O suplemento diário que o PÚBLICO dedicou aos cem anos da I Guerra Mundial chega hoje ao fim. Foram, ao todo, 42 edições que envolveram o trabalho de jornalistas, investigadores, arquivistas e até de alguns leitores que decidiram partilhar connosco as suas memórias de família. Publicaram-se reportagens, biografias, ensaios, entrevistas e fotografias, em alguns casos originais, que tiveram como denominador comum a procura de explicações para o que aconteceu num país à época dividido pela questão do regime, pobre, instável e impreparado para o desafio de participar num dos mais terríveis conflitos da História mundial. Entre o esforço de divulgação dos factos já consolidados e a procura de novas abordagens capazes de esclarecer faces mais obscuras da guerra, o trabalho que concluímos hoje resulta da necessidade de inscrever na actualidade a memória de um tempo crucial para a definição do que foi Portugal durante o século XX – e o que, em certa medida, é hoje.
Ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos e nos países europeus que entraram na guerra na condição de beligerantes, a efeméride em Portugal passou razoavelmente despercebida. As dificuldades que o país vive explicam em boa parte esse alheamento, como se em causa estivesse uma hierarquia de prioridades. Mas o conhecimento e a reflexão do que Portugal viveu nesses anos terríveis podem-se inscrever numa categoria de importância que vai além da preservação da memória; devem igualmente ser analisados como o elo remoto de uma cadeia de acontecimentos que determinam o que somos e os ciclos que vivemos. O esforço que o PÚBLICO dedicou aos cem anos da que ficou conhecida como a Grande Guerra enquadra-se por isso na sua missão de procurar, no presente ou no passado, as marcas e memórias de um país que, para o ser, deve ter de si uma visão abrangente que vá para lá do quotidiano.
A Direcção Editorial do PÚBLICO quer agradecer aos seus leitores pelo interesse que manifestaram por esta iniciativa e aos seus autores, jornalistas ou membros da comunidade científica. Este suplemento deve-se em boa parte à sua dedicação. Queremos em particular agradecer a Miguel Bandeira Jerónimo, coordenador científico do suplemento, à equipa do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, ao Arquivo Municipal de Lisboa, ao Centro Português de Fotografia, ao Arquivo Histórico Militar, à Liga dos Combatentes e à Fundação Calouste Gulbenkian pelo seu apoio decisivo ao sucesso desta iniciativa.
A Direcção Editorial
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