O sonho de Christiana, 23 anos, era ir para Espanha. “Ou Portugal, um país quente!”, diz. Aprendeu espanhol, mas agora com a crise nem pensa mais nisso. “É um sonho.” Mas quer ir para fora. “Muitas pessoas neste país não têm sonhos por causa da economia”.
Ela, não. Trabalha na cadeia de comida Nordsee e estuda – vai fazer agora o último exame do curso de economia, depois pensa em Holanda ou Inglaterra. “Estou muito desapontada com o meu país. Está a tornar-se pobre por causa da política.”
O desapontamento dos amigos, Mitko e Pettya, é igual. Mas estes não consideram sair da Bulgária. “Quero viver aqui.” Apesar de estudarem num curso, de arqueologia, em que, reconhecem, não terão emprego fácil. Mas hoje já chega de conversa séria. Depois de um longo dia de aulas, a palavra de ordem é relaxar.
Debaixo dos olhares dos soldados soviéticos, que ainda têm vestígios de tinta de protestos (já foram pintados de Superhomem e Capitão América, ou adornados com passa montanhas a la Pussy Riot), é o que fazem muitos jovens, garrafa de cerveja na mão, a andar de skate ou a jogar pingue-pongue.
Já de saída do parque, Nicoleta Georgieva e Viktoria Staykova são duas amigas com percursos também muito diferentes. Com um mestrado em Engenharia civil, Nicoleta, 24 anos, tem emprego quase certo, e Viktoria, de 24 anos, tentará fazer a vida de desenhar capas de livros, a sua paixão.
Ambas gostariam de passar um tempo no estrangeiro – “Gostei tanto de Lisboa... Ginginha!”, diz Nicoleta – mas querem viver na Bulgária. Nicoleta ri-se com a ideia feita de que os búlgaros poderiam invadir o mercado de trabalho de países como Inglaterra: “Por favor, somos só sete milhões!”, ri-se. “Nem que quiséssemos, não iríamos invadir nada.”
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