A campainha diz Horvath-Azevedo. Entra-se e em poucos minutos já se ouviu falar húngaro, português e inglês. Reka e João são uma família europeia, e não é por viverem em Bruxelas. Ela é húngara, ele português, conheceram-se em Espanha, viveram várias “mini-vidas”, de Barcelona para Londres, Lisboa, Paris, e agora Bruxelas.
Reka e João falam sobretudo inglês entre si. Com os filhos, Daniel e Katarina, cada um fala a sua língua. Quando conversam à frente dos miúdos, é em português. Já Daniel, de dez anos, e Katarina, de sete, falam francês um com o outro. Confuso? Nem tanto. Para os pais, às vezes pode ser cansativo. Para os filhos, o máximo que acontece é por vezes não se lembrarem de uma palavra numa das línguas.
Ambos os filhos começaram a falar um pouco mais tarde, mas quando começaram, foi logo nas duas línguas. Com particularidades: a primeira vez que Daniel disse pai foi em húngaro, e mãe foi em português. Trocado, porque era o modo como cada um dos pais se referia ao outro.
E a sua primeira palavra foi “en guarde” (“como se diz na esgrima”, acrescenta João). Porque era dita da mesma maneira nas várias línguas, contam os pais.
Os filhos falam perfeitamente e percebem húngaro, português e francês – agora está a juntar-se holandês (é obrigatório na escola na Bélgica) e inglês. Os pais, pelo seu lado, confessam dificuldades: Reka com o francês e João com o húngaro.
Depois de tantas mudanças ditadas pelo trabalho – actualmente os dois economistas trabalham na Comissão Europeia – já prometeram que se voltarem a mudar será para um sítio onde já tenham vivido. Os filhos têm nomes preparados para serem reconhecidos em húngaro e português, e dupla nacionalidade.
“Obviamente, pela amostra, somos muito europeus”, resume João. “Pela escolha de vida, e também pela escolha de trabalho.”
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