Estamos como que rodeados de “ruínas” do que foi uma mini-cidade herdada dos tempos em que o aeroporto de Santa Maria era um importante ponto de escala nos voos intercontinentais. Tudo começou já a II Guerra Mundial se aproximava do fim e, depois de prolongadas negociações com o Estado português, os EUA estabeleceram uma base militar na ilha. Após o final do conflito, e a retirada do pessoal militar, foi inaugurado, no final de 1946, o Aeroporto Internacional de Santa Maria, o primeiro do arquipélago.
O fim do uso militar foi compensado pelo uso comercial, com as companhias aéreas a fazerem aqui escalas de trânsito e técnicas em voos entre a Europa e a América (do Norte ao Sul passando pelas Caraíbas). E em pouco mais de dois anos a população da ilha, cerca oito mil habitantes, subiria para mais de 13 mil, contando com os americanos que vieram trabalhar na construção das pistas e do restante complexo aeroportuário e, depois, os funcionários das diversas companhias de aviação. Para receber esta gente, construiu-se então um bairro em torno do aeroporto que na realidade era uma espécie de país à parte – ainda hoje, na “antiga estrada da Birmânia”, construída para ligar o porto de Vila do Porto aos terrenos do aeroporto e assim fazer passar os materiais para a construção, se encontra o “posto fronteiriço”, agora conhecido pelo “açucareiro”.
Se agora é apenas uma rotunda pouco usual – um edifício que tem semelhanças com o topo de uma torre de controlo aéreo, branco e envidraçado a toda a volta – antes havia revistas e era necessária a apresentação de passaportes para passar para o lado do aeroporto.
Nessa mini-cidade, construíram-se quarteirões intercalados por praças arborizadas, restaurante, supermercado, cafés e o que foi durante muito tempo o maior cinema do dos Açores – com dupla função: também servia de salão de festas. Havia piscina, campos de jogos, igreja e agora a erva invade os espaços públicos, muitos edifícios estão abandonados ou em avançado estado de degradação – excepção para algumas casas que se vêem renovadas. Com a evolução da aeronáutica, o aumento da autonomia dos aviões, Santa Maria tornou-se irrelevante como ponto de escala – embora ainda tenha visto a aterragem do Concorde, em 1977, em trajecto entre Paris e Caracas.
Por estes dias, o papel de santa Maria na aviação internacional mudou mas mantém importância uma vez que no aeroporto se encontra instalado o centro de controlo aéreo do Atlântico responsável pela FIR (Flight Information Region) Oceânica de Santa Maria, que abrange uma vasta área do Atlântico Norte.
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