo os cálculos do regulador, esta actualização implicará para os cerca de 2,5 milhões de clientes que ainda não passaram para o mercado livre da electricidade, um agravamento de 1,14 euros nas facturas mensais (com base numa factura média de 35,3 euros). Trata-se do maior aumento desde 2012, ano em que as tarifas subiram 4%. O agravamento deve-se essencialmente ao pagamento da dívida tarifária acumulada (que em 2015 deverá atingir os 5080 milhões de euros). Segundo a ERSE, o montante a pagar no próximo ano será de 1333 milhões de euros. Ana Brito
Aumentos em vista no gás
O regulador do sector energético aprovou em Junho um aumento de 2,4% das tarifas transitórias do gás para vigorar a partir de Julho. A revisão das tarifas implicou, segundo a ERSE, “um aumento de cerca de 0,32 ou 0,56 euros numa factura média mensal de cerca de 14 ou 27 euros, respectivamente correspondentes, a título de exemplo, a agregados familiares de duas ou quatro pessoas”. Porém, como as tarifas do gás são revistas trimestralmente pelo regulador em função de elementos como o consumo, os custos de acesso às redes e a cotação do petróleo, existe a possibilidade de aumentos em Janeiro. A.B.
Água
Por enquanto ainda são os municípios que fixam as tarifas que cobram aos munícipes e muitos têm evitado actualizar os preços dos serviços. A reestruturação do sector das águas anunciada em Outubro pelo Governo prevê aumentos das tarifas em alta – as que pagam os municípios pela água que depois distribuem aos cidadãos - já a partir de 2015, mas a decisão de reflectir o aumento das tarifas no consumidor final caberá às autarquias. A partir de 2017, com a entrada em vigor do novo regulamento tarifário, as autarquias passarão a estar obrigadas a recuperar totalmente os custos com os serviços públicos de água. A.B.
Telecomunicações dispendiosas
Os preços dos serviços de telecomunicações vão subir em 2015. No caso da NOS, a actualização será em média cerca de 3%, disse fonte do grupo. No entanto, “há produtos/segmentos que não sofrerão alteração, como por exemplo, no fixo, os equipamentos, instalações e canais premium, e no móvel, os clientes com tarifário smart”, acrescentou. Se a Meo (PT Portugal) diz que a actualização média dos serviços será “na ordem dos 2,5”, a Vodafone Portugal não revela aumentos médios e remete os esclarecimentos sobre os novos preços em vigor a partir de 16 de Janeiro de 2015 para as informações divulgadas no site e aos clientes. A.B.
Novidades nos computadores determinam preço
A última tecnologia de hoje está obsoleta amanhã – a chamada obsolescência planeada faz parte do modelo de negócio das empresas que vendem produtos como computadores, tablets e telemóveis, e significa que os aparelhos que estão já no mercado serão mais baratos em 2015, à medida que chegam novos modelos. Nos computadores, os consumidores podem esperar uma novidade de peso: o novo sistema operativo da Microsoft, o Windows 10, que vai suceder ao desaire do Windows 8. Com cada nova versão do Windows, costumam chegar às lojas muitos novos equipamentos (e promoções). João Pedro Pereira
Seguros agravados para acomodar imposto
O sector segurador já avisou que os seguros realizados a partir de 1 de Janeiro vão ficar mais caros para acomodar o agravamento de 25% da taxa que financia o INEM. O Orçamento do Estado para 2015 definiu que a taxa sobre o valor dos prémios de seguro destinada a financiar o serviço de emergência médica passará de 2% para 2,5%. O custo dos seguros, mesmo sem haver alteração dos prémios, vai aumentar, diz a Associação Portuguesa de Seguradores (APS). As cinco taxas e impostos que o segurador é obrigado a cobrar aos tomadores de seguros geraram um receita fiscal e parafiscal de 771 milhões de euros em 2013, diz a APS. A.B.
Menos azeitona, azeite mais dispendioso
Depois de um período de preços baixos, o azeite estará mais caro nas prateleiras. Tudo porque as temperaturas altas - que criaram condições para o aparecimento da mosca da azeitona e da doença da gafa - provocaram uma queda de produção que o INE estima de 5,2% na mais recente campanha. Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite, diz que esta descida foi também pronunciada nos mais importantes países produtores, como Itália e, sobretudo, Espanha. Por isso, os preços dispararam. “Em comparação com Dezembro de 2013, o preço do azeite na origem regista um aumento de cerca de 50%”, disse ao PÚBLICO.
Neste cenário, os portugueses deverão travar o consumo de azeite, mas não mais do que os americanos e brasileiros, “onde o consumo de azeite não está tão enraizado”, continua. Face a uma “subida muito abrupta de preços os consumidores transferem o seu consumo para outras gorduras líquidas às quais estão habituados”, continua Mariana Matos. Jorge de Mello, vice-presidente da Sovena (dona do Oliveira da Serra) também refere que “é natural que com o aumento de preço, o crescimento se retraia ligeiramente”.A Sovena manteve os números da produção nesta campanha. “É abaixo da nossa expectativa pois estávamos a projectar algum crescimento”, admite. A.R.S.
Combustíveis mais baratos
A descida abrupta dos preços internacionais do petróleo, que estão em queda desde Junho, levou a uma descida no preço dos combustíveis, que deverá continuar no próximo ano. Os 12 países que compõem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo decidiram não cortar a produção (uma forma de tentar uma retoma de preços) e já admitiram que a oferta global de crude vai exceder a procura em 2015. Em Dezembro, a gasolina 95 estava a ser vendida em Portugal a um preço médio em torno de 1,3 euros e o gasóleo, ligeiramente abaixo de 1,2. No entanto, parte da descida será a partir de Janeiro absorvida pelos impostos da chamada “fiscalidade verde” e também pelo aumento da taxa de contribuição rodoviária, o que deverá significar um acréscimo de cerca de seis cêntimos por litro de combustível. Uma nota da analista Golden Broker antecipa que “a factura dos combustíveis para as famílias portuguesas poderá sofrer uma redução na ordem dos 16% em 2015” e que “o preço médio diário do gasóleo em Portugal [será] bem mais baixo do que a média em 2014”. J.P.P.
Portagens congeladas
O preço das portagens vai manter-se inalterado em 2015, graças à quebra na inflação. O índice de preços ao consumidor (excluindo a habitação) publicado em Outubro pelo Instituto Nacional de Estatística serve de referência para a actualização da generalidade dos preços portagens e, naquele mês, a taxa de inflação foi de 0,12 negativos. No caso das pontes 25 de Abril e Vasco da Gama, o mês de referência é Setembro – mas também aí a variação foi negativa, em 0,5%. J.P.P.
Carros com imposto verde
Quem comprar um carro, vai pagar mais imposto. O Imposto sobre Veículos, que se aplica sobre o preço das motos ou automóveis novos (e que já está incluído no preço de venda), terá um aumento médio de 3%. No âmbito da chamada “fiscalidade verde”, um conjunto de medidas fiscais com preocupações ecológicas, os benefícios e agravamentos do imposto serão determinados pelo nível de emissão de dióxido de carbono. J.P.P.
Transportes ficam iguais
Os preços dos transportes públicos deverão manter-se no próximo ano. Em Outubro, o Governo tinha falado da possibilidade de uma descida nas tarifas, depois dos sucessivos aumentos registados em 2012 e 2013, mas no início deste mês o Correio da Manhã noticiou que o executivo já informou o regulador do sector da decisão de não fazer qualquer mexida. Já no transporte aéreo, haverá alterações profundas fruto da investida das low cost. Com a liberalização nos Açores, as companhias de baixo custo vão forçar a uma redução generalizada nos preços das viagens. Raquel Almeida Correia
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