A formalidade e a criatividade, a seriedade e o humor, o conservadorismo e a modernidade. A conversa com Patrícia Infante da Câmara e Nuno Almeida, dois portugueses em Budapeste anda à volta destes temas.
Da sinagoga imponente ao ruin bar, onde tudo vem do lixo e está sempre a mudar (“Oh, a banheira já não está cá… Mas o frigorífico é novo”, comenta ela), acompanhamos o que foram aprendendo Patrícia, leitora e directora do Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões em Budapeste, e Nuno, técnico multimédia e assistente cultural do centro, neste ano e meio na capital húngara.
Por exemplo, a União Europeia: “Os húngaros queriam muito entrar na União Europeia, mas há um sentimento de dualidade. Querem um mundo maior, mas têm muito medo que esse mundo os engula”, diz Patrícia. “Quando entraram tinham uma mentalidade progressista, agora voltaram um pouco atrás – a união de facto já não tem valor, também recuaram no casamento homossexual”, lembra Nuno.
Há coisas em que se nota o passado que não é afinal ainda tão distante, por exemplo no ensino. Os alunos, diz Patrícia, estão mais habituados a um estilo em que o professor não é questionado.
Patrícia comenta ainda que no ensino, há leis para incentivar as pessoas a ficar no país apesar dos salários baixos e de poucas perspectivas económicas, como quem tem bolsa para estudar tem depois de ficar o dobro do tempo no país. Mas muitas vezes as pessoas não encontram emprego e não podem emigrar por causa disto. O Estado apoia ainda muito a natalidade com políticas de licença de parto de mulheres de dois anos e grandes incentivos para casais com mais de dois filhos. “É muito comum ver um casal com uma escadinha de três filhos”, diz Patrícia.
Apesar da criatividade que parece irreverência em Budapeste (nota-se nem que seja nos bares), os húngaros são muito dados à formalidade, diz Patrícia. “O tratamento é sempre por você, é sempre a pessoa mais velha a propor um tratamento por tu, e quando o faz, até dá direito a um brinde”, conta.
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