Uma miúda de 12 anos está fixada num livro. Quando se consegue perceber, vê-se a capa: Anarchy in Comics. Estamos num café em Hackney, zona de fama de problemas sociais mas entretanto não só habitável como desejável, com um modelo diferente: apregoa não ter fins lucrativos e é gerido por uma cooperativa de trabalhadores que quer promover um modo de vida: vegan, produtos biológicos, e cultivados perto.

Antes, era aqui o café Pogo, local de discussão política (vários espaços têm aparecido e desaparecido em Londres, como o Cuts Café, um café ocupado para chamar a atenção para o problema da habitação durou uns meses). Foi política que procurámos no Black Cat Cafe, mas não encontrámos. O pai da miúda que lê o livro sobre anarquia apressa-se a tirar quaisquer ilusões: “Politics? No! It’s politricks!”, ri-se, olhando por cima de uns óculos escuros. Não vota, nem quer saber. (Nem quer ser identificado, só quer falar de comida vegan).

Sentada perto com uma amiga, Ann, 28 anos, também diz logo que não liga muito a política. Mas ao falar do tema Europa diz logo que acha que o Reino Unido tem beneficiado com a integração europeia, apesar de notar que “com a recessão tem aumentado o eurocepticismo”. Irá votar nas europeias? Franze um pouco o nariz fazendo mexer os óculos de massa. “Ainda não pensei nisso… talvez. Costumo votar, por isso sim, talvez”, diz, sem grande convicção.