A França passou os últimos dias em choque com os bons resultados da Frente Nacional nas eleições de domingo passado, e a acompanhar as negociações para a segunda volta: acordos com a Frente Nacional, frentes unidas contra a Frente Nacional.
Em Marselha, a UMP (União para um Movimento Popular, na oposição a nível nacional) ficou em primeiro, logo seguida da Frente Nacional. Negociou com o Partido Socialista, em terceiro, uma lista. Hoje, dois grupos, um da Frente Nacional e outro da UMP, fazem campanha na praça 4 de Septembre.
“Francamente percebo por que as pessoas votam na Frente Nacional”, diz Caroline, que trabalha no Ministério da Justiça, depois de receber um panfleto. “Os políticos são todos parecidos, não há um que se comporte de modo honesto”, queixa-se. E a Frente Nacional? “Acho que é preciso fazer tudo para evitar os extremismos”, diz. “E a Frente Nacional é um partido extremista, racista… é perigoso.”
Marvin Mittaine, um chef de cozinha de 29 anos, que se apresenta como sendo “da nova geração da Frente Nacional” (de facto a maioria dos elementos do partido são mais velhos), não concorda. “Pensam que somos racistas, mas não somos. A minha mulher é russa”, diz. Está a fazer campanha porque “a Frente Nacional é o único partido que diz a verdade”. Por exemplo, em relação à União Europeia. “Deve-se fazer um referendo para que seja o povo a decidir” se a França se mantém na UE.
Fala-se muito de política local nesta acção de campanha, mas o segundo tema é a Europa. Uma eleitora interpela Dominique Demeester, físico compacto de muitos anos como gendarme num fato quadrado, cabeça de lista do primeiro sector da cidade. “Concordo que todos os partidos são parecidos, mas a verdade é que quando chegam lá não podem fazer nada por causa da União Europeia – mesmo com a Marine le Pen seria a mesma coisa”, diz uma cidadã interessada nas ideias da FN. “Quem quer que seja, seria manietado pela Europa”, diz. Mas Demeester tem resposta pronta: “Todos os peritos dizem que daqui a dois anos não vai haver já euro, a União Europeia vai-se desintegrar. Não precisa de se preocupar.”
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