Bananeiras de jardim, costelas de Adão, árvores de fogo, chamas da floresta, araucárias, canforeiras, lágrimas de amor, palmeiras elegantes, estrelícias, maçarocos, aloés, cásias, abélias.
Houve tempos em que todas estas árvores e flores de nomes que parecem saídos de um conto fantástico estavam em propriedades privadas, longe dos olhos da maioria dos visitantes da Madeira. Hoje pelo menos dois destes jardins podem-se visitar e estão integrados em dois dos mais bonitos hotéis do Funchal, ambos propriedade do grupo Leacock: a Quinta da Casa Branca e a Quinta Jardins do Lago.
Há todo um universo de histórias em torno das quintas da Madeira e visitar um destes hotéis entreabre uma porta pela qual podemos espreitar, tentando imaginar como viviam aqui as famílias portuguesas ou inglesas, muitas delas ligadas à história do vinho Madeira.
É o caso da Quinta dos Jardins do Lago, a antiga Quinta da Achada, propriedade com perto de 14 mil metros quadrados de jardins, criada no século XVIII por uma das famílias ligada ao comércio do vinho. Um dos episódios mais marcantes da sua história deu-se no início do século XIX quando aqui viveu o general Beresford, comandante das tropas inglesas que ocuparam pela segunda vez a Madeira.
Do charme desta quinta faz parte uma enorme magnólia vinda dos Estados Unidos e que se ergue perto da varanda. Mas o geógrafo Raimundo Quintal, um dos maiores especialistas na flora da Madeira, refere também “a enorme e rara turpentine, oriunda da Austrália ou a monumental canforeira, indígena do Japão, China e Taiwan”. Infelizmente, um excepcional eucalipto que, diz-se, servia de referência aos barcos que entravam no Porto do Funchal, indicando-lhes o centro da baía, morreu.
Para quem não for hóspede do hotel, é possível visitar o jardim numa visita organizada com um guia turístico. Diz Raimundo Quintal que, embora o pico mais alto da floração seja na Primavera e no Verão, há “sete dezenas de espécies que florescem durante todo o ano, embora com oscilações na exuberância” e entre estas destaca quatro trepadeiras com nomes sugestivos: clerodendro-vermelho, sinos-de-catedral, tumbérgia-azul e sapatinho-de-judia.
Para uma experiência de um jantar clássico, vale a pena, depois do passeio no jardim, ir até ao restaurante da quinta, o The Beresford, onde, a par de pratos de cozinha internacional, encontram-se alguns que tiram partido não só da horta que ali existe como de outros produtos madeirenses – como o espada com lentilhas, abacate e toranja que ali comemos.
Experiência diferente mas igualmente a não perder é uma estadia na Quinta da Casa Branca, projecto do arquitecto João Favila Menezes, que construiu um longo braço de quartos totalmente integrados na paisagem desta propriedade que nasce no século XIX pelas mãos de uma família inglesa que aqui decide plantar vinha e bananeiras.
O hotel foi inaugurado em 1998 e ampliado em 2002 e acaba agora de ganhar um “irmão” bem mais clássico: a Casa Mãe, até há pouco tempo habitada pela família proprietária, foi adaptada, passando a ter seis suites, todas diferentes, e uma elegantes sala de jantar com um terraço exterior do qual se podem ver os jardins e a plantação de bananeiras, um paraíso botânico que se estende por 27 mil metros quadrados.
Comentários