Há um branco na página que nos permite planear o Interrail. É a Grécia. “Por causa de cortes orçamentais, a Grécia cortou os comboios internacionais”, explica o site. Tentamos contactar a companhia, mas não conseguimos falar com ninguém que explique esta medida. Apenas sabemos isto: não há ligações ferroviárias. Nem para a Bulgária, nem para a Turquia, nada.
Mas a companhia ferroviária disponibiliza autocarros.
Então, dividimos a viagem: Atenas-Salónica, ainda num comboio grego, Salónica-Sófia, um autocarro.
O comboio para Salónica parte devagar da estação Larissa em Atenas, a estação de onde saem os comboios para norte (dizem-nos que é apenas este que vamos apanhar).
Poderia ser uma viagem agradável, mas não se consegue ver quase nada porque as carruagens estão cobertas com uma enorme publicidade. Tendo em conta que o comboio passa por uns desfiladeiros vertiginosos, talvez seja melhor assim. Distraímo-nos com o grego que revira o komboloi (pequeno colar de contas) ou a mulher mais velha que vai tirando todo o tipo de comida adaptável a viagens (especialmente as tartes e folhados) do saco para o lanche.
Em Salónica, trocamos de meio de transporte. Temos sorte, diz-nos a rapariga da bilheteira do autocarro da empresa dos comboios. “Toda a gente foi ontem, hoje o autocarro vai vazio.” Tem razão: vamos nós e uma russa. Ainda tentamos comunicar, mas não há línguas em comum. Apenas o suficiente para ela dizer que é russa, e nós portuguesas. Ficamos assim.
O autocarro deixa a Grécia e a única paragem é feita mesmo antes da fronteira – passaportes vistos e revistos pela polícia (mesmo o português), um café e casas e de banho (normal nestes sítios de paragem) e ainda uma estranha loja-outlet onde ao lado de roupa da Puma ou Adidas se encontram produtos de Creta (pasta de azeitonas, tomate) e recordações da Grécia (há Apolos ou Dionísios a 5 euros).
Segue-se a Bulgária. Da janela do autocarro: prados verdes, campos cor de palha. Tractores, rebanhos. Montanhas cheias de árvores, montanhas com neve atrás. Chegámos a Sófia, apesar da crise.
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