A Grande Guerra já se aproximava do fim quando, a 6 de Setembro de 1918, Dimas José Rosado enviou ao irmão, Leandro José Rosado, soldado condutor do Corpo Expedicionário Português, uma fotografia de corpo inteiro. Com uns bigodes de fazer inveja, relógio preso com a corrente no colete e a mão a repousar sobre uma cadeira em que está pousado um vaso, Dimas chegava assim às mãos do irmão, com um recado escrito no verso: “Offreço [Ofereço] ao meu mano Leandro esta minha futugrafia [fotografia] como prova de recordação e da amizade. Dimas José Rosado.” A letra, redonda e floreada, deixava ainda espaço para identificar o local onde Leandro receberia a imagem: “Front em Vermelles 6 de Setembro de 1918. França”.
Os dois irmãos eram filhos de Domingos Rosado e Violante Jesus e nasceram na Gafanhoeira, Arraiolos, distrito de Évora. Leandro foi recrutado a 29 de Julho de 1915, quando o pai já tinha morrido, e era, na altura, solteiro. Integrado no contingente do distrito de Évora, concluiu a recruta a 4 de Junho de 1916, passando a fazer parte do quadro permanente.
Vinte dias depois passou no exame do curso de instrução elementar, tendo dado provas de que sabia ler, escrever e contar.
Sem estas capacidades, Leandro não poderia ter sido o soldado condutor n.º 425, mas talvez tivesse partido para França com outras funções. Assim, foi mesmo como soldado condutor que o alentejano integrou o C.E.P., conforme contou o seu sobrinho-bisneto, Paulo Rosado, à investigadora Margarida Portela, do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Leandro Rosado embarcou para França a 20 de Abril de 1917, como membro do 4.º Grupo de Bateria de Artilharia (4.º G.B.A.) e a 1 de Novembro desse ano concluiu a formação na Escola de Morteiros e Metralhadoras. Pela documentação que recolheu, o sobrinho-bisneto de Leandra acredita que esteve em Vermelles (como está escrito na fotografia que Dimas enviou para França), mas que participou também em operações de guerra desde La Bassée até à ocupação do Escalda, no sector de La Tournai (Bélgica).
Louvado pelo “zelo, dedicação e coragem” durante o serviço, o alentejano regressou a Portugal a 19 de Maio de 1919, passando à reserva. Só iria receber a baixa definitiva do serviço a 31 de Dezembro de 1944, já um outro conflito de proporções catastróficas, a II Guerra Mundial, se aproximava do fim.
Do que recolheu da história familiar, Paulo Rosado diz que o tio-bisavô terá casado com Rosa Guedelha, mas que o casal nunca teve filhos. A família acredita que Leandro poderá ter estado sujeito aos efeitos de gases, como o gás mostarda, usados durante a Grande Guerra, associando os problemas respiratórios de que ele padecia a essa situação.
Do relato de Paulo Rosado não consta a data de nascimento nem da morte do soldado condutor alentejano.
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