A crise na Grécia? Passando pelo bairro de Plaka, perto da Acrópole, pode nem se dar por ela. As esplanadas estão cheias, a Primavera chegou, há música nas ruas.
Mas basta falar com pessoas para ouvir alguns sinais.
Ariadne, professora: "Temos sorte porque temos emprego. Mas o meu marido teve salários em atraso durante mais de seis meses, e eu agora ganho mil euros. Temos seis filhos. Não é fácil. Há casos dramáticos: os vizinhos de baixo têm 500 euros de pensão e a renda da casa são 500 euros. Quando faço comida, faço para eles também."
Ou Maria, cantora e funcionária de um museu: "Gosto muito do que faço e tenho imensa sorte de poder fazê-lo neste clima de crise. Mas trabalho em part time por isso não tenho seguro de saúde [na Grécia os desempregados ou pessoas que não descontem o suficiente não têm acesso ao serviço nacional de saúde]."
Ou Eliana, que trabalha em restauração na Acrópole: "Parte do trabalho está parada porque não há dinheiro. Apesar de tudo agora está melhor, já recomeçou em algumas partes."
E depois há pormenores. Ver pessoas a procurar no lixo é comum. O que se tornou novo em Atenas é que as pessoas passaram a não deitar comida fora directamente no lixo. Deixam-na em sacos de plástico pendurados na tampa dos contentores. Muitas vezes são sacos com pão. Desta vez, era um frango.
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