Diz o dicionário que “confiança” é um “sentimento positivo que se tem em relação a alguém em quem se confia”.
Pode ser a mãe que ampara a criança ao ensaiar os primeiros passos. Pode ser o pai que a segura no baloiço para que não voe já. Pode ser o irmão que equilibra a bicicleta até que possa partir sozinha. Ou alguém amigo que a espera com um abraço ao fundo do escorrega.
Mesmo quando não nos apercebemos dele, o sentimento de “confiança” acompanha-nos sempre. Se o sentimos em relação a nós próprios (autoconfiança), dá-nos segurança . E aí o dicionário fala em ânimo e optimismo . Por isso arriscamos, jogamos e às vezes vencemos. “Encarar o futuro com confiança”, sugere o dicionário.
Noutro contexto, o da amizade, o exemplo é: “Tinha uma confiança cega no amigo.” O mesmo no amor, enquanto corre bem. Ou no trabalho conjunto, como quando uma bailarina se lança num voo arriscado certa de que o seu par não a deixará cair.
Todos em muitos momentos precisamos de sentir que “vai ficar tudo bem”.
Há ainda a confiança quotidiana nos controlos formais da sociedade. Acreditamos que quando o semáforo está verde para nós, estará vermelho para os outros – e avançamos. Também seguimos em frente se a cancela da passagem de nível estiver aberta, na certeza de que o comboio não vem lá.
E haverá quem duvide do avanço do relógio e da passagem do tempo? Acreditamos nas horas que aquele marca e na data que o calendário assinala. Estamos continuamente convictos de que o amanhã virá.
“ Fé e crença também são sinónimos de “confiança”. Seja em Deus, nos astros, na natureza, na ciência ou nos homens. Há pelo menos uma que nunca nos engana. Se plantarmos um pé de laranjeira, é garantido que nos dará laranjas mais adiante. E não outro fruto qualquer.
Quando a confiança se quebra, é difícil recuperá-la. Seja em relação a pessoas (traição) , a instituições (desconfiança) ou marcas (desilusão) .
Até às recentes e conhecidas fraudes bancárias, tendíamos a acreditar que os dígitos que víamos nos extractos das nossas contas correspondiam a dinheiro que poderíamos usar se precisássemos. Mas os bancos perderam crédito…
Também as marcas de automóveis que falsearam dados de emissões poluentes desiludiram os consumidores que nelas confiavam. Uma apresentou mesmo pedidos de desculpas públicos, assumindo que tinha “traído a confiança dos clientes”.
Se pensarmos na justiça e nos tribunais, a desconfiança também vai ganhando pontos. Ou nos médicos, quando ficamos a pensar se a prescrição é a melhor para nós ou tão-só a que lhe garante uma viagem paga pelo laboratório farmacêutico.
O mesmo para a comunicação social, em que o leitor provavelmente já acreditou mais. No desejo de contrariar esse seu sentimento, continuaremos a escolher as melhores palavras e imagens para lhe fazer chegar a verdade. Pode confiar.
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