Já se fala de europeias na Grécia. O Syriza – coligação de esquerda radical – está a fazer uma sessão de esclarecimento no Krikos, um café-cooperativa em Petralona.
“O que é mais importante é acabar com o memorando [de entendimento com a troika] que é um desastre para o país”, diz Yorgos Kiritsis, da rádio Kokkino (“vermelho”), um dos intervenientes. “A dívida é outra questão. Mas também é do interesse dos credores ter crescimento”, diz.
“O mais importante não é a dívida”, completa Nikos Xydakis, do jornal Kathimerini: “é se há escolas, hospitais, se as pessoas podem comer.”
As pessoas na assistência não ficam satisfeitas com a apresentação. Querem saber mais e mais: “Não nos estamos a arriscar a ficar fora da Europa?” (resposta: “não podemos ter um falso dilema que ou seremos o último criado de Merkel ou ficaremos como a Síria”). Ou: “Mas o que pretende exactamente o partido com as negociações com a troika?” (“A ideia não é rejeitar o memorando, é negociar. Mas se eu fosse Alexis Tsipras [o líder do Syriza] e tivesse um plano B, também não o ira dizer”). Pergunta-resposta-pergunta-resposta até que um homem mais velho, com um ar entre o marinheiro e Karl Marx, e que certamente bebeu mais cerveja do que todas as outras pessoas no bar, diz: “Voto na esquerda há 70 anos. Os jovens esperam a revolução!”
Depois da sessão terminar, Yorgos Kiritsis ainda tem uns minutos para falar com um jornal português: “Acreditamos na solidariedade europeia, e também que vamos ganhar as eleições”, diz. A sua mensagem para os portugueses? “O que acontecer aqui, vai acontecer seis meses depois em Portugal. Vejam, e preparem-se.”
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