Os resultados eleitorais souberam-se há pouco mas nas ruas de Budapeste isso não se nota.
A participação foi de pouco mais de 60%, o Governo do controverso Viktor Órban reeleito, e o partido de extrema-direita Jobbik conseguiu 25%.
Na confusão de turistas e húngaros que se junta na praça Vörösmarty está um mercado com bancas de produtos típicos - laranjas secas com canela para perfumar a casa, louça com gatos, t-shirts com “motivos tradicionais húngaros e não só”, bancas de comida de onde sai um cheiro forte a carne de porco de frigideiras gigantes, ou pães redondos com molhos fumegantes dentros, tudo acompanhado por cerveja e na esplanada, basta estar um pouco menos frio e é Primavera. No meio de tudo isto, tirando um ou outro cartaz, ninguém diria que o dia era de escolha.
Mas na sua banca de T-shirts, Peter (prefere não dizer o apelido) já sabe quem ganhou. “Foi o actual Governo”, diz num inglês hesitante. Conseguimos perceber vários pontos da sua vida: tem 33 anos, a mulher está à espera do primeiro filho, e como estão ambos sem emprego por causa da crise, estão a lançar as T-shirts estampadas Indigo como alternativa. Falamos da marca portuguesa de T-shirts Cão Azul, Peter abana a cabeça em reconhecimento mas descrença: “não são espanhóis?”. Ficamos sem perceber se estamos a falar da mesma coisa. E para falar de política torna-se tudo ainda mais complicado.
Com o seu casaco verde tropa e banca cheia de estampados de desenhos cuidados, um tradicional adaptado, quase hipster, não estamos à espera do que aí vem.
Atiramos com o tema das medidas antidemocráticas, das dificuldades com a União Europeia do Governo Órban. Ele abana a cabeça. “Não acho isso”. Faz uma pausa, e justifica-se: “O meu inglês não é suficiente para explicar, sei que algumas pessoas falam nisso, eu não penso assim. Acho que o Governo foi bom e votei neles, no Fidesz”, diz. Mais já é difícil perceber.
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